A violência entre facções militares rivais voltou a escalar em diversas partes do Sudão nesta quarta-feira, com o fim de um cessar-fogo de 72 horas. Segundo agências de notícias, pouco antes do término oficial da trégua, combates foram relatados nas cidades de Cartum, Bahri e Omdurman.
A ONU alerta que desde o início dos confrontos, em abril, mais de 500 mil pessoas já fugiram do país para escapar da violência.
Desdobramentos da crise no Sudão
Nesta terça-feira, em uma reunião no Conselho de Segurança, o representante especial do secretário-geral da ONU para o Sudão do Sul alertou para o impacto transfronteiriço da crise sudanesa.
Nicholas Haysom afirmou que ações são urgentemente necessárias para aliviar as crescentes tensões que já resultaram em confrontos mortais. Com os esforços para a transição no Sudão do Sul, o representante teme que o país receba menos suporte em um momento decisivo para o país.
De acordo com os dados apresentados por Nicholas Haysom, desde meados de abril, mais de 117 mil pessoas cruzaram para o Sudão do Sul a partir do Sudão ao longo das áreas fronteiriças.
Ele afirma que 93% são retornados do Sudão do Sul e elogiou as autoridades sul-sudanesas pela política de fronteiras abertas, recebendo todos que fogem do conflito, com ou sem documentos de viagem.
Ajuda humanitária
Doadores anunciaram mais de US$ 1,5 bilhão em apoio à resposta humanitária no Sudão e região em um evento coorganizado pela ONU, ao lado dos governos do Egito, da Alemanha, do Catar, da Arábia Saudita, além da União Africana e a União Europeia.
Segundo o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, os trabalhadores humanitários continuam a entregar ajuda dentro do país e pelo menos 388 caminhões transportando assistência essencial chegaram em várias partes do país.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alcançou mais de 1 milhão de pessoas nas seis semanas desde que retomou as operações no Sudão. Isso inclui mais de 375 mil pessoas no norte, sul, leste e centro de Darfur.
Mulheres e meninas
A Organização Mundial da Saúde, OMS, e o Fundo de População da ONU, Unfpa, alertaram que os ataques contra instalações hospitalares, bem como a trabalhadores de saúde, prejudicam a vida de meninas e mulheres no Sudão.
Destacando a situação das mulheres grávidas, a OMS afirma que 67% dos hospitais nas áreas afetadas pela violência estão fechados, incluindo maternidades.
As agências da ONU apontam que entre os 11 milhões de pessoas no Sudão que precisam de assistência médica urgente estão 2,64 milhões de mulheres e meninas em idade reprodutiva.
Cerca de 260 mil delas estão grávidas e mais de 90 mil darão à luz nos próximos três meses.
Desde abril, a OMS verificou 46 ataques a profissionais e estabelecimentos de saúde que mataram oito pessoas e feriram outras 18. Os locais também foram saqueados e os profissionais de saúde submetidos à violência. Várias instalações de saúde estão sendo usadas pelas forças armadas.
Fonte: Organização das Nações Unidas