Golpes pelo WhatsApp

Golpes pelo WhatsApp

Cerca de 2 bilhões de pessoas em mais de 180 países utilizam o aplicativo de mensagens - Foto: divulgação

O WhatsApp, aplicativo de mensagens instantâneas multiplataforma (áudio, vídeo e texto), que também permite ligações grátis de voz e vídeo, foi criado em 2009 por Jan Koum e Brian Acton. De acordo com informações no site do aplicativo, são mais de 2 bilhões de pessoas em mais de 180 países utilizando o ‘Whats’ para contactar amigos, familiares, até mesmo fornecedores em qualquer horário (dia e noite). “Implementamos a proteção com a criptografia de ponta a ponta nas últimas versões do nosso App. Com ela, suas conversas e chamadas permanecem seguras e ficam somente entre você e as pessoas com quem você está conversando. Nem mesmo o WhatsApp pode ler ou ouvi-las”, informa.

Assim como o aplicativo é uma importante ferramenta para a comunicação, utilizado tanto por pessoas físicas quanto jurídicas, o WhatsApp também atrai a atenção de criminosos, que aproveitam a lista de contatos das vítimas para praticar golpes.

Até mesmo o governador do Paraná, Ratinho Junior, foi vítima de golpe no WhatsApp. Ele utilizou as redes sociais no dia 2 de agosto para compartilhar o recado: “Pessoal, meu celular foi clonado! Cuidado com os golpes que estão sendo aplicados. Qualquer pessoa que esteja tentando entrar em contato, cuidado, não sou eu”, afirmou.

O deputado estadual Hussein Bakri (PSD), líder na Assembleia Legislativa, comunicou aos deputados e secretários estaduais sobre a clonagem do celular, para que os as pessoas pudessem se prevenir contra estelionatários. Em 2018, a então chefe do executivo, Cida Borghetti (Progressistas) e o deputado estadual e primeiro secretário da Assembleia Legislativo do Paraná, Luiz Claudio Romanelli (PSB), também passaram por essa mesma situação.

De acordo com o delegado de estelionato, Fernando Gomes Garbelini, dos 2.400 boletins de ocorrência registrados em Maringá cerca de 800 deles é referente a crimes envolvendo WhatsApp, ou seja, aproximadamente um terço dos casos. “Do ano passado para cá existem duas situações em relação às ocorrências ligadas ao WhatsApp que é a clonagem do número de celular ou a utilização de um perfil falso com a foto da vítima em um número aleatório. No primeiro caso o golpista entra em contato com a pessoa e pede para que ela forneça um código verificador que foi enviado via SMS. Se ela informar esse código o criminoso terá acesso a todas as conversas, contatos e informações do WhatsApp”, alerta. Segundo Garbelini, a segunda modalidade é a que está sendo mais usada atualmente. Obs: esse número pode ser considerado ainda maior, visto que existem casos que a vítima não registra a ocorrência.

A bióloga Fernanda Cândido nos contou que teve o número de celular clonado em março deste ano e foi avisada pelas amigas da faculdade, que receberam pedidos de dinheiro emprestado e desconfiaram que havia algo errado. “Vi que meu whats tinha desconectado sozinho. O golpista pediu dinheiro aos meus contatos e meus amigos vieram me perguntar se estava tudo bem e contaram que os pedidos de empréstimo foram de R$ 1 mil até R$ 5 mil”, informou. Ela não fez o boletim de ocorrência, somente desinstalou o aplicativo e procurou informações na internet sobre o procedimento que deveria realizar, descobrindo que deveria enviar um e-mail para o suporte do WhatsApp relatando o caso. Fernanda ficou sete dias sem o aplicativo e comunicou os amigos e familiares nas redes sociais para ficarem em alerta, pois haviam clonado o número de celular dela e estavam pedindo dinheiro aos contatos. “Recebi uma ligação que dizia ser uma pesquisa sobre a covid-19 e ao final a pessoa falou para eu informar o número de protocolo que eu havia recebido por SMS”, relembra Fernanda, que sem perceber estava fornecendo o código verificador para o criminoso.

Já o vereador Alex Chaves nos informou que possui várias proteções contra sites suspeitos e não abre mensagens duvidosas, no entanto também foi vítima de golpe. “Vários amigos começaram a ligar para perguntar se era verdade que eu estava precisando de ajuda e enviaram “prints” das conversas com a minha foto que eu uso no WhatsApp, daí eu vi que era golpe”, disse. O golpista pediu dinheiro para amigos e familiares de Chaves e quando algum deles tentava fazer uma ligação por voz e vídeo o criminoso se recusava a atender. O vereador registrou o boletim de ocorrência para resguardo dele, da família e dos contatos. “Fiquei muito preocupado, quase que amigos perdem dinheiro na boa fé pensando ser eu. Fiquei triste também por ver atitude tão covarde para enganar as pessoas”, revelou.

 

Orientações

 “O primeiro passo é fazer uma denúncia para o suporte do WhatsApp pelo e-mail support@whatsapp.com, informando o ocorrido. Depois disso comunique parentes, amigos por telefone e redes sociais, deixando o máximo de pessoas em alerta, caso o golpista entre em contato com elas e também faça o registro do boletim de ocorrência, que pode ser feito online”, instruiu o delegado Garbelini. E continuou “nunca passe o código verificador que enviam via SMS e se receber algum pedido de dinheiro emprestado, nunca deposite o valor, desconfie. Entre em contato por telefone com a pessoa que enviou a mensagem, para verificar a autenticidade”, destacou.

 

Crime cibernético

Os golpes praticados pelo WhatsApp se enquadram em crimes cibernéticos como estelionato, praticados com o uso de dispositivos eletrônicos como celulares, computadores e tablets. De acordo com a  Lei 14.155/2021 há reclusão de um a quatro anos, e multa, aumentando-se a pena de um terço a dois terços se a invasão resultar em prejuízo econômico.

Já se a invasão provocar obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido, a pena será de reclusão de dois a cinco anos e multa.

Na pena de reclusão, o regime de cumprimento pode ser fechado. Já a detenção é aplicada para condenações mais leves e não admite que o início do cumprimento seja no regime fechado.

 

Confirmação em duas etapas

 No WhatsApp você pode habilitar o seu celular em duas etapas para garantir maior segurança do seu aplicativo de mensagens. Para isto abra seu WhatsApp e vá até Configurações (Android) ou Ajustes (iOS), depois clique em Conta, Confirmação em duas etapas e Ativar. Será solicitado que você insira um código PIN com seis números, que será solicitado sempre que abrir o aplicativo em seu próprio celular, ou quando for utilizar o ‘App’ em outro aparelho. Nunca compartilhe o número PIN com terceiros, pois ele é pessoal e intransferível.

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