É missão de todos nós: ensinar, corrigir, encorajar para a justiça

Dom Frei Severino Clasen, OFM Arcebispo de Maringá

Deus caminha junto com seu povo. Ele sustenta os que buscam a justiça, a inclusão. No livro do êxodo Deus protege seu povo: “Enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia; quando abaixava a mão, vencia Amalec” (Ex 17,11).

Mãos levantadas é o gesto de confiança em Deus. Resgatar a confiança em Deus, olhar para os injustiçados e descriminalizados é exercício da inclusão que agrada a Deus.

A atitude justa no agir confirma a docilidade da fé que gera esperança. A oração é o exercício que plenifica a condição de criatura, reconhece a força do Criador, constrói uma sociedade fraterna.

A experiência da vida em aldeia é o exercício da partilha e da solidariedade. Mas, vivemos na cidade, normalmente espaço da acumulação, do isolamento. Nos isolamos, fechamos nas casas com muros, alarmes para nos proteger e garantir o bem-estar. A vida habitada, cercada de muros, gera desconfiança e intimida as relações livres e seguras.

O retorno a Palavra de Deus, incute em nós o espírito missionário que faz brotar a consciência solidária, cristã. Gera segurança e liberdade.

Na mensagem do Papa Francisco para o mês missionário deste ano, nos convoca: “Todos os discípulos são testemunhas de Jesus graças ao Espírito Santo que recebem: serão constituídos como tal pela graça. Por onde forem, onde quer que estejam. Assim como Cristo é o primeiro enviado, isto é, missionário do Pai (cf. Jo 20,21) e, como tal, é a sua “testemunha fiel’ (cf. Ap 1,5), assim cada cristão é chamado a ser missionário e testemunha de Cristo. E a Igreja, comunidade dos discípulos de Cristo, não tem outra missão senão a de evangelizar o mundo, de ser testemunho de Cristo. A identidade da Igreja é evangelizar” (Papa Francisco – Dia Mundial das Missões 2022).

O instrumento eficaz do cristão para construir o mundo justo e honesto é a Palavra de Deus. Seguimos a Palavra que liberta e conduz por prados seguros e edifica a construção da sociedade ordenada e edificada.

Retomar os verdadeiros ensinamentos que recebemos de nossos avós e nossos pais, reconduz a sociedade, a partir da família solidamente construída, sem abandonos e separações para a coerência existencial. Exige conhecimento, preparação de vida, superação das fragilidades, coerência, verdade incondicional. “Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras: elas têm o poder de te comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm3,15). A educação dócil, firme, com ternura, educa para os bons princípios que sensibiliza a pessoa para a convivência fraterna, sensibiliza diante dos fragilizados, inclui os esquecidos e fortalece o princípio da inclusão social. A verdadeira religião se sustenta através da verdade revelada: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra” (2Tm 3,16-17).

A verdadeira religião encontra sustentação para vencer os obstáculos da vida com a graça e intervenção divina. Oração sincera, sem tendências e ignorância, gera a conversão inclusive de juízes iníquos e tendenciosos: “Faze-me justiça contra o meu adversário! Durante muito tempo o juiz iniquo se recusou… Por fim, ele pensou: Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha a agredir-me” (Lc 18,3-5).

Deus é o justo juiz que age a partir da capacidade do ser humano fazer à vontade Dele.

Eis a nossa missão: ensinar, corrigir, estimular, encorajar para a justiça, para o bem.

 

 

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