No dia em que se tornou comendador como o terceiro maringaense agraciado com a Comenda Dom Jaime Luiz Coelho em uma cerimônia cheia de homenagens, o escritor e jornalista Antonio Augusto de Assis, o A.A. de Assis, recebeu mais algumas boas notícias: os originais do livro “Robson”, de sua autoria, primeiro livro publicado por um maringaense, foi tombado pelo Patrimônio Histórico; em setembro a Secretaria de Cultura vai promover em sua homenagem um evento literário que servirá como uma preliminar da Festa Literária Internacional de Maringá, a FLIM, e ainda vai publicar um livro com as melhores crônicas de Assis escolhidas por ele mesmo.
A.A. de Assis, mais antigo jornalista maringaense em atividade e mais antigo escritor em atividade, foi homenageado na manhã deste sábado, 5, com a Comenda Dom Jaime Luiz Coelho, outorgada pelo Legislativo e o Executivo de Maringá como a mais importante honraria da cidade, concedida a pessoas que comprovadamente contribuíram com algum aspecto do desenvolvimento e que morem há mais de 50 anos na cidade.
A homenagem a Assis foi proposta pelos vereadores Mário Verri (PT) e Manoel Sobrinho (PL), aprovada por unanimidade. A data de entrega da honraria coincidiu com o dia que completou 10 anos da morte de dom Jaime, primeiro arcebispo de Maringá e amigo pessoal de Assis.
Amigos de todas as áreas
A homenagem ao pioneiro não foi somente dos vereadores e do Executivo, mas também dos amigos. Estiveram presentes pessoas de todas as áreas marcadas pela atuação de A.A. de Assis, como profissionais da Imprensa, que o têm como um ícone e exemplo de competência, comprometimento e ética; amigos das Letras, principalmente membros da Academia de Letras de Maringá e da União dos Trovadores do Brasil; amigos da Educação, onde ele e a mulher, dona Lucilla, marcaram como professores de colégios e da Universidade Estadual de Maringá (UEM); amigos da igreja, que ele frequentou desde os primeiros dias em Maringá, atuou mais de 30 anos como professor do Cursilho da Cristandade e, como jornalista, cobriu a chegada do primeiro bispo, dom Jaime Luiz Coelho, de quem se tornou amigo, e os primeiros movimentos para a construção da Catedral.
Vida longa para “Robson”
Além de “Antonio Augusto de Assis” e “A. A. de Assis”, muitas obras do jovem jornalistas solicitado por jornais e revistas para cobrir os fatos dos primeiros anos de Maringá, teve também “Robson”, que publicava trovas, poemas e crônicas nos primeiros órgãos da imprensa maringaense. Robson era famoso, uma celebridade da imprensa, mas que ninguém conhecia pessoalmente.
Robson, na verdade, era um pseudônimo de Assis e publicou tanto que seus trabalhos foram reunidos e em 1959 e compuseram o primeiro livro publicado em Maringá.
Embora já esteja completando 65 anos, “Robson” vai ter vida longa. Neste ano, a editora Angela Ramalho Xavier, diretora da A. R. Publisher, publicou uma nova edição do livro histórico exatamente como a original, com a capa desenhada pelo primeiro artista plástico de Maringá, o engenheiro alemão Edgar Osterroth.
Neste sábado, o primeiro ato do prefeito Ulisses Maia foi assinar um decreto de tombamento dos originais de “Robson” depois de apurado trabalho realizado por uma comissão formada por historiadores, dando ao primeiro livro maringaense o lugar de destaque que merece na história da literatura local.
E, depois, o secretário de Cultura, Victor Simião, também escritor, anunciou um evento literário em homenagem aos 90 anos de Antonio Augusto de Assis no pré-FLIM e a publicação de um livro com suas crônicas.
É muita coisa prum poetinha
“É muita coisa prum poetinha”, disse Assis, se referindo a tantas homenagens que lhe estão sendo feitas. “Entre mais de 400 mil maringaenses, ser escolhido para uma comenda dessas, é muita coisa prum poetinha. Só o fato de a comenda ter o nome de dom Jaime já é uma preciosidade. Ele [dom Jaime] foi o personagem mais notável da história de nossa cidade e eu tive o privilégio de conviver com ele desde o dia em que chegou a Maringá, acompanhei toda sua trajetória como jornalista até o dia em que partiu de mudança para o céu, há exatamente 10 anos”.
Inspiradora, encarajadora e companheirinha
Quem conhece A. A. de Assis já contava que em algum momento a emoção lhe travaria a voz e encheria os olhos de lágrimas. Esse momento fechou seu discurso, quando falou da família e, de forma especial, de dona Lucilla, “minha inspiradora e encorajadora, companheirinha de uma vida inteira”.
Lucilla, professora na mesma cidade em que Assis nasceu, São Fidélis, no Rio de Janeiro, já era sua namorada quando ele se mudou para Maringá em 1955, com 21 anos. Depois de um período de namoro por correspondência, eles se casaram na cidade natal e deram início em Maringá a uma família, que já está na quarta geração.