Professores falam de temas que podem ser pedidos na Redação do Enem deste ano

Enem

Chegar com antecedência é uma boa fórmula para evitar stress Foto: Arquivo

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Aplicada no primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a Redação tem um peso relevante no desempenho final do estudante. Como o tema proposto só é conhecido no momento em que o candidato realiza a prova, as especulações são frequentes, principalmente nos dias que antecedem a realização do exame. Neste ano, as provas serão aplicadas em 5 e 12 de novembro de 2023.

Para ajudar o candidato a se preparar, os principais órgãos de imprensa do Brasil estão ouvindo professores para reunir os principais temas sugeridos por eles. Questões climáticas, tecnologia e trabalho estão entre os possíveis temas da redação para este ano.

O assunto que mais movimenta o mundo no momento, a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, não corre o risco de entrar no exame porque veio à tona quando as provas já estavam prontas, mas a guerra entre Rússia e Ucrânia, a tentativa golpista de 8 de janeiro, mortes de artistas significativos para a cultura, como Gal Costa, Rita Lee e Erasmo Carlos, os atentados em creches e escolas do Brasill, que são um fenômeno relativamente novo no Brasil, os problemas climáticos são assuntos que não podem ser desprezados.

 

O combate à violência de gênero no Brasil
Eva Nobrega, professora de Língua Portuguesa do Cursinho da Poli, defende este tema. De acordo com a docente, o Brasil continua sendo um dos primeiros do mundo em mortes de mulheres e da comunidade LGBTQIA+.

“Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), 228 pessoas LGBTQIA+ foram assassinadas em 2022, sendo mais da metade travestis e mulheres trans. A ONG Transgender Europe informou que, mais uma vez – e por 14 anos consecutivos -, o Brasil liderou o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans em 2022. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), 131 pessoas trans foram mortas no ano passado, a maioria era de travestis e mulheres trans negras”, segundo informações da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

A paridade salarial entre homens e mulheres no Brasil: como fazer com que o salário delas seja igual ao deles?
Este também é um questionamento sugerido pela professora de Língua Portuguesa do Cursinho da Poli. Embora a Constituição já proíba todo tipo de discriminação, a desigualdade entre homens e mulheres é uma realidade no mercado de trabalho brasileiro.

Em julho deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que garante igualdade salarial entre mulheres e homens. Em discurso durante a sanção do projeto de lei, Lula garantiu que haverá punição para quem não cumprir a lei porque há estruturas no governo que garantirão a fiscalização, a exemplo dos Ministérios do Trabalho e das Mulheres, além do Ministério Público.

Desafios para a reforma do sistema prisional brasileiro
“Ainda temos prisões análogas às da Idade Média, que pioram com as investidas das várias facções”, afirma a professora Eva. Segundo ela, este é um tema bastante oportuno para a redação do Enem deste ano.

Desafios para o combate ao trabalho análogo à escravidão no Brasil
Para Eva, professora do Cursinho da Poli, há possibilidade de a temática fazer parte da redação deste ano. Ela lembra que 1.443 trabalhadores em situação análoga à escravidão no Brasil foram resgatados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Fiscalização do Trabalho, entre janeiro e 14 de junho de 2023.

“Questões associadas ao trabalho também são uma aposta para o tema de redação, ainda mais após os recorrentes casos de trabalhos análogos à escravidão que vieram à tona”, concorda Julia Ferreira, coordenadora de redação da Redação Nota 1.000, maior plataforma de prática e correção de redações do Brasil.

Além disso, segundo Julia, pontos relacionados à regulamentação do trabalho por aplicativos também podem ser utilizados, posto que ocorreram diversas greves e solicitações por essa parcela de trabalhadores.

 

A questão ambiental na Amazônia: como resolver os desafios em torno do Marco Temporal e a necessidade das populações de habitarem as próprias terras?
A tese do marco temporal é uma proposta de interpretação do artigo 231 da Constituição Federal e trata-se de uma espécie de linha de corte, conforme publicou o jornal O Estado de São Paulo, o popular Estadão. A partir desse entendimento, que é defendido por ruralistas, uma terra indígena só poderia ser demarcada com a comprovação de que os indígenas estavam no local requerido na data da promulgação da Constituição, ou seja, no dia 5 de outubro de 1988. Quem estivesse fora da área nessa data ou chegasse depois desse dia não teria direito a pedir sua demarcação. Este é um tema que pode cair no Enem, segundo a professora Eva, do Cursinho da Poli.

A questão indígena não sai de pauta no Brasil, mas neste ano foi reforçada pela votação do marco temporal Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Luciana Sales Pires Soares, professora de Língua Portuguesa no Ensino Médio da Carandá Educação, acrescenta, por exemplo, que a seca no Amazonas é outra possível temática para a redação deste ano.

Recentemente, o Estadão mostrou que a superfície da cobertura de água no Estado do Amazonas atingiu sua menor extensão desde 2018, de acordo com nota técnica do MapBiomas, plataforma que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia. Em setembro foram registrados 3,56 milhões de hectares, uma redução de 1,39 milhão de hectares em relação aos 4,95 milhões de hectares de setembro de 2022.

 

Crise climática
Um assunto que faz-se presente recorrentemente nas manchetes são as catástrofes climáticas, advindas do momento crítico que vivemos no que diz respeito à preservação do meio ambiente.

“Muitas tragédias, como as que ocorreram em Petrópolis em 2022, em São Sebastião, em 2023, e também o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul com o ciclone e as fortes chuvas, além da onda de calor intensa, que resultou em São Paulo no registro de 36,5ºC, são alguns dos aspectos que demonstram a relevância da temática. Dado o contexto e a dimensão do tema, é possível que esse seja cobrado na proposta de redação do Enem”, acrescenta a coordenadora de redação da plataforma Redação Nota 1000.

 

Aquecimento global e desigualdade
Na linha sócio-ambiental, a professora Luciana sugere o tema aquecimento global e desigualdade. As consequências provocadas pelas mudanças climáticas podem afetar a sociedade no âmbito ambiental, social e também cultural.

Relatório global divulgado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança do Clima (UNFCCC) divulgado em setembro deste ano apontou que os esforços mundiais não têm sido suficientes para conter o avanço das mudanças climáticas.

 

Tecnologia, sobretudo Inteligência artificial, associada a comportamento social
Segundo a professora Julia, um possível tema para o Enem é a tecnologia, principalmente o uso de inteligência artificial, posto que o assunto está em alta devido ao uso de ferramentas como o Chat GPT.

“No entanto, é importante ter em mente que o Enem cobra assuntos concretos, isto é, que podem ser solucionados por meio de um agente público ou que afetem diretamente a sociedade brasileira. Sendo assim, é importante pensar em uma associação entre IA e problemas sociais, como a sua regulamentação”, acrescenta a professora Julia.

Nesta linha, Luciana, professora de Língua Portuguesa no Ensino Médio da Carandá Educação, também acredita que o investimento em Ciência e Tecnologia é um tema de alta cotação para a prova.

 

Racismo no esporte
O episódio vivenciado pelo jogador Vinícius Júnior, em maio deste ano na Espanha, movimentou a mídia para abordar um tema que é, infelizmente, recorrente e estrutural no País: o racismo.

“Apesar da ocorrência ter suscitado o debate sobre o tema, o crime não se limita ao ocorrido na Espanha, haja vista que o próprio jogador Vini Jr. já sofreu outros atos racistas no Real Madrid, mas também no Brasil, quando jogava no Flamengo. Sendo assim, pode-se esperar uma proposta que englobe como o racismo opera no meio esportivo e como mitigar essa problemática”, acrescenta a professora Julia.

 

 

A aplicação do Enem 2023 seguirá o horário de Brasília:

 

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