As tentativas dos Estados Unidos, e particularmente do presidente eleito Donald Trump, de manter à força o dólar como a moeda de reserva mundial apenas prejudicam mais a moeda norte-americana na situação já desfavorável para ela, opinou o jornalista da Bloomberg Mihir Sharma.
Há algum tempo, Trump ameaçou os países do BRICS de impor “tarifas de 100%” sobre seus produtos se não abandonassem os planos de criar uma moeda alternativa ao dólar norte-americano.
Ao mesmo tempo, o presidente russo Vladimir Putin disse anteriormente que é muito cedo para falar sobre a criação de uma moeda única do BRICS.
Em resposta às preocupações de Trump, que Sharma descreve como luta com “moinhos de vento imaginários”, a África do Sul e a Índia declararam que a associação não planejava criar uma moeda de substituição ao dólar estadunidense.
Porém, como ressalta o artigo, os países não desistiram da ideia de realizar o comércio entre os países do BRICS em suas próprias moedas, com o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, afirmando que é uma “medida legítima”.
Essas palavras se baseiam em uma série de obstáculos no comércio indiano colocados pela vontade dos Estados Unidos.
Primeiro, a Índia teve que terminar o comércio petrolífero com a Venezuela, devido às sanções dos EUA contra o país sul-americano.
Depois, a mesma medida estadunidense afetou as compras indianas do combustível iraniano. E agora, a Índia está se esforçando para se esquivar da política norte-americana no comércio com a Rússia.
“Independentemente de ser fácil ou não, independentemente do que Trump possa dizer ou fazer, os países do BRICS, e outros como eles, continuarão buscando maneiras de realizar transações internacionais sem usar dólares”, destaca o artigo.
Ao mesmo tempo, o especialista admite que esse processo não tem como objetivo prejudicar a moeda dos EUA, apenas destacar a parte do sistema financeiro mundial que não se submete a Washington.
Neste contexto, o autor acredita que seria melhor para o próprio dólar se Trump não ameaçasse e pressionasse outros Estados, incentivando-os assim a buscar vias alternativas.
“O exagero, seja por meio de sanções ad hoc, interferência no [Sistema de] Reserva Federal [banco central dos EUA], tarifas unilaterais ou confrontos geopolíticos, representa uma ameaça muito maior à moeda norte-americana do que qualquer coisa que os países do BRICS possam imaginar”, concluiu.
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