As notícias falsas podem ser fatais em missões de paz, diz ex-boina-azul da ONU

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Comunicar com abertura, proximidade, interação e compreensão é essencial na ação de mulheres em missões de paz. A constatação é de Márcia Braga, a primeira vencedora do Prêmio de Defensora da Igualdade de Gênero da ONU, em 2019.

Atualmente conselheira de comunicação estratégica do Departamento de Operações de Paz, em Nova Iorque, a capitã de fragata narra sua trajetória. Ter mais boinas-azuis atuando em contextos de estabilização é um dos alvos mais importantes na organização.

Interação com as organizações de mulheres

“É buscar esse trabalho muito próximo às comunidades. O que eu aprendi muito no meu trabalho foi justamente na minha interação com as organizações de mulheres. Na minha organização com as lideranças e com a comunidade como um todo. Você muitas vezes está em patrulha e é para conversar com as pessoas, para ouvir.”

Ela conta a importância de entender e incluir as pessoas locais em decisões sobre seu contexto. E destaca haver lições por aprender.

“Para gente que trabalha com a parte de segurança é fundamental entender como aquela população está sendo afetada pelo conflito. Quais as dificuldades? As crianças que não podem ir às escolas… Então é fundamental. O que eu diria para aqueles que estão começando é ouvir. Ter um maior engajamento com as comunidades e fazer um trabalho conjunto. Porque não é só o peacekeeper no final. Num momento em que a missão vai sair a comunidade vai continuar. Então, o trabalho é para ser construído junto. A gente só está ali para ajudar a apontar o caminho, mas quem constrói mesmo a própria população.”

O Brasil atualmente não contribui oficialmente com contingentes de tropas de paz, mas treina militares de diferentes exércitos na força de 16 mil homens da República Democrática do Congo, RD Congo.

Bandeira do Brasil no braço

Para ela, há um diferencial em integrar forças de paz como mulher e como brasileira.

Márcia Braga diz haver um diferencial em integrar forças de paz como mulher e como brasileira

“Eu acho que do Brasil fica a alegria, a questão do sorriso, a população centro-africana é uma população muito acolhedora, muito simples e de sorriso fácil. Acho que isso remete muito aos brasileiros. E tem a questão do futebol. Eles são apaixonados pelo futebol, então isso também é o fato de ter uma bandeira do Brasil no braço, ajudava muito no trabalho e as pessoas se aproximavam. O que era muito bom.”

No entanto, Márcia Braga está preocupada com atos hostis contra forças de paz no terreno. Ela chama a atenção para a seriedade do impacto das notícias falsas e da desinformação em operações de paz.

O tipo de atos já custou vidas nas fileiras da ONU e coloca o tema no centro da atuação de Márcia Braga na equipe global de comunicação estratégica do Departamento das Operações de Paz.

“Isso é um problema muito sério que a gente está enfrentando agora. Eu vejo muito, Mônica, a questão do trabalho de comunicação mais proativo. A gente tem que informar e falar o que está fazendo. Mostrar o impacto do nosso trabalho. É claro que a força tem limitações. A gente não pode estar todo tempo em todo lugar. Muitas vezes, as violações vão continuar acontecendo. A gente vai continuar tendo problemas, muitas vezes em nível político que por vezes está um pouco distante do soldado resolver. Mas o que eu vejo é muito a necessidade de mostrar o que a gente faz. O nosso propósito. O nosso mandato. O que a gente está fazendo e os resultados que está obtendo.”

Márcia Braga é a convidada da semana no Podcast da ONU News e narra o episódio no qual ela própria foi vítima de violência na primeira semana de uma missão na África.

Para saber mais da experiência siga a íntegra do programa divulgado em todas as plataformas da ONU News.

Fonte: Organização das Nações Unidas

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