O hospital que atende pessoas com problemas mentais está interditado há dois meses e não há previsão de quando voltará a funcionar
Interditado há dois meses pela Vigilância Sanitária e sem previsão de quando voltará a funcionar, o Hospital Psiquiátrico de Maringá vive mais um dilema: sem receber os salários desde a interrupção das atividades, os funcionários dizem não ter mais como viver sem pagamento e ameaçam recorrer à Justiça do Trabalho.
Segundo os funcionários, que preferem não ser identificados, com a interdição o hospital não os demitiu porque alguns ainda precisavam continuar trabalhando, como pessoal de limpeza, vigilância e responsáveis pela manutenção. Além disso, vários internados continuaram ainda um tempo até que pudessem ser encaminhados para outras instituições ou para seus familiares. A diretoria preferiu não demitir, primeiro por falta de condições para pagar todos os acertos, segundo porque tinha a expectativa de reverter a interdição em poucos dias.
Os funcionários entenderam que mesmo sem trabalhar eles têm direito ao pagamento ou pelo menos um porcentual do que receberiam trabalhando normalmente, porém, além de não receberem o mês de agosto, não há expectativa de receber setembro.
A diretoria do hospital tem sido procurada pela imprensa para uma resposta sobre a questão dos pagamentos em atraso, mas ainda não houve resposta.
Licença vencida
A prefeitura informou que o Hospital Psiquiátrico de Maringá foi interditado por estar com licença vencida desde abril e outros problemas. O município esclareceu que solicitou da direção do hospital um plano de trabalho para melhorias na estrutura e no atendimento, porém o plano não teria sido cumprido.
Abraço no hospital
Por iniciativa da Casa do Voluntário, familiares de pessoas com doenças mentais, voluntários e funcionários da instituição fizeram uma reunião na frente do hospital, quando familiares falaram dos problemas causados às famílias com o fechamento do Hospital Psiquiátrico.
“Há pais e mães idosos sendo espancados em casa durante surtos psicóticos de filhos e não têm nada a fazer, pois com o hospital fechado não têm a quem recorrer”, disse o servidor público Jurandir Pereira. “O filho quebra tudo em casa, agride os pais não é por sem-vergonhice, não é por ser uma pessoal má, mas porque é doente e precisa ser tratado. Há centenas de pessoas vivendo esse drama”, disse.
O voluntário Vandré Fernando, que foi conselheiro tutelar, disse conhecer bem a qualidade dos serviços oferecidos pelo Hospital Psiquiátrico de Maringá e a importância que tem no atendimento a jovens – muitos deles menores de idade – com quadro de doença mental e a pessoas que estejam buscando ajuda para superar problemas com álcool e ou drogas. “Não dá para entender a quem interessa o fechamento do Hospital Psiquiátrico. Se a Vigilância [Sanitária] encontrou problemas, que notifique para que a diretoria tome providência, resolva o problema. Fechar não é solução, é falta de sensibilidade de pessoas que não conseguem se colocar no lgar de quem precisa do hospital e seus familiares”.