Os primeiros tijolos do Centre Pompidou Paraná que começam a ganhar forma em Foz do Iguaçu, no Oeste do Estado, representam um marco não apenas para a arte e a cultura, mas também para os 200 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e França e os 500 anos de amizade entre os dois países. Em celebração às duas datas, 2025 é considerado o Ano Cultural Brasil-França.
O Paraná será o primeiro estado nas Américas e no Hemisfério Sul a contar com um satélite do renomado museu francês, que foi inaugurado em 1977, em Paris, e conta com unidades em cidades como Málaga (Espanha), Bruxelas (Bélgica), Xangai (China), Alula (Arábia Saudita) e, em breve, Seul (Coreia do Sul). Agora, ele será construído em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.
O projeto arquitetônico do novo museu, assinada pelo arquiteto paraguaio Solano Benítez, foi apresentado publicamente nesta sexta-feira (5), em um evento no terreno onde o espaço cultural será instalado e que contou com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Junior e do presidente do Centre Pompidou, Laurent Le Bon.
“A relação entre o Brasil e a França já dura 200 anos porque foi constituída na base de muita confiança. Por isso, agradeço a confiança que o Centre Pompidou depositou no Paraná e na nossa equipe, para poder construir um projeto desta magnitude, que transforma a cultura brasileira”, afirmou o governador. “O Centre Pompidou coloca o Brasil, e especialmente o Paraná, na rota mundial da cultura, da arte e também do turismo”.
A cônsul-geral da França em São Paulo, Alexandra Mias, destacou que a relação de amizade entre os dois países é fortemente marcada pela arte e pela cultura. Ela citou o Movimento Antropofágico criado por intelectuais brasileiros na década de 1920, inspirado em movimentos artísticos franceses e nas idas e voltas dos artistas ao país europeu, e a influência da sonoridade brasileira para a música francesa.
O Centre Pompidou Paraná, segundo ela, mantém essa tradição no século XXI. “Essa busca pelo universal através de trocas culturais e da arte está na base da relação da França e do Brasil, que se perpetua hoje através de muitos projetos culturais”, disse Alexandra. “Esses tijolos são simbólicos porque é mais uma pedra que consolida os laços estreitos entre a França e o Brasil, ainda mais neste ano que celebramos dois séculos relações diplomáticas e cinco séculos de amizade mútua”.
“O primeiro Centre Pompidou das Américas, que vai ficar aqui em Foz do Iguaçu, reflete a ambição comum entre a França e o Brasil, através do Paraná, de criar um diálogo, um espírito de universalidade em um mundo infelizmente fragmentado, através da circulação de obras de arte moderna e contemporânea”, ressaltou.
INTEGRAÇÃO COM A NATUREZA – Além de um espaço de promoção da arte e da cultura paranaense e latino-americana, o Centre Pompidou Paraná também representa a integração com a natureza, por estar a alguns quilômetros das Cataratas do Iguaçu e nas proximidades do Parque Nacional do Iguaçu.
O projeto de Solano Benítez dialoga com esse espaço e valoriza materiais simples, como o tijolo produzido com a terra vermelha da cidade, ressignificado por técnicas construtivas inovadoras que unem tradição e modernidade.
“Queremos colocar em tijolos um discurso que seja apropriado a este tempo. Nós moramos em um mundo que precisa estabelecer uma nova relação entre natureza e as pessoas, entre a cultura e a natureza. E colocar no centro o ser humano que vai permitir a construção desse futuro”, ressaltou o arquiteto.
“O projeto é somente um lugar para poder refletir sobre essas questões e suas formas não são tão importantes como as coisas que ele pode comunicar”, explicou. “O Centre Pompidou é um dos maiores museus do mundo, e nós poderíamos usar os materiais mais sofisticados para fazê-lo. Mas o nosso interesse é deixar uma mensagem clara à população, que permita reconhecer no seu entorno, possibilidades e recursos para a sua vida”.
“O que me encanta aqui no Brasil é a relação com a natureza, o entusiasmo da população. Temos a sorte de estarmos perto da floresta e eu penso que teremos, graças ao projeto de Solano Benítez, um lugar maravilhoso”, afirmou o presidente do Centre Pompidou, Laurent Le Bon.
“A ideia do projeto é promover um diálogo e não simplesmente trazer os artistas franceses, mas trabalhar com artistas brasileiros. Mas traremos nossa coleção de arte moderna e contemporânea, os grandes mestres Matisse, Chagal, Fernand Léger, Picasso, que poderão ser expostas aqui pela primeira vez”, acrescentou.
A secretária estadual da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, destacou que o momento de ativação do museu, que contou com a participação de crianças e da comunidade de Foz do Iguaçu confeccionando os tijolos que farão parte da estrutura, mostra como o projeto promove a integração em todos os sentidos.
“O que acontece não só hoje, quando conhecemos o projeto arquitetônico, mas ao longo desta semana, mostra a forma orgânica que o museu está nascendo. Foi assim que sempre o idealizamos, nada que viesse pronto, mas que nascesse aqui”, afirmou. “Nada mais simbólico que termos as crianças, os estudantes e a comunidade fabricando o tijolo com a nossa própria terra fértil de Foz do Iguaçu, desta região de tríplice fronteira”.
Fonte: AEN PR