Conheça as frentes no combate à violência contra a mulher

Conheça as frentes no combate à violência contra a mulher

Foto: Agência Brasília

No dia 12 de julho, câmeras de segurança de uma loja de acessórios para celulares, localizada em um shopping de Maringá, registraram a ação de um ladrão que abusou sexualmente de duas funcionárias. De acordo com informações, o suspeito entrou na loja dizendo que precisava consertar o celular, quando as funcionárias foram atendê-lo ele retirou uma faca da bolsa e anunciou o assalto. Ele também roubou cinco celulares da loja, fugindo de bicicleta após uma das vítimas alertar que ele estava sendo filmado.

O suspeito é um adolescente de 17 anos que foi apreendido em um ônibus próximo a Assis, em São Paulo, quando tentava retornar à Bahia, uma ação conjunta entre Polícia Civil e Polícia Militar.

Esse caso causou indignação e revolta entre muitas maringaenses e também um alerta: as mulheres diariamente são alvos de abusos, assédios e violência por parte de desconhecidos, parceiros ou ex-parceiros.

 

Defesa pessoal

A cantora Nerilza Paredes conta que saiu de casa muito cedo para morar sozinha e trabalhar. “Certa vez fui assaltada quando tinha 20 anos. Um rapaz de bicicleta me abordou e eu trêmula dei R$10 para ele e comecei a gritar. Ele fugiu acelerado e algumas pessoas que passavam pelo local me socorreram. Foi assustador”, relembra Nerilza. Ela está há oito anos em Maringá e há sete meses iniciou o curso de defesa pessoal na Escola de Jiu-jitsu Helder Palma. Para ela o curso vai além da questão da defesa pessoal, pois também é motivacional, contribuindo para o aumento da autoestima.

Para a monitora de jiu-jitsu Carla Kisvardai, que é sócia proprietária da Escola de jiu-jitsu Helder Palma, a defesa pessoal é muito importante para o preparo físico e mental das mulheres. “Não fazemos o treino pensando em ser uma vítima, mas não sabemos quando seremos. O importante é sabermos nos desvencilhar de um ataque e até mesmo atacar um bandido ou agressor com um golpe imobilizador, para dar tempo de pedir socorro ou fugir”, disse Carla.

O jiu-jitsu é uma arte marcial utilizada para defesa pessoal que fisicamente deixa o corpo mais hábil, flexível e saudável em todos os aspectos, agindo diretamente no controle do estresse e melhorando a autoestima da mulher. Mas também existem outras lutas que são utilizadas em situação de perigo, que são: taekwondo, muay thai, kung fu e MMA.

Segundo Carla ainda há um tabu a ser quebrado: “Ainda existe preconceito por parte da sociedade, maridos ou namorados ciumentos, mães ou pais que acham que meninas não podem lutar. Ainda temos que mudar essa forma de pensar, mulher pode ser o que quiser e ocupar qualquer lugar em igualdade com os homens”, afirma. Ela informa também que cerca de 35% dos alunos da sua escola são mulheres na faixa etária de três a 65 anos e infelizmente algumas delas foram vítimas de agressões de ex-parceiros. E com a defesa pessoal agora elas não têm mais o medo que as assombravam.

 

Violência doméstica

De acordo com dados levantados pela sessão de Planejamento e Operações do 4° Batalhão de Polícia Militar de Maringá, referentes à violência doméstica no município, no ano de 2020, entre os meses de janeiro a junho, foram atendidos cerca de 1.060 casos e o índice deste ano para o mesmo período foi de 955 casos. Houve uma queda no número de atendimentos, porém muitas mulheres deixaram de denunciar por estarem em isolamento social, convivendo com os agressores durante a pandemia.

No ano de 2019, Michele de Souza Brito, moradora de Paiçandu, também foi uma vítima de violência doméstica. Na época ela estava com 32 anos e participava de uma confraternização com amigos na cidade de Paiçandu, quando foi agredida pelo namorado Whebher de Oliveira Simão, que foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por tentativa de feminicídio. Ele foi preso em dezembro de 2020. Segundo informações de Marilúcia de Souza Brito, mãe de Michele, ela continua acamada e fazendo fisioterapia na Associação Norte Paranaense de Reabilitação (ANPR). “Eu parei de trabalhar para cuidar dela e da minha neta de 15 anos que está com depressão. A Michele não fala e não reconhece ninguém. Não é nada fácil, mas sigo confiante na recuperação da minha filha”, disse Marilúcia.

 

O xis vermelho na mão

No dia 28 de julho o presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei Sinal Vermelho, que altera a Lei Maria da Penha para também criar a pena contra a violência psicológico, por meio de ameaças, constrangimento, chantagem e limitação do direito de ir e vir da mulher. A partir de agora os juízes poderão afastar imediatamente o agressor da convivência da vítima e a pena pode variar entre seis meses e dois anos de prisão.

Na prática o X Vermelho na mão já estava sendo utilizado há algum tempo e a lei possibilitará a parceria com estabelecimentos privados para ajudar vítimas de violência. Basta mostrar o símbolo na palma da mão com batom ou tinta de caneta para que o atendente entenda a denúncia e acione a polícia.

 

Rede de proteção à mulher em Maringá

O dia 22 de julho foi definido pelo Governo do Paraná como Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, em memória da advogada Tatiane Spitzner, que foi encontrada morta após cair do quarto andar do prédio em que morava na cidade de Guarapuava.

A secretária de Políticas Públicas para Mulheres da Prefeitura de Maringá, Terezinha Pereira, disse que a data corresponde à luta pelo fim da violência contra a mulher. “Maringá segue avançando em políticas para a proteção, ações de empoderamento, autonomia financeira e programas que garantem a dignidade da mulher”, ressalta.

A rede de proteção à mulher atua no combate à violência diariamente, realizando trabalhos no Centro de Referência de Atendimento à Mulher Maria Mariá (Crammm), Casa-Abrigo, Patrulha Maria da Penha da Secretaria de Segurança e Delegacia Especializada da Mulher. Cerca de 930 atendimentos jurídicos, de serviço social e com psicólogas foram registrados pelo Crammm no primeiro semestre de 2021 e aproximadamente 3.500 mulheres foram atendidas com medidas protetivas e afastamento do agressor, sendo que em alguns casos elas receberam o botão do pânico, que é acionado quando as vítimas se sentem ameaçadas por agressores que descumprem as medidas protetivas.

Telefones para denúncias:

153 – Patrulha Maria da Penha

190 – Polícia Militar

180 – Denúncia anônima

(44) 99128-7100 – CRAMMM

(44) 3220-2500 – Delegacia da Mulher

(44) 3293-8350 – Secretaria da Mulher

 

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