O curso de Educação Física, o primeiro a ser criado após a instalação da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e um dos mais antigos do Brasil, está completando 50 anos em 2023. Neste meio século, o Departamento já formou mais de 3 mil professores e profissionais de Educação Física, além de mais de uma centena de mestres e doutores.
O Departamento de Educação Física é o mais extensionista da UEM, com múltiplos projetos que atendem todas as idades. Mais de mil pessoas da comunidade maringaense se beneficiam semanalmente dos projetos de extensão e prestação de serviços, como academia, piscina, ginástica, diferentes tipos de lutas, ludoteca, esportes de quadra e futebol. Além disto, o Departamento está presente na Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati) e no Centro de Referência Paralímpico, com ações voltadas a pessoas com algum tipo de deficiência.
Conceituado, mas sem estrutura
Mas, nem sempre foi assim. O curso que deu início à criação de um centro de cursos da área de saúde foi criado sem qualquer estrutura. “Tinha 12 professores muito dispostos a fazer a Educação Física acontecer e os primeiros alunos que não mediam esforços para superar as dificuldades”, diz o professor Jair Henrique Alves, um dos fundadores do curso e primeiro diretor do Departamento.
Na primeira turma do curso estavam alguns alunos que fizeram história nos esportes, como o corredor Vicente Pimentel Dias, que por muitos anos era o cara a ser batido nas corridas de rua do Paraná, e Amilcar Machado Profeta, que foi secretário de Esportes na administração João Paulino e depois fez história como gestor na Secretaria dos Esportes do Estado de Rondônia.
“Não tínhamos estrutura, mas tínhamos a boa vontade dos professores e dos alunos. Acho que dali saiu uma das melhores gerações de professores de Educação Física que Maringá já teve”, diz Profeta, orgulhoso de ter sido o representante da primeira turma durante todo o curso e orador na formatura, em 1975.
Natação em cima da mesa
O curso de Educação Física das universidades estaduais de Maringá e Londrina (UEL) foram dos primeiros do Brasil fora das capitais. O da UEM, por exemplo, atraiu jovens de boa parte do Estado que buscavam formação para lecionar nos colégios estaduais.
“Tínhamos um curso que era novidade, um curso que era atraente, tínhamos alunos muito interessados se mudando para Maringá vindos de diferentes regiões, tínhamos 12 ‘professores fundadores’, mas não tínhamos estrutura nenhuma além da sala de aula”, conta Jair Henrique. “E Educação Física é o curso que acontece fora da sala de aula”.
Os alunos das primeiras turmas eram todos pessoas que já vinham do esporte e cada um conhecia bem pelo menos uma modalidade esportiva. Estavam na faculdade para conhecer os fundamentos, mas tinham pouca chance de aprender na prática o funcionamento de outras modalidades.
“O professor ficava gesticulando para tentar fazer o aluno entender como devia fazer o arremesso de uma bola à cesta do basquete, qual a posição do punho na hora de cortar uma bola no vôlei ou como pegar o máximo impulso numa prova de 100 metros rasos ou como fazer um salto com vara. O aluno tinha que usar a imaginação e se sentir fazendo o que o professor tentava explicar”, contava sempre nas rodas de amigos o professor aposentado Otávio Dias Chaves Júnior, o Cambará, uma lenda do basquete maringaense, que aceitou o desafio de ensinar teorias nos primeiros dias da Educação Física da UEM. Cambará morreu em julho deste ano, mas suas histórias ficarão para sempre.
A imagem de um professor deitado sobre uma mesa, cercado por atenciosos alunos, dando braçadas, respiração ofegante e vigorosos movimentos de pernas ficou famosa, correu mundo e mudou tudo no Curso de Educação Física de Maringá.
A reportagem da TV Cultura (hoje RPC) foi uma armação dos professores para obrigar a universidade e o governo do Estado a oferecerem o mínimo de estrutura para as aulas práticas. No dia seguinte, as aulas passaram a acontecer em clubes sociais, centros esportivos ou onde quer que houve quadra esportiva e piscina.
Homenagens na Câmara
Estas e outras histórias foram lembradas na sessão de quinta-feira, 26, da Câmara Municipal, quando por iniciativa dos vereadores Mário Verri (PT), Ana Lúcia Rodrigues (PDT) e Manoel Álvares Sobrinho (PL), foi concedido o título de Mérito Comunitário ao Departamento de Educação Física da UEM e do Brasão do Municípío ao diretor do departamento, professor doutor Ademar Avelar de Almeida Júnior.