Menino da Morangueirinha, Enio Verri vai para o comando da gigante Itaipu

enio verri faz repasse de Itaipu para municípios

Enio Verri diz que Itaipu tem um importante papel social para cumprir no Paraná Foto: Arquivo

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Segunda maior hidrelétrica do mundo e que tem o orçamento maior do que o de muitos Estados, se prepara para uma nova fase, que será coordenada por um maringaense

 

Luiz de Carvalho

Às vésperas de ser empossado para o terceiro mandato na Câmara Federal, o deputado Enio Verri, do PT, não conseguiu mais dormir direito desde o momento em que ficou sabendo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o queria como presidente da Itaipu Binacional. E perdeu o sono de vez depois que o presidente da República lhe confirmou pessoalmente, na última quinta-feira, 26, pensando em como vai administrar uma das mais importantes empresas do Brasil, que tem orçamento maior do que o da maioria dos ministérios e do que o de muitos Estados.

Caberá a Enio Verri, “menino da Morangueirinha”, como ele mesmo se descreve para lembrar da origem de filho de dono de um pequeno comércio de vila em Maringá, aluno da Universidade Estadual de Maringá, depois professor na mesma instituição, que agora vai dirigir a binacional no momento em que estudos apontam para a viabilidade do aumento da capacidade instalada de Itaipu com outras fontes de energia renovável, como a solar, e apoiar projetos de biogás, biodigestores, ecofogões e instalação de painéis fotovoltaicos em comunidades isoladas.

O nome de Enio Verri foi escolhido por Lula entre nomes consagrados da política brasileira, como o do ex-governador e ex-senador Roberto Requião, o deputado federal Zeca Dirceu, o ex-ministro Paulo Bernardo e o ex-deputado Angelo Vanhoni, todos do PT.

O MARINGÁ – O Sr. assumindo Itaipu terá que renunciar ao mandato de deputado. E a sua região, que tanto depende de recursos do governo federal, perde o representante que é ligado ao atual governo.

ENIO VERRI  – Nunca vou deixar minha região. Por um lado, tem que renunciar ao mandato, mas por outro lado há o desafio de dirigir uma das maiores hidrelétricas do mundo e ter um orçamento gigantesco para investimentos que podem beneficiar os municípios. O presidente tem um projeto para a Itaipu e deu a mim a missão de realizar esse projeto, eu não poderia dizer ‘não’ diante de um desafio desse tamanho. Eu sei o quanto as cidades da região dependem dos recursos de emendas parlamentares, mas acho que poderei fazer muito pelo Paraná à frente da Itaipu. Meu compromisso com o Paraná continua o mesmo. Na Câmara ou em Itaipu, vou continuar trazendo recursos para os municípios.

Nunca antes na história deste país, um partido político passou por tantos percalços em tão pouco tempo quanto o seu, o PT. Impeachment da presidente eleita democraticamente, ex-presidente preso, ex-ministros presos. No entanto, em pouquíssimo tempo o partido dá a volta e está novamente por cima. Como o senhor explica isso?

Vejo que há um grande reconhecimento da importância do PT para o Brasil. Mostra o tamanho do PT. Pense nas calúncias que foram feitas contra o Partido dos Trabalhadores, contra a presidente Dilma, o Impeachment, a prisão do presidente Lula por 580 dias… Depois a Justiça concorda que a presidente Dilma não cometeu crime, Lula foi absolvido. A vitória na eleição é um reconhecimento pelo quê Lula e o PT fizeram pelo País.

Mas o partido estava em baixa na eleição passada?

Mesmo na crise, o Partido dos Trabalhadores sempre se manteve como o grande partido do Brasil. Quatro anos atrás, o Lula estava preso, havia nos meios de comunicação muita divulgação contrária aos governos petistas e mesmo assim as pesquisas de opinião pública o mostravam Lula como favorito na eleição para presidente. Faltando pouco mais de 20 dias para o primeiro turno da eleição, como não pode sair da prisão para disputar a eleição, Lula lançou o [Fernando] Haddad, que tinha perdido a reeleição para prefeito de São Paulo no primeiro turno, era desconhecido para o resto do Brasil, no entanto, o Hadad foi para o segundo turno e teria sido eleito presidente se não fosse a facada no [Jair] Bolsonaro. E ainda tem mais: mesmo com aquela ‘crise’, a maior bancada eleita para a Câmara foi a do PT.

Enio Verri e Lula mantém uma ligação de mais de 40 anos, iniciada na criação do PT Foto: Arquivo

A crise do PT era irreal, então?

Mostrou que mesmo naquela situação o partido tem um respeito muito grande da sociedade, mesmo com tudo que fizeram contra o PT. É aquela frase: tentaram nos enterrar, mas não sabiam que éramos sementes. Brotamos.

E hoje?

Essa crise que o Brasil passa, construída pelo Bolsonaro, levou o presidente Lula a criar uma frente muito ampla. Para se ter uma ideia do tamanho dessa frente ampla, quando o Lula viu o tamanho da crise do país, ele procurou o maior adversário político dele, que era o [Geraldo] Alckmin. E o Alckmin, gigante, concordou e os dois juntos foram buscar outras forças políticas. Veio o [Guilherme] Boulos. Depois o [João] Amoedo. São pensamentos muito diferentes, mas todos eles tem algo em comum: sabem que a crise é gigantesca.

Formar essa frente foi o primeiro teste de fogo do Lula?

Todos eles têm uma saída diferente para o país. A tarefa do presidente nesses quatro anos é recuperar a democracia, o respeito às instituições e reorganizar o Estado brasileiro, com distribuição de renda e desenvolvimento econômico. Depois, cada um desses líderes segue seu caminho com seus partidos.

Ele, o presidente, é uma espécie de coordenador dessa frente.

Sim. Ela é muito maior do que parecia na eleição. O país precisava dessa frente e o Lula era o líder que podia fazer isso, congregar forças tão diferentes.  Ele não é simplesmente alguém que manda, é alguém que conversa, sabe negociar mesmo com quem é do contra. Prova disso, prova da força da união de todos, foi o resultado da votação da PEC do Bolsa Família. Ele, o Lula, ainda nem era o presidente, mas o Congresso foi gigante e entendeu o que o país precisava naquele momento.

 

 

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