A indústria abriu 1.894 novos postos de trabalho formal em janeiro de 2023. O resultado é positivo, porque mostra que ainda estão sendo criadas oportunidades no setor. Mas o ritmo vem desacelerando desde o início de 2022. O saldo ficou 69% abaixo do que foi registrado no mesmo mês do ano passado, quando foram contratados 6.166 novos profissionais na área. Nos últimos 12 meses a atividade também reduziu em 74% a oferta de vagas. Os postos de trabalho neste período somam 10.094, enquanto no mesmo intervalo do ano anterior chegaram 41.612.
No total, o Paraná criou 6.369 novos empregos em janeiro, sendo serviços a atividade com maior número de novas contratações, 4.427. A construção civil vem na sequência, com 3.502, seguida por indústria (1.894) e agropecuária (624). O destaque negativo é o comércio, que fechou 4.078 postos de trabalho no primeiro mês do ano, o que é caracterizado como um período de sazonalidade, ou seja, quando ocorrem as dispensas das vagas temporárias oferecidas no fim do ano.
Para a analista da assessoria econômica e de crédito da Federação das Indústrias do Paraná, Mari Aparecida dos Santos, a principal explicação é que as atividades econômicas já estão com nível de vagas preenchidas próximo da sua capacidade total. “O mercado está operando num patamar de normalidade, ou seja, já repôs as posições perdidas no período pandêmico. Agora, naturalmente, deve reduzir o ritmo de contratações”, explica. Outro argumento é que aumentou a concorrência no mercado por mão de obra mais qualificada. “Há uma disputa entre as atividades econômicas por este perfil de trabalhador. Com menos profissionais disponíveis, as contratações demoram mais para acontecer e isso impacta diretamente nos resultados”, complementa.
Em janeiro, as mulheres foram maioria, 77%, entre os novos empregados. Foram 1.461 oportunidades abertas para elas, contra 433 para eles (23%). Isso se deve em parte ao perfil das contratações no mês em algumas atividades da indústria. O setor alimentício foi o que mais contratou no mês, com 841 novas vagas abertas. Confecções e artigos do vestuário, reconhecido pela predominância de vagas ocupadas por mulheres frente aos homens, ficou em segundo (823), seguido por manutenção e reparação de máquinas e equipamentos (267), fabricação de produtos de metal (252) e borracha e material plástico (198). O segmento que mais dispensou profissionais na indústria em janeiro foi o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-516). Na sequência vem madeira (-427), metalurgia (-256), máquinas e equipamentos (-187) e minerais não-metálicos (-139).
No geral, Mari dos Santos pontual que o Paraná já está numa posição de redução do desemprego, o que torna a taxa oficial de desemprego, em 5%, próxima à taxa natural, que registra o trabalhador em transição de emprego (sai de um posto e leva um tempo para se recolocar). “Quando essas duas taxas estão muito próximas, significa que a situação de desocupados está baixa e pode haver uma escassez de mão de obra disponível no mercado”, explica a analista.
Outro fator que pode justificar a desaceleração na criação de empregos no Paraná é o resultado anual da produção industrial. De janeiro a dezembro de 2022, as perdas acumuladas ficaram em 4,2%, na comparação com o ano anterior. Incertezas geopolíticas como a guerra na Ucrânia e o momento desfavorável no setor de carnes, com barreiras sanitárias impostas a Argentina e Uruguai, vizinhos do Brasil, também podem ter impactado o mercado de trabalho no setor em janeiro.
Apesar de um ritmo menor na criação de novos postos, o estoque de trabalhadores na indústria – que é a quantidade total de pessoas em atividade no setor – aumentou. Eram 729 mil em janeiro do ano passado e 740 mil agora. “Isso aponta que houve uma melhora de cenário após a pandemia e que mesmo em menor ritmo, a indústria continua abrindo novas oportunidades a cada ano e retendo os profissionais no emprego”, conclui.
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