Foi aberto na noite desta terça-feira, 22, no auditório do Bloco F67 da Universidade Estadual de Maringá (UEM), o 12° Colóquio Feminismo Negro, que se estenderá até sexta-feira, 24. Neste ano o colóquio tem como tema central “Corpos, Territórios e Narrativas” e presta homenagem à professora Aracy Adorno Reis, referência na luta por justiça racial e pelos direitos das mulheres negras em Maringá.
A programação (abaixo) terá atividades presenciais (palestras e mesas-redondas), à exceção dos grupos de trabalho (GTs), que irão acontecer remotamente, hoje, a partir das 14 horas (o link da sala será encaminhando por e-mail). Os trabalhos completos serão publicados na revista do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-brasileiros (Neiab/UEM), podendo ser enviados até 15 de novembro de 2025. As normas de submissão serão postadas no Instagram do Núcleo.
Promovido pelo Neiab e pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PGC), o evento terá participação gratuita e se propõe a ser um espaço de insurgência e reexistência. Segundo a organização do Colóquio, a ideia é convidar “toda a comunidade a refletir criticamente sobre como corpos de mulheres negras são representados e controlados, como seus territórios são disputados e ocupados, e como suas narrativas são silenciadas ou ressignificadas, propondo caminhos para racializar práticas e saberes”.
Grupos de Trabalho
Para discutir os temas “representações da mulher negra”, “corpos negros em movimento”, “a universidade como espaço de disputa”, “os lugares da mulher negra”, “um olhar sobre as vivências negras do cotidiano” e “tradição oral ao afrofuturismo”, os GTs serão divididos em três eixos: Corpos, Territórios e Narrativas.
Corpos, primeiro eixo do Colóquio, discute como a mídia, a ciência e as instituições perpetuam estereótipos que oscilam entre a hipervisibilidade exótica e a invisibilidade sistêmica, reduzindo mulheres negras a símbolos de diferença. Questões como a patologização de corpos em protocolos médicos, a reprodução de vieses racistas em algoritmos e a resistência estética por meio de danças, performances e arte emergem como centrais.
No eixo Territórios, o debate gira em torno da ocupação e reinvenção de espaços físicos e simbólicos. A universidade, palco de disputas epistêmicas e raciais, é analisada como um ambiente que exclui, mas também é transformada por mulheres negras que desafiam hierarquias acadêmicas. Paralelamente, territórios quilombolas, periferias urbanas e cargos de poder são explorados como espaços onde a presença negra feminina reescreve regras de pertencimento e projeta futuros antirracistas.
Narrativas, terceiro eixo, celebra a potência das vozes negras na desconstrução de arquivos coloniais. O eixo investiga como mulheres negras usam a escrevivência (conceito de Conceição Evaristo) para transformar vivências cotidianas em atos políticos.
Normas de submissão
Para participar, o autor/autora deverá fazer a inscrição no evento por meio da apresentação de um resumo, com até 2 mil caracteres. O documento deve ser formatado em fonte Times New Roman, tamanho 12, com espaçamento simples, e incluir obrigatoriamente a proposta que deverá estar adequada ao Grupo de Trabalho indicado, considerando, ainda, que o trabalho poderá ser individual ou em coautoria (no máximo, um coautor).
O arquivo submetido, em PDF, deve conter título do trabalho em caixa alta, negrito, centralizado; autoria, abaixo do título, à direita (em nota de rodapé/asterisco deve ser colocada a instituição de origem, a titulação, o e-mail e a agência financiadora); palavras-chave (no mínimo três e, máximo, cinco palavras, separadas por ponto e vírgula); resumo (até 2.000 caracteres com espaço), e referências seguindo as normas técnicas vigentes. As submissões que não se adequarem ao modelo serão rejeitadas. O resumo deve indicar, no próprio arquivo, o Grupo de Trabalho ao qual está vinculado, conforme o modelo disponibilizado.
Perspectiva de incluir
Para a professora Marivânia Conceição de Araújo, coordenadora do Colóquio, o objetivo do evento é fazer uma discussão sobre o papel e a presença da mulher negra na sociedade brasileira, em especial no que diz respeito ao feminismo. Conforme a coordenadora, o Colóquio vem na perspectiva de incluir no debate a situação da mulher de um modo geral e a situação da mulher negra de um modo específico.
Ao fazer um balanço das 11 edições realizadas, ela diz que o evento suscitou a discussão acadêmica, com avanço deste debate para além dos muros da universidade. Araújo comenta que a mulher negra é a base da sociedade brasileira. Araújo recorda uma frase de Angela Davis (professora, filósofa e ativista socialista norte-americana) segundo a qual “quando a mulher negra se movimenta toda a sociedade brasileira se movimenta também, uma vez que ela está no trabalho, na produção e na construção da subjetividade da sociedade brasileira.
Sobre a escolha de Aracy Adorno Reis para ser homenageada, a coordenadora enfatiza que a professora é uma importante militante e formadora do movimento negro em Maringá. Já foi, por exemplo, secretária municipal da Mulher, e tem um trabalho bastante atuante e presente nas discussões sobre a mulher e a população negra na cidade.
Programação do Colóquio
📅 23/07 (quarta-feira) – Híbrido (auditório do Bloco F67 e via Google Meet)
• 14h: apresentação dos Grupos de Trabalho – online
• 19h30: mesa “A mulher negra escreve a sua história, participantes”, com a professora Loide Nascimento (UEM) e professora Marleide Perrude (UEL) – presencial
📅 24/07 (quinta-feira) – Híbrido (auditório do Bloco F67 e via Google Meet)
• 14h: roda de Conversa “A Universidade por nós ocupada”, com Marcela Ferrari, Josiane Oliveira, Taíza Ramos e Carlândia Fernandes. Mediação: Marivânia Araujo.
• 19h30: mesa “Se este território fosse meu”, com Mãe Gi, Sol Gil e Dandara Sturmer. Mediação: Duana Silva.
Informações adicionais pelo e-mail uemneiab@gmail.com, site ou Instagram @coloquio.feminismo.neiab. O telefone para contato é (44) 3011-5065.
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