A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos está lançando um programa de mentoria para pesquisadoras de três áreas: geociências marinhas, biologia e ecologia marinha de águas profundas, e oceanografia biológica.
A iniciativa S.H.E., ou “See Her Exceed”, ou “Veja ela avançar”, numa tradução livre, convoca cientistas de países em desenvolvimento, menos desenvolvidos, sem litoral ou insulares para ampliar a representatividade e liderança feminina no ramo marítimo.
Empoderamento feminino
A ONU News conversou com a coordenadora do programa, a bióloga Noemie Wouters. Ela disse que a entidade da ONU quer empoderar as mulheres que estudam sobre assuntos marítimos. Um setor que tem apenas 35% de representação feminina.
“A nossa iniciativa, que é o programa de mentoria no qual os mentores, que são os cientistas sêniores, vão ajudar cientistas femininas de países em desenvolvimento a avançar as carreiras para que tenham mais oportunidades científicas também no desenvolvimento profissional delas […] A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos está à procura de cientistas mulheres nos países desenvolvidos incluindo os países lusófonos em África, que têm experiência na área do fundo do mar.”
Segundo a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, a iniciativa se baseia no primeiro mapeamento de gênero lançado em junho de 2022, que identificou a falta de orientação profissional como um impedimento para o desenvolvimento na carreira.
Capacitação pessoal, profissional e científica
A coordenadora da iniciativa explica que o programa terá duração de 12 meses e será majoritariamente online pelo menos até à metade da formação.
“A fim de seis meses vamos organizar um workshop onde juntamos os mentees e os mentores, portanto toda a gente que participa no programa, para fazer um câmbio de informação e também de tentar fazer um treino mais prático com os mentees, mas é essencialmente um programa online”.
Dia Mundial dos Oceanos
As inscrições foram abertas na celebração do Dia Mundial dos Oceanos, neste 8 de junho. A iniciativa conta com a parceria do Escritório das Nações Unidas para países menos desenvolvidos, nações em desenvolvimento sem acesso ao mar e pequenos Estados insulares em desenvolvimento.
As interessadas têm até o dia 31 de agosto para se candidatar no página do programa (em inglês). Noemie Wouters encoraja as mulheres de países lusófonos a apresentarem seus dossiês.
“Estamos ansiosos de receber muitas aplicações, incluído de países lusófonos. Seria muito bom porque um dos mentores é um professor de geologia do fundo do mar de Portugal e pode facilitar se as pessoas falam português […] Portanto, queria incentivar as cientistas lusófonas nestes países, em ver a oportunidade e de se candidatar”.
Quebrar barreiras
O secretário-geral da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, Michael W. Lodge, acredita que o programa tem o potencial de quebrar as barreiras que impedem o progresso de inúmeras mulheres em sua jornada rumo à realização de carreiras de sucesso.
Ele agradeceu aos mentores, que trabalharam de forma voluntária na iniciativa, e afirmou estar ansioso para ver os “resultados transformadores” que a mentoria deve trazer.
Os mentores, compostos por homens e mulheres, são profissionais seniores da academia e da indústria que se envolvem voluntariamente e se comprometem a progredir nos três objetivos de desenvolvimento, profissional, pessoal e acadêmico, propostos pelos participantes.
A expectativa da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos é que o programa acelere o desenvolvimento pessoal e profissional, alimentem sua progressão na carreira e construam habilidades e redes profissionais.
Segundo Noemie Wouters, o programa reflete os esforços contínuos da entidade e seus parceiros em busca de soluções transformadoras para promover o empoderamento e a liderança das mulheres na pesquisa em alto mar.
Fonte: Organização das Nações Unidas