Nos dois primeiros anos do governo Lula, a gestão do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, trouxe mudanças no perfil orçamentário das Forças Armadas, com um leve aumento na taxa de investimento e uma redução nos gastos com pessoal. Enquanto no último ano do governo Bolsonaro, em 2022, 6,8% do orçamento de defesa foi destinado a investimentos, essa fatia subiu para 7,4% em 2023, com os valores ajustados pela inflação passando de R$ 8,6 bilhões para R$ 9,2 bilhões.
Por outro lado, os pagamentos de militares ativos e inativos, que representavam 80% do orçamento no governo anterior, caíram para 78,2% em 2023. Essa redução reflete a ausência de reajustes salariais, somando-se às já conhecidas distorções nos gastos com pessoal das Forças Armadas. Atualmente, os inativos respondem por 60% dessa despesa.
Embora a mudança seja discreta, ela sinaliza uma tentativa de equilibrar o orçamento. No entanto, os desafios permanecem: as despesas de pessoal ainda ocupam uma parcela elevada, e as reformas previdenciárias, incluindo a de 2019, não foram suficientes para alterar significativamente esse panorama.
Os investimentos em equipamentos e programas de defesa também estão aquém do recomendado. Enquanto a OTAN sugere que 20% do orçamento militar seja destinado a essas áreas, o Brasil ainda não alcança essa meta. Em 2024, os cinco maiores projetos militares brasileiros foram: a aquisição dos caças suecos Saab Gripen, com um desembolso de R$ 1,5 bilhão; o programa de submarinos convencionais da Marinha, com R$ 960 milhões; o controle do tráfego aéreo pela Força Aérea Brasileira (FAB), com R$ 840 milhões; o programa Calha Norte, importante para a defesa e desenvolvimento regional, com R$ 720 milhões; e a produção de cargueiros KC-390 pela Embraer, com R$ 690 milhões.
Apesar desses avanços, o país ainda enfrenta limitações significativas na composição dos gastos militares, indicando a necessidade de uma reforma mais ampla para alcançar maior eficiência e modernização do setor.