A partir de uma demanda, surgiu uma solução tecnológica para agilizar dados e informações no controle do mosquito transmissor da dengue e de outras arboviroses.
Assim, pode ser resumido o processo em torno da criação do aplicativo para controle vetorial do Paraná. A cerimônia de apresentação e entrega desse mecanismo ocorreu na tarde desta terça-feira, 3 de setembro, no campus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
O desenvolvimento do software demandou dois anos de trabalho e pesquisa de professores e alunos da UEM, por meio do projeto de extensão “Uma Solução Tecnológica para a Vigilância Entomológica e Controle de Vetores das Arboviroses do Paraná”. A iniciativa faz parte do programa Universidade Sem Fronteiras.
Segundo a coordenadora Thelma Elita Colanzi Lopes, que é professora Dra. do Departamento de Informática (DIN), a extensão tem de pôr o ensino e a pesquisa a serviço da comunidade. Com isso, o aplicativo surgiu na área da 15ª Regional de Saúde; mas seu alcance extrapola as fronteiras geográficas. “Que todos os municípios paranaenses possam utilizar esse software. O benefício é para todo o Estado”, disse, durante a apresentação.
Em 2022, o hoje professor do campus Astorga do Instituto Federal do Paraná (IFPR) Douglas Lopes Farias, membro da iniciativa, a procurou. “A gente tinha muita dificuldade de encontrar, de acelerar o projeto. Porque a gente precisava de alunos, com bolsas, projetos, editais”, recordou Farias, durante sua fala, citando a importância do trabalho da enfermeira Greicy Cezar do Amaral, da 15ª RS, também presente ao evento.
As dificuldades estavam na falta de padronização dos 399 municípios paranaenses. Uma parte deles ainda conseguia contratar empresas privadas para utilizar aplicativos para informações sobre a dengue. Porém, sem condições financeiras, outra parte precisava lançar mão das velhas fichas de papel, por exemplo. Neste caso, perdem-se padronização e sincronização de dados. “Consequentemente, fica difícil tomar decisão de ações preventivas em tempo oportuno”, afirmou Lopes.
Neste cenário, o desafio para os alunos de uma disciplina na UEM, entre agosto e dezembro de 2022, foi atender duas demandas: o controle vetorial, que é o apoio aos agentes de campo em visita aos imóveis; e o desenvolvimento de ferramenta para integrar a esse aplicativo do controle vetorial. Foi um período de pesquisa sem bolsa, pois o recurso financeiro da Universidade Sem Fronteiras entrou apenas no segundo ano do projeto.
Esse trabalho inicial resultou em dois protótipos, sendo que um deles era um aplicativo para tablet. Mas a disciplina chegou ao fim e a professora Lopes precisava transformá-los em produtos, softwares. “Faltava aluno dedicado somente a isso”, lembrando que, naquele momento, apareceu o edital do Universidade Sem Fronteiras e ela montou o projeto para pedir bolsas de estudo.
Com a aprovação da proposta, que era focada no controle vetorial, as atividades financiadas foram iniciadas em setembro de 2023 e terminaram em agosto de 2024.
Aluno
Um dos participantes do projeto foi o então aluno de graduação João Vitor Staub Castanho. Ele estava no último ano de Ciência da Computação e ficou sabendo do projeto via comunicação institucional da UEM.
Achou interessante, se inscreveu e foi aprovado. Durante o desenvolvimento, trabalhou em várias frentes, como a geolocalização, que foi seu trabalho de conclusão de curso. “Foi muito gratificante a experiência, aprendi muita coisa. A [professora] Thelma me deu a oportunidade de ingressar na pós-graduação, no mestrado, sendo orientado por ela”, afirmou à reportagem.
Viabilização do projeto
Para pôr esse software da UEM em ação, é preciso ter um servidor disponível na Sesa em Curitiba, mantido pela equipe de TI da Secretaria. É para o aplicativo web, com todas informações elementares, como, por exemplo, o cadastro dos bairros.
Esse aplicativo será acessado via internet por computadores/laptops nas Unidades Básicas de Saúde ou secretarias municipais de saúde. “Vai ser possível fazer todos os cadastros básicos, especialmente cadastros de rotas, que é o que dá origem ao trabalho do agente em campo”, explicou Thelma Elita Colanzi Lopes.
Esse aplicativo permite ter informações centralizadas em Curitiba. Claro, isto depende das cidades que aderirem ao projeto. Segundo a professora, isso dá mais agilidade e evita pedir dados a todo momento para cada município.
Na outra ponta dessa solução tecnológica acadêmica, existe também o aplicativo móvel, que foi feito para rodar nos tablets. Esse app é sincronizado com o app web, uma tarefa que pode ser feita até mesmo na rua, caso tenha sinal de internet. Caso contrário, será na UBS ou secretaria municipal. Desse modo, conforme a coordenadora, a equipe de Curitiba consegue acessar as informações de cada município a partir do app.
Entrega do software
A cerimônia ocorrida nesta terça-feira, 3, foi apenas para entrega oficial da tecnologia à Sesa/PR. Mas o aplicativo ainda não está em funcionamento e tampouco disponível para uso. Tudo porque precisa do servidor na Secretaria de Saúde, para que assim os municípios possam começar a utilizar. Incluindo os tablets e computadores com internet nas cidades.
“Para que a gente possa fazer com que de fato o software seja utilizado pelos municípios paranaenses”, diz Thelma Elita Colanzi Lopes, à reportagem.
Presenças
A cerimônia de entrega do aplicativo contou com a presença das seguintes autoridades: o pró-reitor de Extensão e Cultura (PEC) da UEM, Rafael da Silva, representando o reitor Leandro Vanalli; o diretor do Centro de Tecnologia, Romel Dias Vanderlei; o diretor adjunto do CTC, Edwin V. Cardoza Galdamez; e a chefe da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores da Sesa, Emanuelle Gemin Pouzato.