Marceneiro aposentado, Orlindo Rodrigues de Oliveira, 71, de Tapejara, ganhou como presente no último Natal um pedaço do seu passado: o fusca vermelho ano 1975 que foi vendido por ele em 1983. O presente foi dado por uma das filhas que há 21 anos vive em Danbury, Connecticut (EUA), e pelo genro.
A filha Gabi Oli diz não se lembrar do tempo em que o carro pertencia ao pai, que o comprou em 1977, mas relata que sempre ouvia seu Orlindo dizer que um dia gostaria de ter o veículo de volta.
“Sempre escutei as histórias sobre o Fusca vermelho do pai, então, pra mim sempre fez parte. Quando ele vendeu, fez o senhor que comprou prometer que se fosse vender era para dar oportunidade de ele comprar de volta. Mas o senhor nunca vendeu”, contou Gabi.
Ela conta que o pai vendeu o carro em Agrolândia, cidade em Santa Catarina onde a família morava, quando decidiu mudar-se para Tapejara, no Rio Grande do Sul, e investir em uma marcenaria. Orlindo foi um dos primeiros a fabricar móveis sob medida na cidade, ainda no início dos anos de 1980.
Por todos esses anos, o carro continuou em Agrolândia com o mesmo dono. Em 2019, quando seu Orlindo completou 70 anos, o marido de Gabi, Edi Paulo da Silva, teve a ideia de presentear o sogro com o Fusca, mas esbarrou na resistência do proprietário em vendê-lo. “Fizemos várias ofertas mas ele não aceitou”.
A oportunidade de comprar o carro veio, infelizmente, com a morte do proprietário do Fusca, vítima da Covid-19. “As filhas, que sabiam que tínhamos interesse, nos procuraram e conseguimos fechar o negócio no começo de junho”, contou Gabi.
Com 45 anos, o fusca era um carro velho e precisou passar por uma boa restauração, priorizando sempre peças originais. Todos os passos da reforma estão registrados em um álbum de fotografias que agora faz parte do carro.
No dia de Natal, seu Orlindo viu materializar-se diante dos olhos o sonho que cultivou por quase quatro décadas graças aos esforços e a determinação da filha, do genro e do sobrinho que acompanhou a reforma.
Ao ser surpreendido com a visão da antiga paixão automobilística virando a esquina da sua casa, o ex-marceneiro não resistiu e foi às lagrimas. “Eu nunca esperava que isso pudesse acontecer”, disse seu Orlindo. “E para completar, foi a primeira vez em 22 anos que toda a minha família se reuniu e, ainda ganhar o Fusca de volta, não tem como descrever essa emoção”, completou ele.