O general Abdourahamane Tiani, chefe do Conselho Nacional Nigerino para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), lançou no último sábado uma conferência nacional que promete redefinir os rumos políticos do Níger. Com a participação de mais de 700 delegados representando diversos setores sociais, profissionais e a diáspora, o encontro é um marco na transição política do país, com a missão de elaborar propostas que moldarão a futura estrutura governamental.
A Conferência Nacional: Um marco histórico
Na abertura da conferência, Tiani destacou a importância do evento para a sobrevivência e o futuro do Níger. “Cada nigerino, onde quer que esteja, deve contribuir, pois elas dizem respeito à nossa sobrevivência como nação e aos nossos interesses comuns”, afirmou. O objetivo principal do encontro, que segue até 19 de fevereiro, é debater uma nova constituição e estruturar o retorno a um governo civil.
Após o encerramento das discussões, as propostas serão compiladas e entregues ao general Tiani em até três semanas. O líder garantiu que as recomendações serão traduzidas em ações concretas: “Garanto a todos que as propostas emergentes dessas discussões serão levadas em consideração.”
Contexto político: Da deposição ao pacto de defesa
O Níger tem vivido uma profunda crise política desde 26 de julho de 2023, quando o CNSP depôs o então presidente Mohamed Bazoum e suspendeu a ordem constitucional. A ação gerou tensão internacional, particularmente com a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que condenou a mudança de governo e ameaçou uma intervenção militar para restituir Bazoum ao poder.
Como resposta, o Níger uniu forças com Mali e Burkina Faso para criar a Aliança dos Estados do Sahel, um pacto de defesa mútua que consolidou a saída desses países da CEDEAO. Essa aliança reflete uma reconfiguração política na região, desafiando a hegemonia de blocos tradicionais e promovendo uma abordagem regional autônoma.
Diálogo nacional inclusivo
Tiani enfatizou que o sucesso da transição política depende de um diálogo amplo e participativo, pedindo ao governo que implemente mecanismos para envolver toda a população nigerina. Ele destacou que as discussões devem promover unidade, coesão social, justiça, segurança e progresso econômico:
“Essas discussões devem ser uma estrutura para um trabalho construtivo, visando unir os nigerinos em torno dos ideais de unidade.”
Próximos passos
A conclusão da conferência será seguida pela análise das recomendações, que servirão de base para as mudanças constitucionais e a formação de um novo governo civil. A transição não apenas definirá o futuro do Níger, mas também poderá influenciar a estabilidade política na região do Sahel, marcada por desafios como golpes de Estado, conflitos armados e pressões internacionais.
Com essa iniciativa, o Níger busca construir um novo caminho político, reafirmando sua soberania e promovendo um modelo de governança que contemple as aspirações de sua população.