Muitas tradições religiosas são inclusivas e afirmativas em relação a pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e de identidades de gênero diversas.
A afirmação é do perito independente* da ONU em orientação sexual e identidade de gênero, Victor Madrigal.
Brasil quer abrigar refugiados Lgbtqia+
Na quarta-feira, ele apresentou na 53ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas um informe sobre a “interseção entre o direito à liberdade religiosa e o direito de não sofrer discriminação baseada em orientação sexual ou identidade de gênero”.
Segundo o especialista, “prestar a atenção às vozes e práticas de comunidades inclusivas pode ajudar a mudar narrativas que afirmam que o exercício da liberdade de religião ou crença é incompatível com o gozo igual dos direitos humanos pelas pessoas Lgbtqia+”.
Após a apresentação do informe, a secretária dos Direitos da População Lgbtqia+ do Brasil, Symmy Larrat, disse que o país quer se tornar um refúgio para pessoas que sofrem discriminação em outras nações.
“Recentemente, o Brasil sinalizou ao mundo que buscamos ser um país acolhedor para as pessoas Lgbtqia+, com a instituição de processos simplificados para o reconhecimento de refugiados Lgbtqia+, que procuram o Brasil quando seus corpos e modos de vida são criminalizados em outros lugares.”
Portugal pede atuação de líderes religiosos
A secretária destacou ainda a criação do Conselho Nacional dos Direitos das pessoas Lgbtqia+, um espaço de diálogo entre a sociedade civil e o governo.
Também presente na sessão, o representante de Portugal deu as “boas-vindas” ao relatório. Ele afirmou que “Portugal condena todas as formas de violência, discriminação e violação de direitos humanos”.
Falando em inglês, o representante português afirmou ainda que os líderes religiosos “podem desempenhar um papel decisivo no combate a preconceitos”.
Victor Madrigal acredita que a discriminação e a exclusão podem ter consequências graves e negativas para “dignidade e espiritualidade” das pessoas Lgbtqia+.
Para Madrigal, abraçar a espiritualidade e a fé é um caminho que deve estar disponível para todos”, incluindo as pessoas com orientações sexuais e identidades de gênero diversas.
* Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.
Fonte: Organização das Nações Unidas