Anúncios Fraudulentos Crescem no Facebook, Instagram e WhatsApp: Estudo da UFRJ Aponta Fragilidades na Moderação da Meta

Foto: Ilustrativa/Pixabay.

*Com Agências e UFRJ(Consultado)

O Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgou um estudo alarmante sobre a proliferação de anúncios fraudulentos nas plataformas da Meta, incluindo Facebook, Instagram e WhatsApp. O relatório mostra como golpistas estão explorando fragilidades no sistema de publicidade para enganar usuários, especialmente em momentos de alta circulação de desinformação.

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A pesquisa foi realizada entre 10 e 21 de janeiro de 2025, coincidindo com a polêmica em torno da Instrução Normativa 2.219/2024 da Receita Federal, que levou à disseminação de fake news sobre uma suposta taxação do Pix. O estudo revelou que, após a revogação da norma pelo governo no dia 15 de janeiro, os anúncios maliciosos cresceram 35% nas plataformas da Meta, sugerindo que a decisão de recuar não freou a desinformação.

Como os Golpes São Aplicados?

Os golpistas exploram temas de alta relevância social, como benefícios governamentais e supostas taxas sobre transações financeiras, para atrair vítimas. Entre os 1.770 anúncios fraudulentos identificados, os pesquisadores mapearam 87 sites maliciosos para os quais os usuários eram redirecionados.

Em 40,5% dos casos, os anúncios se passavam por páginas oficiais do governo federal, promovendo programas falsos ou distorcendo benefícios reais. Algumas das fraudes detectadas incluem:

O estudo aponta que a falta de verificação rigorosa dos anunciantes pela Meta facilita a aprovação desses conteúdos fraudulentos, expondo milhões de usuários a golpes.

Uso de Inteligência Artificial para Fraudes

Um dos aspectos mais preocupantes do relatório é o uso de inteligência artificial (IA) para enganar os usuários. Mais de 70% dos anúncios fraudulentos (1.244 casos) continham elementos gerados por IA, incluindo deepfakes (vídeos manipulados digitalmente para parecerem autênticos).

Um dos principais alvos foi o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que teve sua imagem adulterada em 561 anúncios, principalmente após a revogação da norma. Um desses vídeos usava um post real do parlamentar, mas manipulava a fala final, fazendo parecer que ele anunciava um novo programa de reembolso de gastos no cartão de crédito.

Outras figuras públicas que tiveram suas imagens exploradas incluem:

O uso de deepfakes e IA amplia o potencial de manipulação e engano, dificultando a distinção entre conteúdos legítimos e fraudulentos.

O Papel da Meta e a Falta de Moderação

Em resposta à pesquisa, a Meta afirmou que não permite anúncios fraudulentos em suas plataformas e que está aprimorando suas tecnologias de detecção. A empresa também incentiva denúncias de usuários caso encontrem conteúdos suspeitos.

No entanto, o NetLab critica a falta de transparência e controle da empresa sobre os anúncios. O estudo mostra que os golpistas utilizam as ferramentas de segmentação da Meta para direcionar as fraudes a públicos vulneráveis, incluindo pessoas em busca de benefícios sociais e oportunidades de ascensão financeira.

Além disso, mudanças recentes na moderação do Facebook e Instagram, anunciadas por Mark Zuckerberg, levantam dúvidas sobre o futuro da checagem de fatos e remoção de conteúdos enganosos. O relatório alerta que a falta de regras claras sobre anúncios pode tornar as redes da Meta ainda mais propícias a fraudes.

Fraudes no Brasil: Um Problema Bilionário

O Brasil sofre anualmente com fraudes financeiras, especialmente golpes envolvendo Pix e boletos bancários. Segundo um levantamento do Instituto Datafolha, essas práticas geram um prejuízo de R$ 25,5 bilhões por ano aos consumidores.

Um outro estudo da empresa Silverguard, que analisou casos denunciados na plataforma SOS Golpe, revelou que:

Isso mostra como as redes sociais da Meta são o principal meio para aplicação de golpes financeiros no Brasil, reforçando a necessidade de uma moderação mais rigorosa.

O Que Pode Ser Feito?

O estudo do NetLab conclui que as plataformas da Meta precisam de mudanças urgentes para evitar que anúncios fraudulentos continuem se proliferando. Algumas das recomendações incluem:

A crescente sofisticação dos golpes digitais, aliada à falha na moderação da Meta, expõe milhões de brasileiros a fraudes diárias. Sem medidas concretas para barrar esses anúncios, as plataformas continuarão sendo um terreno fértil para criminosos explorarem a confiança dos usuários.

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