Estimular esforços nacionais e regionais em favor da estabilização é o que motiva o novo enviado do secretário-geral da ONU para a África Ocidental e Sahel a visitar a área a partir desta quinta-feira.
Leonardo Simão disse à ONU News, em Nova Iorque, que atuará no terreno de forma mais próxima das organizações existentes da realidade marcada pelo terrorismo.
Atores regionais e sociedade civil
“Faço isso porque acredito que é possível conseguir. Já no passado, a África Ocidental foi zona de paz e estabilidade. Agora está a atravessar um período de turbulência. Eu penso que com um pouco de apoio externo essa situação anterior pode ser reposta.”
O diplomata moçambicano disse contar com atores regionais e sociedade civil nos esforços conjuntos envolvendo todo o continente africano, incluindo países de língua portuguesa.
“Angola não faz parte da sub-região, mas acaba por ser afetada, porque faz parte da Associação para o Golfo da Guiné. E é nesse aspeto. Guiné-Bissau e Cabo Verde fazem parte da região. Como eu disse, eu não vou lá com soluções mágicas. Há muito trabalho que está a ser feito pela União Africana, pela Cedeao e outras organizações sub-regionais para encontrar-se a paz de estabilidade. O meu trabalho principal é promover um maior diálogo entre as partes envolvidas para que concordem num caminho a seguir caso por caso.”
As Nações Unidas têm dado atenção particular à região ocidental africana devido às crises interconectadas em níveis “sem precedentes”. Entre elas estão conflitos, fome, desnutrição, doenças, deslocamentos em massa e economias em colapso agravadas pelas alterações climáticas.
Fluxo de combatentes, fundos e armas
Além de representante especial para a África Ocidental e o Sahel, Leonardo Simão deve liderar o Escritório das Nações Unidas e a Comissão Mista Camarões-Nigéria. Sua nomeação foi em maio.
O alastramento de grupos terroristas preocupa as Nações Unidas por “combatentes, fundos e armas que fluem cada vez mais entre as regiões e por todo o continente”. Novas alianças são forjadas entre esses grupos, o crime organizado e envolvidos na pirataria, segundo um recente informe do secretário-geral.
A ONU participa nos esforços de estabilização no Sahel e na bacia do Lago Chade, fornecendo assistência técnica aos países afetados, inclusive nas áreas de prevenção, apoio jurídico, investigações, processos, reintegração, reabilitação e proteção dos direitos humanos.
Uma oportunidade de reforço das parcerias atuais acontece na organização da Cúpula Africana de Contraterrorismo, agendada para outubro, na Nigéria.
Fonte: Organização das Nações Unidas