Há quem diga que a data de dois de novembro é uma data de tristeza, outros relembram dos mortos indo até os túmulos e tem ainda quem tire o dia para reflexão. No século X, a igreja escolheu um dia especial para lembrar das pessoas queridas que já se foram.
Na fé Católica a ressurreição é uma certeza, assim como está escrito na Bíblia Sagrada, afirma o Vigário Geral da Arquidiocese de Maringá, Padre Israel Zago. “É um dia que vamos ao cemitério, enfeitamos os túmulos, lembramo-nos da pessoa que nos deixou e pedimos que pela graça de Deus, esta pessoa participe da vida nova em Cristo. Neste dia acima de tudo nossa oração deve estar alicerçada na nossa fé”.
A oração direcionada para as pessoas que já se foram no intuito que elas alcancem a graça da ressurreição é o ponto principal para os católicos neste dia. O padre cita uma oração que é realizada pelos fiéis em todas as missas. “Lembrai-vos também dos nossos irmãos e irmãs que morreram na esperança da ressurreição e de todos que partiram dessa vida. Acolhei-los junto a vós na luz da vossa face”.
“Que o Dia de Finados seja um momento em que todos nós que cremos na ressurreição nos unamos, lembrando daquelas pessoas que já se foram e pedindo que a misericórdia de Deus seja presente na vida de todos e todos possam alcançar a vida definitiva em Jesus”, pede o Vigário.
Data para a psicologia
A psicologia entende que o dia 2 de novembro é a data em que as pessoas se unem para visitar os túmulos dos entes que já se foram em sinal de respeito, levando o sentimento de dever cumprido e de alívio em memória da perda da pessoa que amava em vida.
O especialista em psicologia clínica, da saúde e hospitalar Lucas Seule destaca que o significado é particular de cada pessoa, umas ficam em casa como um feriado comum, mas para a grande maioria o significado religioso e de lembrança fica evidente. “Esse processo é importante para o ser humano, pois ele traduz as angústias. Quando a gente se sente muito angustiado com aquilo que a gente já perdeu, a nossa mente busca dar um sentido a tudo aquilo que já não está mais presente”.
Processo do luto
Negação: é muito comum logo após a perda da pessoa amada a fase de negar que já se foi. O psicólogo explica que isso é muito comum. “É uma forma da mente amortecer o impacto daquela notícia difícil. A negação serve para auxiliar a mente a receber a informação menos catastrófica”.
Raiva: a pessoa procura um culpado (a vida, Deus, equipe médica ou até si mesmo).
Barganha: a fase em que a pessoa já enxerga melhores formas de lidar com o luto e busca alternativas para amenizar a dor da morte (pensa em ir à igreja, ficar mais próximo dos entes queridos, mudar hábitos e ser mais generoso).
Depressão: resposta de angústia, esgotamento de todas as argumentações e justificativas plausíveis e não plausíveis. “Quando chega o momento da depressão a angústia impulsiona a pessoa a uma ‘aceitação’ [5º ponto] de que o ente partiu, de que não há desculpas para o que aconteceu e também um momento de beleza e compreensão do movimento de nascer, desenvolver, crescer e também do falecimento”, esclarece o psicólogo.
Para Seule, o momento de luto é sinal de respeito, de amor e o Dia de Finados traz essa representação e significado de aceitação, um fechamento daquilo que ficou aberto por um tempo, seja na perda de um filho ainda bebê ou de uma pessoa idosa acamada. Ele explica que as pessoas precisam priorizar os momentos com as pessoas que mais amam e cita uma frase da doutora e pesquisadora da área de luto, Elisabeth Kübler-Ross. “Não espere o momento em que desejará dar uma última olhada no oceano, no céu, nas estrelas ou nas pessoas queridas, vá olhar agora”.