O Gnão não tem esse nome por acaso. É a “banda do Gnão”, em referência a Fagner de Souza, o Fagnão, professor e músico. Aliás, ele é a banda: cantor, multi-instrumentista, compositor, produtor… o cara que faz tudo no processo de criação. Verdadeiro exército de um homem só. Isso desde 2020, quando surgiu a ideia de montar o projeto autoral de música com pegada simples e visual glam rock.
Nesse pouco tempo de existência, já foram dois álbuns conceituais, a ópera rock “Jornada Divina” (2021) e “Rékso, Rockas e Droguen Soul” (2023). Da feitura das músicas à gravação, tudo feito por Fagnão, que fez cursos sobre produção e tirou da gaveta suas canções escritas há muito tempo, mas que nunca tinham chegado aos ouvintes no formato de registro fonográfico.
“Tem uma música no segundo álbum que eu acho que fiz quando tinha uns 19 anos, que é a mais romantiquinha”, recorda, em entrevista nos estúdios do jornal O Maringá. Segundo ele, suas letras costumam ser mais escrachadas e provocativas. “Agora eu consigo fazer as gravações, mas de forma geral a banda tem uns três, quatro anos”.
Já nas apresentações ao vivo de seu projeto autoral, Fagner conta com a presença ilustre de amigos para compor o power trio de guitarra/voz, baixo e bateria. Geralmente, os convidados são músicos, caso de André e Pedrinho, que o acompanham na banda cover Sanitário Feminino, que existe há mais de 20 anos.
Outra possibilidade é fazer um show de voz e violão, com arranjos diferentes da versão com banda. “E tento espantar o povo do bar”, brinca Fagnão. Nesse clima bem-humorado, ele conversou com a reportagem, contando também que costuma fazer alguns covers de Júpiter Maçã e Rogério Skylab, duas figuras “malditas” do rock and roll nacional. De fato, as apresentações do líder do Gnão são para os fortes.
Ideário
Da curta discografia do Gnão, “Rékso, Rockas e Droguen Soul” segue à risca o ideário do “faça você mesmo”, ou seja, bem punk rock. São riffs crus, vocal rasgado e sonoridade simples e pesada. “Eu vou, pego e meto a guitarra. Não deu certo? Eu vou, eu volto de novo, faço a bateria. Faço de novo”.
Ele conta que, no processo de composição, começa construindo pela harmonia vocal, por ter estudado mais canto; e depois o refrão. “Sempre vou construindo em volta para sempre cair no refrão”, acrescentando que sempre tem uma história em torno da letra.
Aliás, Fagnão é fiel ao conceito de álbum, ou seja, de que uma faixa “conversa” com a outra, do início ao fim do disco. Elas têm sintonia. Não por acaso, o músico produziu uma ópera rock sobre a trajetória de um personagem.
Visualmente, ele costuma compor seu figurino nos shows, ao estilo glam rock, com maquiagem, brincos e adereços nas roupas. Ele estava vestido a caráter para a entrevista.
Festival
Morando atualmente em Apucarana, no Norte, onde dá aulas de biologia, Fagnão já passou por Maringá e o Triângulo Mineiro, estudando e trabalhando no ensino superior. Em maio de 2024, ele foi uma das 19 atrações do 1º Festival de Bandas Autorais, que rolou no Teatro Reviver Magó a cargo da Associação Cultural Rock do Paraná (ACRP), que é presidida por Ronaldo Marques.
Nesse evento, o músico estava acompanhado de amigos na banda e tocou sua composição autoral “Papo mais estranho”, do “Rékso, Rockas e Droguen Soul”. “Para mim, foi uma experiência bem interessante”, explicando que a música autoral tem pouco espaço, ainda mais com som de qualidade, como foi no Festival. “A gente conseguiu ver muitos artistas distintos”, elogiando a diversidade sonora de bandas e artistas.
De maneira geral, Fagnão diz que adorou o evento organizado pela ACRP e está à disposição para outro encontro.
Novo disco
Nesse momento, o músico e mentor da banda Gnão está em processo de produção de seu terceiro disco, previsto para ser lançado em 2025. Na verdade, já era para ter saído e vai se chamar “Músicas melancólicas para o fim de tarde frio e chuvoso”. Segundo ele, canções para dar desânimo e sentar debaixo da coberta no friozinho, olhando para a janela.
Além do futuro álbum, Fagnão lançou dois singles, um com letra de um amigo, “Dois minutos de ódio”, que é baseado no livro do Big Brother; e outro de mais um amigo, um blues sobre ter uma banda. Ambas são músicas “soltas”, ou seja, que não vão entrar nos álbuns do Gnão.
O terceiro disco será novamente produzido do início ao fim por Fagner de Souza. Por enquanto, não pensa em convidar um produtor de fora para trabalhar no material. Ele gosta do ruído, por exemplo. Na mão de outra pessoa, poderia ser limado do disco e isso não é algo cogitado pelo músico.
Serviço
Para conhecer mais o trabalho da banda Gnão e de Fagner de Souza, acesse seu perfil oficial no Instagram (@gnao_oficial). E escute suas músicas nas plataformas digitais, caso do Spotify.