Uma estratégia de redução de riscos de desastres naturais que abarque desafios da comunidade incluindo segurança e violência urbana.
Esta foi a proposta defendida pela Prefeitura de Barcarena, do norte do Brasil, durante a Reunião de Alto Nível sobre a Revisão Intermediária do Marco de Sendai para Redução de Risco de Desastres, encerrada na sexta-feira.
Expectativas e cumprimento
O mecanismo foi criado em 2015 para diminuir casos de mortes, destruição e deslocamentos causados por catástrofes naturais.
A assessora de agendas globais da Prefeitura de Barcarena, no Pará, Patrícia Menezes, falou à ONU News sobre a importância de se colocar as pessoas no centro das políticas.
Prevenção gera “os melhores resultados”
“Minha expectativa em relação a esse encontro é que haja um consenso do fortalecimento das ações de prevenção na gestão de risco e não apenas a resposta ao desastre. E também que essa visão ampliada de risco seja compreendida principalmente pelos governos subnacionais que são onde as pessoas impactadas e que perdem seus bens materiais, financeiros e, às vezes até suas vidas, estão.”
A especialista esclareceu que ações de resposta se limitam à atuação das defesas civis. Esse nível de ação compreende, por exemplo, atendimento emergencial, criação de abrigos e oferta de atendimento médico para vítimas.
“Por exemplo, nos casos que são mais comuns, de enchente, deslizamento. Na resposta ao desastre, você vai desocupar aquelas pessoas que moram naquelas áreas que foram alagadas ou que desmoronaram. E aí você vai remanejar aquelas pessoas para um abrigo ou algo nesse sentido. A prevenção, quando eu digo que ela é mais complexa, é porque ela envolveria uma discussão, primeiramente de ordenamento territorial, de definir que áreas são próprias para habitação que áreas são vulneráveis, onde não deveria haver gente ali morando.”
Segundo ela, outra medida de prevenção é o investimento em políticas públicas de habitação de interesse social. Ela disse que “metas preventivas demoram mais tempo para ser adotadas, mas são as que dão os melhores resultados”.
Visão integrada
Para Patrícia Menezes, ainda existem incertezas sobre como países desenvolvidos irão apoiar os países em desenvolvimentos em ações de adaptação às mudanças climáticas, especialmente no financiamento.
A assessora municipal defende uma abordagem de gestão de risco mais ampla para todo o país. Segundo ela, é preciso ir além de enchentes, deslizamentos e abarcar pandemias e problemas sociais como prostituição, contrabando, tráfico de drogas, trabalho infantil, entre outros.
“Geralmente quando a gente fala de risco se associa a essas coisas mais comuns. Choveu muito teve deslizamento, alagou. Em tal país teve um tsunami. Esses são riscos. O rompimento de uma barragem em uma cidade com atividade de mineração é um risco, que às vezes são mais visíveis para a população. Mas as cidades vivenciam muitos outros riscos que não são tão claros e é essa visão mais ampla e integrada que o Brasil ainda precisa avançar bastante.”
Ela comentou que Barcarena é uma cidade costeira e estuarina, localizada na transição do rio Amazonas para o oceano. Dentre os riscos mapeados pela Prefeitura estão a elevação do nível do mar e os desafios comuns às zonas portuárias incluindo contrabando e casos de prostituição.
Fonte: Organização das Nações Unidas