Documentário sobre Sergio Leone é exibido em festival no Brasil; filmografia do diretor está no streaming

“Sergio Leone - O italiano que inventou a América” faz parte da 10ª edição do 8½ Festa do Cinema Italiano; mas sem sessão em Maringá. Documentário é motivo perfeito para conferir os sete filmes leonianos disponíveis em plataformas de video-on-demand

O Maringá

Sergio Leone (Crédito: Divulgação)

Cineasta romano mais amado do mundo, Sergio Leone (1929-1989) tem a sua vida e obra contadas no documentário “Sergio Leone – O italiano que inventou a América” (2022, 107’), de Francesco Zippel, que finalmente chega ao Brasil. A produção está em exibição na 10ª edição do 8½ Festa do Cinema Italiano.

Mas, para tristeza dos maringaenses amantes do faroeste leoniano, as sessões estão longe da Cidade Canção – em 2022, Maringá e Londrina estiveram na rota. No Paraná, em 2023 apenas Curitiba faz parte do roteiro, com um único horário nesta terça-feira, 27 de junho, às 19h45, no Cine Passeio. Confira mais informações, AQUI.

Produzido pela Leone Film Group e Sky Studios Italia, o doc de Zippel reúne uma infinidade de depoimentos emblemáticos: Dario Argento, Darren Aronofsky, Jacques Audiard, Robert De Niro, Clint Eastwood, Martin Scorsese, Steven Spielberg, Quentin Tarantino, Jennifer Connelly e muitos outros.

Leone é conhecido como uma das figuras fundadoras do subgênero “western spaghetti” e autor do esplendoroso “Era Uma Vez no Oeste” (1968). “Sergio Leone – L’italiano che inventò l’America” (título original) é um documentário rico com preciosas imagens de arquivo da Cineteca di Bologna que testemunha o percurso de um homem que mudou a sétima arte para sempre.

Para quem não puder assistir agora à produção, fica a dica para conhecer a filmografia de Sergio Leone disponível em plataformas de streaming. Seis das opções têm acesso gratuito.

A seguir, confira:

Trilogia
Se você curte mesmo um bom filme de faroeste, não pode perder a chamada “Trilogia dos Dólares” dos anos de 1960, formada por um estilo que sedimentou o “western spaghetti”, ou seja, as produções italianas que tomaram de assalto o bangue-bangue para dar outra cara, revolucionando o gênero mais norte-americano de todos.

Leone imprimiu seu estilo com super closes, ritmo fabular e a famosa trilha sonora de Ennio Morricone (repleta de acordes dissonantes).

A trilogia está disponível com acesso gratuito na Netmovies (www.netmovies.com.br): “Por um punhado de dólares” (1964), “Por uns dólares a mais” (1965) e o clássico dos clássicos “Três homens em conflito” (1966). O ator Clint Eastwood é o grande cara dessa sequência, vivendo o Estranho Sem Nome.

Clint Eastwood é o Homem sem Medo na trilogia (Crédito: Divulgação)

Sinopses:
Por um punhado de dólares: um pistoleiro sem nome chega à San Miguel, uma cidade no México que faz fronteira com os Estados Unidos. O lugar está em guerra, dividido entre duas facções poderosas, os Baxters e os Rojos, e ambas querem o apoio do pistoleiro. Para ganhar dinheiro, ele aceita as duas propostas e passa a trabalhar para as gangues rivais.

Por uns dólares a mais: Monco é um astuto caçador de recompensas, que perambula pelas cidades do velho oeste americano em busca de um novo alvo. Ele o encontra quando vê o cartaz de procurado de Índio, um perigoso bandido que também está sendo procurado pelo coronel Douglas Mortimer, outro caçador de recompensas. Os dois partem no encalço de Índio, mas sem conseguir capturar o bandido nem eliminar o rival, eles precisam decidir entre unir forças ou serem eliminados pela gangue de Índio.

Três homens em conflito (ou “O Bom, o Mau e o Feio”): o inimitável Homem sem Nome se alia a dois pistoleiros para ir atrás de uma fortuna em ouro roubado. Mas o trabalho em equipe não é uma atividade comum aos fora-da-lei, e eles logo descobrem que seu maior desafio é ficarem vivos em um país devastado pela guerra.

Épico
Em “Era uma vez no Oeste” (1968), o cinema leoniano de western chega ao ápice, em termos de desenvolvimento da narrativa e linguagem. Os closes ficam ainda mais asfixiantes, o tempo distendido e a trilha impecável. Logo na abertura, um momento emblemático: sem uso de fundo musical, apenas os sons do ambiente dão conta da atmosfera, precedendo o pior.

Abertura de “Era uma vez no Oeste” é famosa no cinema (Crédito: Divulgação)

Henry Fonda, em seu primeiro papel como vilão no cinema, encarna um pistoleiro que não tem dó nem piedade, com olhos azuis intensos, mas que percebe a mudança dos ventos. E tem ainda Charles Bronson, Claudia Cardinale e Jason Robards em atuações memoráveis. É um longa-metragem também com acesso gratuito (www.netmovies.com.br).

Sinopse: em virtude das terras que possuía serem futuramente a rota da estrada de ferro, um pai e todos os filhos são brutalmente assassinados por um matador profissional. Entretanto, ninguém sabia que ele, viúvo há seis anos, tinha se casado com uma prostituta de Nova Orleans, que passa ser a dona do local e recebe a proteção de um hábil atirador, que tem contas a ajustar com o frio matador.

Vingança
“Quando Explode a Vingança” (1971) é o crepúsculo do faroeste leoniano, com tintas políticas e memória. Os atores Rod Steiger e James Coburn encabeçam o elenco, em atuações primorosas. Acesso gratuito (www.netmovies.com.br).

Sinopse: Juan Miranda é um camponês rude com coração de Robin Hood. Sean Mallory é um revolucionário irlandês que é especialista em dinamite e vive agora no México. Após um início complicado eles passam a atuar juntos e se envolvem em um ousado plano de fuga para libertar prisioneiros políticos e na defesa de seus compatriotas contra a milícia de um sádico oficial.

James Coburn e Rod Steiger em “Quando explode a vingança” (Crédito: Divulgação)

América
Tanto a Amazon Prime Video quanto a HBO Max têm à disposição de seus assinantes “Era uma vez na América” (1984), que é a versão de Sergio Leone para o filme de gângster, com judeus no lugar dos italianos. O elenco tem Robert De Niro e James Woods.

É um longa-metragem irregular, com alguns problemas de ritmo; mas, talvez por isso, seja uma obra-prima do cinema. Aliás, o final enigmático é o “sorriso da Monalisa” do diretor italiano.

Sinopse: nos anos de 1920, David Aaronson e Maximillian Bercouicz, dois amigos de ascendência judaica, crescem juntos cometendo pequenos crimes nas ruas do Lower East Side, Nova York. Gradualmente estes crimes assumem proporções maiores e a Máfia judaica passa a ter tanta força que os amigos do passado se tornam rivais. Esta saga percorre desde seus dias de infância, atravessa o apogeu durante a Lei Seca e retrata o reencontro deles após 35 anos.

Robert De Niro em filme de Leone (Crédito: Divulgação)

Colosso
A título de curiosidade, a estreia de Leone em voo solo está disponível na Netmovies: “O Colosso de Rodes” (1961). Antes desse longa-metragem, ele trabalhou durante anos como assistente de direção. Tem pouco do estilo leoniano que se se consagraria em seguida; porém, vale como registro histórico do artista em sua primeira assinatura como diretor.

Dizem que o italiano dirigiu “O Colosso de Rodes” a fim de arrecadar fundos para projetos mais pessoais.

Sinopse: no ano de 280 a.C., Darios, um herói militar grego, visita seu tio em Rodes. A cidade acabou de construir um enorme Colosso em homenagem a Apolo, para guardar o seu porto, e planeja uma aliança com a Fenícia para atacar a Grécia.

Último
Dono de uma cinematografia econômica (sete longas solo, no total), Sergio Leone morreu em 1989, aos 60 anos de idade, antes de iniciar seu último projeto. O filme se passaria na União Soviética invadida por nazistas, nos anos de 1940.

Mas antes, Leone dirigiu algumas cenas de “Meu nome é Ninguém” (1973), película de Tonino Valerii. É um longa-metragem de western, com pitadas de humor e “certo leonismo”. Tem Terence Hill e Henry Fonda à frente da história de um velho pistoleiro desafiado por um jovem atrevido a enfrentar os 150 homens do Wild Bunch.

Já “Trinity e seus companheiros” (1975) é codirigido por Damiano Damiani e Leone.

Leone revolucionou cinema de faroeste (Crédito: Divulgação)

Ennio
Para conhecer um pouco mais do cineasta romano, a pedida é outro documentário: “Ennio, o Maestro” (2021), de Giuseppe Tornatore. Mas o foco, claro, é a vida de Ennio Morricone, que compôs mais de 500 trilhas sonoras para cinema e TV. O maestro foi parceiro e amigo de Leone.

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