Ministro Mauro Vieira, do Brasil, fala ao Conselho de Segurança sobre proteção de civis

Ministro Mauro Vieira, do Brasil, fala ao Conselho de Segurança sobre proteção de civis

Antes de discursar na reunião de alto nível “Garantindo a segurança e a dignidade de civis em conflitos, abordando segurança alimentar e serviços essenciais”, o ministro das Relações Exteriores do Brasil Mauro Vieira falou à ONU News sobre a relevância da proteção de civis.  

Na sessão, o secretário-geral, António Guterres, listou ações das Nações Unidas que no último ano ajudaram a aliviar o impacto do conflito sobre os civis. Trata-se da nomeação do novo coordenador de Prevenção e Resposta à Fome e da adoção da Agenda de Ação sobre Deslocamento Interno.  

Populações em regiões frágeis e de conflitos  

Sobre o conflito na Ucrânia, o líder da ONU mencionou a Iniciativa do Mar Negro e o Memorando de Entendimento para promover alimentos e fertilizantes russos nos mercados globais.  

As medidas incluem ainda a adoção pelo Conselho de Segurança da Resolução 2664 para impeçam a ação humanitária em favor de civis. Mesmo assim, o chefe da ONU disse que o mundo não está cumprindo seus compromissos de proteção a civis segundo o direito internacional humanitário.  

Ministro das Relações Exteriores do Brasil

“É um tema muito importante. Há uma discussão, um debate promovido pela Presidência (do Conselho de Segurança) deste mês, que cabe à Suíça. O Brasil, como membro, ainda neste ano, do Conselho fez questão de se representar de forma muito especial nesse debate, justamente para transmitir a importância que damos à proteção de civis e das populações em regiões frágeis e de conflitos”. 

Ao ser perguntado sobre o conflito na Ucrânia, que começou com o ataque da Rússia em 24 de fevereiro do ano passado, o chefe da diplomacia brasileira lembrou que o tema foi discutido no encontro do G7, no fim de semana. Para ele, a solução do conflito é do interesse do mundo. 

“É um conflito no coração da Europa e é uma situação complexa o Brasil. Desde o início, o Brasil condenou a agressão russa e a ocupação do território. Mas também da mesma forma que condenamos a agressão, nós queremos que haja discussões sobre a paz. O presidente Lula tem dito repetidamente, em todas as ocasiões, que ele tem ouvido muito falar sobre armas e sobre o envio de soldados e armas, mas que ele não ouve falar sobre paz. É chegado o momento, depois de um ano e meio quase, é o momento de haver conversas e de se gerar uns passos e possibilidades de que os países promovam e estimulem as conversas e que haja um entendimento.” 

Motor de crises globais  

Para Mauro Vieira é urgente a busca de uma solução para os confrontos porque geram crises globais como a de alimentos e alta de preços. 

Ele disse que apesar de haver urgência em ter um desfecho o mais breve possível, descarta resultados nos próximos dias. 

© UNICEF/Aleksey Filippov

Crianças passam por uma casa destruída em Kherson, Ucrânia.

“Nós continuaremos a defender um espaço de negociação de forma veemente e em todos os locais em todos os organismos e locais, aqui na ONU sobretudo e bilateralmente. Esperamos que em breve se possa começar a conversar sobre uma solução para esse conflito que tem cobrado tantas vidas. Tem causado destruição, sofrimento e impactos em outras regiões, porque isso tem causado problemas energia, de alimentação, de segurança alimentar e de inflação no mundo. É um tema que tem e deve ser resolvido pela comunidade das nações o mais rápido possível.” 

A reunião do Conselho também enfatiza temas como a insegurança alimentar impulsionada por conflitos e a proteção de infraestrutura e dos serviços essenciais para civis nessas realidades. 

Civis em ambientes de fragilidade 

No debate participam ainda os presidentes da Suíça Alain Berset, e de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi. Ambos os países têm assento rotativo no Conselho. 

O órgão já adotou a Resolução 2417, sobre conflitos armados e segurança alimentar, e a Resolução 2573, relativa à proteção de bens indispensáveis civis aprovada em 2021.   

Entre os temas centrais da discussão está o papel do Conselho de Segurança e de todos os Estados-membros da ONU em implementar de forma mais sistemática os mecanismos e estruturas para proteger civis em ambientes de fragilidade. 

 

Fonte: Organização das Nações Unidas

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