Nesta terça-feira, 11, autoridades, geradores de energia elétrica e produtores rurais debateram o futuro da energia limpa no Brasil, durante a Expoingá 2022, expectativa de novos investimentos e a possibilidade de as empresas rurais alcançarem autonomia por meio da geração própria.
O 1° Congresso Brasileiro de Geração Compartilhada, realizado no Centro de Eventos II do Parque de Exposição Francisco Feio Ribeiro, foi promovido pela Sinergi Cooperativa e a Sociedade Rural de Maringá (SRM) e apoio de vários parceiros. O Congresso fez parte da programação da Expoingá 2022 e trouxe alguns dos maiores especialistas em geração compartilhada e produção de energia limpa.
Segundo o fundador e presidente da Sinergi, primeira cooperativa de geração de energia do Paraná, João Garcia, o momento é propício para se discutir geração, principalmente no que se refere às propriedades rurais, que podem ter a produção de energia como alternativa além de oportunidade para se alcançar a autonomia no que se refere à eletricidade e assim poder ampliar suas atividades.
As palestras puderam ser acompanhadas de qualquer ponto do planeta por meio das redes sociais da Sinergi Cooperativa, que transmitiram o evento ao vivo.
Presidente da SRM desta o associativismo
Ao participar da abertura do Congresso, a presidente da Sociedade Rural de Maringá, Maria Iraclézia de Araújo, falou da atualidade do tema do evento, bem como da importância do associativismo que tornou-se uma marca de Maringá.
O destaque ao associativismo deve-se ao fato de o congresso ser realizado por uma cooperativa, a Sinergi, resultado da iniciativa de jovens empreendedores, como seu presidente, João Garcia, produtor rural, integrante da Sociedade Rural Jovem, que encontraram uma oportunidade e uma necessidade da sociedade brasileira.
“Maringá, que hoje está completando 75 anos, é uma cidade que nasceu na prancheta, tem sua forma de organização e tornou-se o lugar onde se aprendeu a cooperação, temos aqui uma das melhores cooperativas do País, que é a Cocamar, e no nosso entorno temos várias outras cooperativas, como a Coamo, Cocari, Integrada e pequenas cooperativas que se somam”.
Para Iraclézia, a pessoa ou a empresa pode ser boa, mas alcançará resultados muito melhores em cooperação com outros. Ela diz que há pessoas com expertise e podem ajudar qualquer iniciativa a ter êxito.
Um mar de oportunidades
Representando o Conselho de Administração da Itaipu Binacional, a ex-governadora do Paraná Cida Borghetti citou que durante sua gestão no governo foram assinados importantes incentivos para a geração própria de energia.
“Os mais preparados para o futuro são os que estão se posicionando e acessando os recursos energéticos de menor custo e de menor impacto ambiental”, disse.
Segundo ela, o Brasil é signatário no Acordo de Paris e se comprometeu com a redução de 37% de suas emissões de gases que provocam o efeito estufa em 2025 e de 43% em 2030, além de ter matriz energética 50% limpa até 2050. “No contexto, o que nós enxergamos para o Brasil é um mar de oportunidades”.
Para Cida Borghetti, quem aproveitar estas oportunidades contará com um mar de recursos naturais para produzir energia limpa e agregar valor à produção brasileira.
Experiência internacional
Além dos especialistas que atuam no Brasil, o Congresso Brasileiro de Geração Compartilhada contou com a presença da representante da Confederação Alemã das Cooperativas (DGVR), Camila Japp. A confederação está presente em quatro continentes e em quase toda a América Latina.
Segundo Japp, mais de 40% da capacidade instalada dos sistemas de geração de energia eólica, solar, bioenergia e e outras fontes, na Alemanha, pertencem às pessoas privadas e agricultores. Deste montante, 3,5% foram geradas por meio de cooperativas de energia no último ano.
Energia necessária ao desenvolvimento
“Não se imagina, de agora em diante, qualquer processo agrícola sem contar com energia de qualidade, confiável e estável e, se possível, barata”, afirmou o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, um dos palestrantes no 1º Congresso Brasileiro de Geração Compartilhada, realizado na Expoingá 2022.
Segundo Ortigara, praticamente todas as atividades do campo dependem de energia elétrica e esta dependência aumenta na medida em que o agricultor busca mais e mais tecnologia.
“Entre 15% e 20% do custo de produção de um frango é energia elétrica e qualquer variação de tensão, qualquer que, interrupção prolongada significa morte de pintainhos, morte de frangos, significa perdas na retirada do leite, na secada de tabaco. Todas as cadeias relevantes que temos no agro requerem energia e energia de qualidade”.
O secretário cita que antigamente um barracão de frangos engordava cerca de 700 aves por ciclo de 41 dias. Hoje guardam cerca de 5 mil, o que significa a necessidade de mais energia elétrica.
Ortigara elogiou a iniciativa de se investir em fontes de energia limpa e enalteceu a Sinergi e a Sociedade Rural de Maringá por iniciarem um debate sobre o assunto e levarem informações a quem precisa, principalmente ao produtor rural.
Segundo ele, o setor produtivo do Paraná vai precisar cada vez mais de energia diante da expansão que está acontecendo em vários setores.
“A avicultura está crescendo de 3% a 5% ao ano, a psicultura vai crescer de 15% a 20% ao ano no Paraná e o setor de suínos vai crescer de 50% a 70% nos próximos cinco anos. Vários projetos de criação e de abate estão começando e outros estão projetados para breve”.
O secretário diz que não aproveitar os recursos naturais que geram energia é desperdiçar dinheiro, “é rasgar nota de duzentos”. Em um Estado com sol praticamente o ano inteiro e que produz grande quantidade de biomassa, produção de energia pelo proprietário rural é buscar autonomia. “Vamos mostrar ao mundo a agricultura autossustentável, a verdadeira ESG [Environmental, Social and Governance], que é o jeito chic de falar”.
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