Violência Invisível

Um mal da globalização

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Com propostas ambiciosas de reduzir custos e superar metas, as empresas extrapolam todos seus limites. Prática esta, bastante antiga, mas que, atualmente tem se intensificado, a ponto de alcançar níveis elevados a ponto de serem considerados, epidemia.

Este é um modelo nocivo e perverso para com os trabalhadores que são tratados como objetos, usados, sugados e depois descartados, define a psiquiatra francesa Marie France Hrigoyen, autora de vários livros sobre violência no trabalho e assédio moral.

O atual cenário econômico – que visa única e exclusivamente lucros, estimula a produtividade em massa e promove uma competição desleal entre os trabalhadores, o que acaba por dificultar suas relações. Essa é uma triste realidade, trazendo conseqüências avassaladoras como danos a saúde física e psíquica, que na maioria dos casos silenciam por medo de perder o emprego, principalmente quando esse é público.

Essa violência algoz, pode ir mais longe, além da demissão; esse comportamento pode ser visto como sofrimento e tortura psicológica. Essa situação pode ser percebida (sutilmente) por meio de apelidos, piadinhas, insinuações (caracterizadas como maldosas) violência, constrangimento, ofensas, ameaças de demissão, freqüente e repetidamente.

Segundo a psicóloga, e estudiosa Margarida Barreto, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; especialista em Psicologia Social desenvolveu um estudo onde entrevistou 42 mil funcionários de empresas públicas e privadas, organizações não-governamentais, sindicatos e entidades filantrópicas, onde evidencia a violência na área organizacional.

Desse público 42% afirmaram sofrer humilhações ou constrangimentos freqüentes no local de trabalho. A maioria desses maus-tratos era praticada por seus superiores.

Condutas desta natureza fazem mal á saúde física e psíquica dos trabalhadores, as conseqüências podem ser irrevogáveis. Esse ato perverso constrange força, coage o trabalhador que antes de procurar seus direitos, pensa no número de desempregados que existem nos pais e a situação precária que estão vivendo o desemprego e tudo o que dele deriva e agrega.

O assédio moral está sendo camuflado, não se tem dado o seu devido valor, com isso à relação interpessoais tem se tornado cada vez mais difícil e complicada. Dados revelados pelo estudo mostraram que problemas como estresse, hipertensão, perda de memória, obesidade e depressão são distúrbios comuns entre os trabalhadores.

Ainda mais grave é, com a saúde físicas psicológicas abaladas, o trabalhador muda seu comportamento social e familiar. Ele se isola e amarga uma profunda angústia e sensação de inutilidade, onde muitos acabam buscando alívio e refúgio no álcool e nas drogas. Essa violência está disseminada em todas as categorias, sem distinção de setor, raça, credo, gênero ou idade.

As pessoas que sofrem assédio moral, muitas vezes não percebem as piadinhas as brincadeiras, que são consideradas “normais” Com o tempo esse comportamento evolui e a vítima é isolada do grupo, desqualificada e obrigada a exercer tarefas múltiplas e muitas vezes inferiores as que costumava exercer, portanto se submete ás humilhações e abusos por algum tempo. Ou, recebe uma missão além da sua capacidade, já com o objetivo de levá-la a pedir demissão.

Diante dessa situação o trabalhador vai se desequilibrando emocionalmente até desistir de seu trabalho. Essa situação opressiva é percebida sintomaticamente através manifestações dos distúrbios digestivos, tonturas, sentimento de inutilidade, diminuição da libido e choro. Quando mulher, essa discute a situação com colegas, enquanto que o homem silencia e guarda para si todo o sofrimento, rancor e amargura. Os danos causados podem provocar traumas, e muitas vezes irreversíveis.

Essa angustia persiste (se não tratada), e pode acontecer de acompanhar o individuo pela vida toda. Ele revive momentos de horror em pesadelos durante o sono.

A conseqüência dessa situação pode se notar através de pessoas inseguras, tristes e com a auto-estima rebaixada, o que os dificulta ou os impede de voltar ao mercado de trabalho. Nesse momento inicia-se um outro ciclo que ocorre dentro do lar que terá sua rotina alterada, devido essa nova realidade.

As perspectivas, da Organização Mundial da Saúde (OMS) são ruins. Para as próximas duas décadas, as angustias, depressões e outros danos psíquicos irão predominar como um mal causado pela globalização.

Na opinião de especialistas da área, o atual sistema econômico tem provocado à degradação permanente das relações de trabalho.

Todos os abusos se justificam num discurso onde se tenta racionalizar pela lógica da razão econômica e dos resultados da empresa.

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