Autores discutem vida e obra de Paulo Leminski na Semana Literária Sesc, em Maringá

Rodrigo Garcia Lopes, Ademir Assunção e Jr. Bellé, no Sesc Maringá (Crédito: Cristiano Martinez)

Homenageado na 43ª Semana Literária Sesc, o autor paranaense Paulo Leminski (1944-1989) estava no centro de um bate-papo no último sábado, 10 de agosto, na sala de cinema do Sesc Maringá.

Afinal, no próximo dia 24 completam 80 anos do nascimento desse multiartista, famoso pela produção poética; mas também de livros nos gêneros romance, contos e ensaios. Além de letras de música, tradução, redação publicitária, ensino, biografias jornalismo… e até mesmo no judô.

Não por sinal, Leminski foi definido como “erudito” pelo jornalista, poeta e letrista de música brasileira Ademir Assunção, ao longo de sua fala na Cidade Canção. O convidado traçou a jornada de Leminski, pontuando sua produção multifacetada e que conseguiu romper a bolha curitibana nos anos de 1980. Inclusive, o homenageado morou em São Paulo (depois voltou para a Capital do Paraná), onde se destacou e foi respeitado.

Assunção, que conheceu pessoalmente o “bandido que sabia latim” e foi curador da exposição “Leminski: 20 Anos em Outras Esferas” pelo Instituto Itaú Cultural, em 2009, também abordou aspectos sobre a finitude rebelde do poeta paranaense.

Jornalista, poeta e letrista de música brasileira Ademir Assunção (Crédito: Cristiano Martinez)

Já o jornalista, poeta, compositor, romancista e tradutor Rodrigo Garcia Lopes recordou quando conheceu, ainda um jovem estudante de jornalismo na Universidade Estadual de Londrina (UEL), o curitibano décadas atrás e se tornou amigo dele. Lopes ficou emocionado ao relembrar o poeta.

Além disso, destacou que a figura leminskiana foi importante para a sua geração. “Ele [Lemisnki] foi contra a ideia de que o ‘poeta bom é o poeta morto’, porque foi reconhecido em vida. Teve esse prazer tão raro, raríssimo”, observou o jornalista londrinense, autor de “Roteiro Literário – Paulo Leminski”, vencedor do Prêmio Literário da Biblioteca Nacional na categoria Ensaio Literário – e disponível gratuitamente para leitura AQUI

Jornalista, poeta, compositor, romancista e tradutor Rodrigo Garcia Lopes (Crédito: Cristiano Martinez)

Faceta de biógrafo em Leminski
Finalizando a mesa, o jornalista, pesquisador e programador de literatura do Sesc Av. Paulista Jr. Bellé fez um painel da produção leminskiana, se detendo na parte de crítica do autor, considerada pelo convidado como um “pensamento crítico muito potente”; a polêmica como forma de estratégia na postura de Leminski; a faceta compositora; e o lado biógrafo.

“As biografias do Leminski foram o meu objeto de estudo no mestrado”, afirmou Bellé, que é mestre em Estudos Culturais (USP) e especialista em Jornalismo Literário (ABJL). Além de doutorando em Estudos Literários (UFPR).

Ao longo de sua trajetória, Leminski biografou Cruz e Sousa, Bashô, Jesus e Leon Trótski, entre 1983 e 1986, durante um período extremamente fértil, nas palavas de do paranaense de Francisco Beltrão, Bellé. Este material está reunido no volume “Vida”, lançado pela Companhia das Letras em 2013. “Cruz e Sousa é personagem central de um movimento que Leminski chama de ‘underground’ e que muito o influenciaria: o simbolismo. Bashô, antes de se tornar pai do haikai, foi membro da classe samurai. E Jesus é um ‘superpoeta’”, conforme descrição da editora.

“Esses biografados revelam muita coisa do próprio Leminski”, disse o convidado, exemplificando com o catarinense Cruz e Sousa, maior poeta do Simbolismo, um período literário que se destacou em Curitiba. “E Leminski começa sua série biográfica falando sobre esse grande poeta sulista”, citando o fato de que o simbolista era um autor talentoso, proletário e negro num estado como Santa Catarina, despertando a inveja e sendo alvo de preconceito.

Jornalista, pesquisador e programador de literatura do Sesc Av. Paulista Jr. Bellé (Crédito: Cristiano Martinez)
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