Uma receita familiar de frango com quiabo e uma sopa de abóbora que faz parte da história da independência do Haiti foram estrelas do Concurso Culinário Raízes e Receitas Afro-Brasileiras realizado pela Secretaria da Juventude, Cidadania e Migrantes (Sejuc). A etapa com os 10 finalistas foi presencial, com as receitas sendo preparadas na frente dos jurados, que acompanharam a preparação desde a seleção dos ingredientes até o prato.
A etapa decisiva foi no estilo MasterChef, realizada na Escola do Curso de Gastronomia da UniCesumar nesta quarta-feira, 19. O o concurso nasceu com o objetivo de celebrar a memória, a resistência e a ancestralidade da culinária afro-brasileira. As receitas dos finalistas serão reunidas em um e-book que integrará a memória cultural afro-brasileira do município.
A competição teve início às 10 horas, quando os finalistas tiveram duas horas para preparar os pratos sob os olhos atentos de sete jurados. O ambiente logo se encheu de aromas e histórias. Cada panela entregava uma narrativa ancestral. Ao meio-dia, os pratos foram avaliados e às 14 horas foram anunciados os nomes dos vencedores do concurso culinário.

1º lugar – Adriana Zenaide Batista de Paula com receita familiar de frango com quiabo;
2º lugar – Anderson Atanasio de Faria com o afetivo Feijão da Vó Donária;
3º lugar – Dohoty Francklin com a Soup Joumou”, uma sopa de abóbora que celebra a independência haitiana.
Os três premiados no concurso culinário Raízes e Receitas Afro-Brasileiras receberam troféus e prêmios, como airfryers, batedeiras e faqueiros. Os demais participantes receberam medalhas e faqueiros.
Frango, quiabo e tradição familiar
Emocionada, a vencedora, Adriana, contou que reviveu memórias da infância. “O prato acompanha minha família há décadas. É uma comida da nossa vida simples, do sítio. Minha família adora e hoje encantou os jurados também”, contou ela, que também agrada os paladares das crianças do Cmei Hebert José de Souza, onde é cozinheira.
O segundo colocado, o cozinheiro Anderson, ficou surpreso com a premiação. “Não acreditava que ia ganhar. É simples, mas cheio de memória. Minha bisavó só fazia na Sexta-Feira Santa. Fiz e deu certo”, contou.
A haitiana Dohothy Francklin, estudante de Gastronomia, se emocionou ao contar a história do prato. “Soup Joumou é a sopa da liberdade. Antes, éramos obrigados a cultivar a abóbora, mas proibidos de comer. Hoje, é uma honra saborear o que antes nos foi negado”, explicou. Dorothy, que mora no Brasil há sete anos, celebrou o reconhecimento: “Estou muito feliz. Ganhei medalha, troféu e presentes”, comemorou ao lado do marido, Mario Joseh e da filha de 1 ano, Sara, que a acompanharam em todas as etapas do concurso.
O concurso
A vice-prefeita Sandra Jacovós parabenizou os finalistas e reforçou a relevância da iniciativa. “Este evento nos permite conhecer a história não só ouvindo, mas saboreando. Vocês escrevem mais um capítulo importante da nossa cidade”.
A secretária de Juventude, Cidadania e Migrantes, Sandra Franchini, destacou a importância histórica do concurso culinário. “Queríamos registrar essa história, os sabores, as origens, as lutas e a força que atravessam gerações. Cada prato nos ensinou algo precioso”, afirmou.
“Que evento maravilhoso. Raízes e Receitas ficará marcado na história da Secretaria, da Prefeitura e da cidade. Parabéns a todos que cozinharam e aos que organizaram”, pontuou o vereador Guilherme Machado.
Representando o Governo do Estado, o coordenador de Políticas de Igualdade Racial (Semipi), Everton Carlos dos Anjos, reforçou o valor identitário da culinária afro-brasileira: “É um ato de orgulho e resistência. Essas receitas atravessam gerações e dão visibilidade a talentos que muitas vezes não tinham espaço”, salienta.
A jurada Andrea Shima, coordenadora do curso de Gastronomia, destacou a força simbólica das receitas. “Ver essa ancestralidade materializada nos pratos é emocionante. Alimentar-se é cultura, é simbologia, é memória”, disse.
Já o jurado Eduardo Batista, coordenador de Ciências Humanas e confeiteiro, destacou que “muitas receitas brasileiras têm origem africana e carregam essa força nos temperos. Somos um País múltiplo”, reforçou
A vice-presidente do Conselho Municipal de Igualdade Racial, Odília Barbosa, disse que o concurso culinário “é a realização de um sonho. Queremos que este concurso cresça, porque mostra que estamos presentes, que temos história, e estamos aqui para contá-la”.
Banca avaliadora
A banca avaliadora do concurso culinário foi composta por sete jurados que trouxeram diferentes repertórios técnicos, culturais e sensoriais para a leitura dos pratos. Fizeram parte do grupo: Madalena Alves, servidora aposentada da Prefeitura; Graciela Braccini, professora formadora da UniCesumar; Milena Costa, professora de Gastronomia; Andrea Shima, coordenadora do curso de Gastronomia; Eduardo Batista, coordenador dos cursos de Ciências Humanas e confeiteiro; Sandra Franchini, secretária da Juventude, Cidadania e Migrantes; e Taya Teles, representante da sociedade civil.
O concurso contou com o apoio da Unicesumar, Metanoia, Colégio Objetivo de Maringá, Eurogarden, Unimed Maringá e Casulo Feliz.
Veja também








