Lula afirma que Brasil e EUA chegarão a uma solução definitiva sobre tarifas comerciais em poucos dias

Lula e Trump se reúnem pela primeira vez para falar das tarifas e sanções que os Estados Unidos impõem sobre o Brasil

Assessores que acompanharam o encontro dizem que as conversas foram amistosas, descontraídas e positivas Foto: Ricardo Stuckert

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou nesta segunda-feira seu otimismo em relação à pronta suspensão das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, afirmando que ambos os países estão próximos de um acordo de altíssima qualidade.

“Tenho a impressão de que muito em breve não haverá problemas entre Estados Unidos e Brasil. Estou convencido de que em poucos dias teremos uma solução definitiva para que a vida continue boa e alegre, como disse Gonzaguinha em sua canção”, declarou Lula em entrevista coletiva em Kuala Lumpur, Malásia, após se encontrar com o presidente Donald Trump.

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O presidente brasileiro destacou que, durante o encontro, apresentou um documento com os principais tópicos que seu governo deseja incluir nas negociações bilaterais, incluindo o argumento de que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com o Brasil, o que eliminaria o motivo original das tarifas.

“Não estou exigindo nada que não seja justo para o Brasil. Os Estados Unidos não têm déficit com o nosso país, e essa foi a justificativa para a famosa taxação: as tarifas só seriam aplicadas a países com os quais houvesse déficit comercial”, enfatizou.

Questionado por repórteres se Trump havia feito alguma promessa, Lula respondeu com humor: “Não sou santo para receber promessas. O que ele tem que fazer é se comprometer, e o compromisso dele era chegar a um acordo de altíssima qualidade com o Brasil.”

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, informou que serão realizadas reuniões entre as delegações dos dois países nas próximas semanas para avançar na construção de um acordo bilateral.

“Combinamos trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes. Acertamos um cronograma de reuniões entre as delegações, com foco nos setores mais afetados pelas tarifas”, disse Vieira.

Por sua vez, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, enfatizou que as discussões com os Estados Unidos “estão progredindo espetacularmente bem”.

“O Brasil pede a reversão da decisão política sobre tributação. Os aspectos políticos não estão mais em pauta. Hoje estamos discutindo um acordo comercial, não questões de qualquer outra natureza”, acrescentou Rosa.

Durante o encontro com Trump, Lula também manifestou a disposição do Brasil em colaborar nas negociações com a Venezuela.

“O Brasil está à disposição para ajudar no que for necessário. Não temos interesse em uma guerra na América do Sul. Nossa guerra é contra a pobreza e a fome”, afirmou.

O presidente brasileiro insistiu que os conflitos devem ser resolvidos por meios diplomáticos. “Não podemos achar que tudo se resolve com balas. Não podemos fazer guerra para matar os famintos”, afirmou.

Lula também reforçou o convite ao presidente americano para participar da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), que será realizada em novembro na cidade amazônica de Belém.

“Convidei-o para ir à COP e disse: ‘É importante que você vá e diga o que pensa. Se você não acredita nessas coisas, vá lá e diga’. Não podemos fingir que não há crise climática”, disse Lula.

Na mesma entrevista, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, destacou a importância das recentes visitas oficiais à Indonésia e à Malásia, países com os quais o Brasil busca estreitar laços econômicos e comerciais.

“O Sudeste Asiático é hoje o epicentro do crescimento global, uma região dinâmica e polo de inovação tecnológica que ocupa um lugar central na política externa brasileira de diversificação de parcerias e atração de investimentos”, enfatizou Vieira.

Lula, por sua vez, afirmou que o Brasil apoiará a aspiração da Malásia de se tornar membro pleno do grupo BRICS, do qual atualmente faz parte.

O presidente comemorou seu 80º aniversário durante a viagem e disse estar no “melhor momento” de sua vida. “Nunca me senti tão vivo e com tanta vontade de viver”, concluiu.

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