Digalvi e Devequi vão representar Maringá no Slam Paraná em setembro

Digalvi ficou em 1º lugar e levou para casa o Troféu Pé Vermelho 2024 (Crédito: Cristiano Martinez)

A poesia falada tomou conta de Maringá neste domingo, 21 de julho, com a Grande Final do Slam Pé Vermelho. Trata-se de evento que faz parte do calendário cultural do município e desta vez coroou a escolha do júri com o Troféu Pé Vermelho 2024.

Além de duas vagas para representar a Cidade Canção no Slam Paraná, programado para ocorrer de maneira inédita em Maringá nos dias 7 e 8 de setembro deste ano. Slams habilitados de todo o Estado estarão em disputa pela vaga paranaense ao slam nacional, em dezembro, na Bahia.

Após três rodadas de muita rima, versos e emoção envolvendo sete poetas, Digalvi somou mais pontos na derradeira disputa e levantou o troféu. Já Devequi ficou em 2º lugar; e Jazz, em 3º. Desse modo, os dois primeiros representarão Maringá na edição paranaense do campeonato de poesia falada, uma das modalidades mais genuínas e urbanas da arte poética.

“Para mim é uma grande honra”, diz Digalvi, sobre representar a Cidade Canção. Ele é poeta, agricultor, slammer e militante do Coletivo Negro Minervino de Oliveira e do Partido Comunista Brasileiro. Nasceu em Umuarama, depois se mudou para Sarandi e passou a participar do circuito de slams. À reportagem, conta que sempre se sente acolhido nesses eventos.

Quando saiu da zona rural para trabalhar na cidade, viu o quanto o trabalhador é explorado. Ele testemunhou muitas contradições no sistema e passou a se organizar politicamente no movimento negro. “E também colocar isso na minha poesia. Quais são as condições dos trabalhadores negros aqui no Brasil e no Paraná, de modo geral”, destacando que é preciso lutar por melhores condições de vida.

Público acompanhou atento às rodadas com poetas (Crédito: Cristiano Martinez)

Com 24 anos de idade, Digalvi conta que escreve desde os 8, tendo iniciado na escola. Passado certo tempo, parou de praticar a poesia; mas quando conheceu o rap e se organizou politicamente, retomou o caminho, incrementando seus textos. “Tanto a parte da luta política mesmo, quanto a poesia. Uma coisa complementa a outra”.

O poeta está em pré-venda de seu livro “Odeio o cheiro do que eu não posso comprar”. Trata-se de coletânea de poemas escritos entre 2021 e 2024, muitos deles apresentados nos saraus, batalhas e Slams da região Noroeste do Paraná. “Juntos, eles narram as condições dos trabalhadores negros da região, assim como a necessidade de organização política para o alcance de uma emancipação radical”, diz a descrição do material da editora Pedregulho.

Aliás, a obra tem lançamento previsto para ocorrer durante a Festa Literária Internacional de Maringá (Flim), em setembro, no Teatro Calil Haddad.

E o trabalho de Digalvi pode ser acompanhado pelo Instagram: @digalvi

Digalvi é de Umuarama e morou em Sarandi (Crédito: Cristiano Martinez)

Devequi também representará Maringá
Figura atuante na poesia e na música, Vinicius Devequi estava emocionado com a classificação ao Slam Paraná. Principalmente porque ele participou da criação do Slam em Maringá, quando tinha 17 anos. “E hoje ver o que se tornou aqui, com todo esse tamanho, é um reconhecimento muito grande. Sempre escrevi só para desabafar no papel”, explicando que está pensando em viver disso, ou seja, do trabalho artístico.

Inclusive, sua poesia atual é no formato de desabafo, muito calcada em suas vivências, em seu cotidiano. “Além de ser o ‘Devequi’, é o ‘Vinicius’”, referindo a seu nome e sobrenome. “O que eu estou sentindo. Porque poesia é sentimento. Isso que me move, que me mantém vivo”.

Ele recorda que começou a escrever em 2017. No ano seguinte, conheceu o pessoal do Coletivo Pé Vermelho. Em 2019, participou da criação e organização. Em seguida, saiu porque se achava muito jovem.

Hoje, quer viver da arte, lançando música e com planos de entrar no teatro.

Para acompanhar o trabalho de Devequi, siga seu Instagram: @viniciusdevequi

Devequi é músico e slammer (Crédito: Cristiano Martinez)

Slam Paraná será em setembro
Pela primeira vez, Maringá vai sediar presencialmente o Slam Paraná, reunindo iniciativas habilitadas de poesia falada de todo o Estado. Será em 7 e 8 de setembro, sendo que no primeiro dia haverá uma formação literária (ainda a ser definida) e, no segundo dia, a competição entre poetas com seu material autoral.

O vencedor do Slam Paraná vai representar o Estado no evento nacional, na Bahia, em dezembro.

Slam também teve o chamado “microfone aberto”, fora da competição (Crédito: Cristiano Martinez)

Entenda
Não é de hoje que o Coletivo Pé Vermelho vem promovendo a poesia falada em Maringá. São mais de 40 edições realizadas periodicamente. Antes era na “Praça da Prefs” (Praça Deputado Renato Celidônio). Mas como este espaço público está interditado por conta das obras do Eixo Monumental, os slams são realizados de maneira itinerante em 2024.

Durante esse tempo, os sete poetas finalistas deste domingo, 21 de julho, se classificaram ao longo de cada edição do Slam Pé Vermelho. São eles e elas: Bolinha Podre (classificado em maio de 2024); Geovana Ragioto (classificada em março de 2024); Alexandra (classificada em fevereiro de 2024); Digalvi (classificado em março de 2024); Evellin (classificada em junho de 2024); Devequi (classificado em outubro de 2023); Jazz (classificada em setembro de 2023).

Em agosto, uma das integrantes do Coletivo Pé Vermelho, Érica Paiva Rosa, ministrará oficina durante a 43ª Semana Literária Sesc em Maringá.

****Abaixo, sete poetas finalistas que disputaram o Troféu Pé Vermelho 2024 neste domingo (fotos: Cristiano Martinez):

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