HQ aborda preconceito e ancestralidade nipônica

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Publicado originalmente de maneira independente pelo jornalista, produtor cultural e roteirista Ricardo Tayra, “Amarelo Seletivo” saiu em 2024 na “HQ para Todos”, uma coleção de gibis bons e baratos da editora Conrad. Costuma ter as opções em edição digital e impressa.

Em resumo, a trama desse quadrinho traz o menino André, um garoto brasileiro, neto de japoneses, que está aprendendo a lidar com o preconceito que sofre por sua origem. O título da HQ remete à condição de “amarelo”, ou seja, de alguém com ancestrais nipônicos. E isso vem com toda uma carga pejorativa e de tradição. Grande peso para uma criança.

A arte aquarelada da artista visual, quadrinista, roteirista, desenhista e ilustradora TalessaK tem ritmo, dinamismo, humor e dramaticidade. Assim como o roteirista, que é “sansei” (neto de japoneses), a desenhista tem ligação com a cultura oriental, pois é “yonsei” (bisneta de japoneses). Não que isso seja imprescindível para entender a narrativa, mas é um fato que talvez possa gerar identificação.

Não à toa, na “Palavra do Autor”, paratexto ao final da edição, Tayra conta que, quando era criança, não queira ser tratado como japonês e fugia de tudo que remetesse à sua cultura ancestral. “Só com o passar dos anos fui percebendo as marcas do preconceito cotidiano (às vezes visto como ‘brincadeira’), bem como passei a valorizar a identificação e a representatividade”, escreve.

É uma situação semelhante vivida pelo personagem André em “Amarelo Seletivo”. Mas, claro, em outra chave, pois se trata de uma narrativa ficcional. O jovenzinho é perseguido na escola e chamado de “japonês”, mesmo tendo nascido no Brasil e não ter o tradicional “nome oriental”.

André precisa lidar com o preconceito e entender a importância de suas raízes nipônicas. Até que, ao final do quadrinho, vem aquele insight que clareia tudo com uma luz… amarela.

Segundo o roteirista, “Amarelo Seletivo” nasceu do desejo de homenagear a terra dos seus antepassados e de compartilhar situações vividas. É seu primeiro quadrinho autoral.

Deu tão certo que essa HQ foi vencedora do 16th Japan International Manga Award | categoria Bronze, premiação internacional promovida pelo Ministério de Negócios Estrangeiros do Japão, voltada a mangás produzidos fora do país.

“Essa é a leitura perfeita para quem busca representatividade amarela, especialmente sobre imigração e ancestralidade japonesas. Também agradará aos fãs de mangás”, diz a Conrad, em material de divulgação.

Origem
“Amarelo Seletivo” foi publicada originalmente como uma revista independente, edição de seu próprio autor, a primeira do selo SaposVoadores Quadrinhos.

A impressão foi viabilizada por meio de campanhas de financiamento coletivo, com mais de 350 apoiadoras e apoiadores.

A HQ ganhou novas edições pela Conrad Editora: uma versão digital e uma impressa, em formato maior (formato “americano”), na HQ para Todos.

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Autores
Ricardo Tayra já roteirizou para o Instituto dos Quadrinhos e escreveu para publicações sobre quadrinhos e cultura pop, como o site Universo HQ. Pelo Itaú Cultural, atuou na curadoria e produção executiva de programações sobre HQs, como a feira Banca de Quadrinistas, a série Caminhos da HQ e as exposições do programa Ocupação que homenagearam Laerte, Angeli e Glauco (vencedoras do Troféu HQ Mix). Estudou roteiro e HQs com Lourenço Mutarelli e Klebs Junior e edição de quadrinhos com Sidney Gusman, Cassius Medauar e Guilherme Kroll.

TalessaK produz publicações infantis, animações clássicas e histórias em quadrinhos. Seu curta de animação independente Yayá integra o acervo da Casa de Dona Yayá (CPC-USP). Autora de HQs independentes como: Ira dos Ventos, Sobre Trilhos, Cinco Vermelhos, Minski e Deimos e Phobos (indicada ao Troféu HQMIX 2021, categoria Publicação Independente – Edição Única). Participou também de diversos eventos e também coletâneas, como Gibi de Menininha (Zarabatana), vencedora do Troféu HQMIX – Publicação Mix.

O que é
Em seu Ano 2, “HQ para Todos” se mantém como um projeto da Conrad de quadrinhos baratos, custando entre R$ 9,9 e R$ 16,9, visando fomentar a leitura com uma linha de publicações a preços acessíveis para leitores iniciantes e também para os já colecionadores.

Ao longo da coleção, passaram obras de quadrinistas como Laerte, Bianca Pinheiro, José Aguiar, Aimée de Jongh, Rafael Calça, Jefferson Costa, André Diniz, Gabriela Güllich, entre outros.

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Serviço
A versão impressa de “Amarelo Seletivo” tem 32 páginas coloridas, com extras exclusivos para a edição de “HQ para Todos”. Com acabamento em capa cartão grampeada e dimensões 17 x 24 cm, o título pode ser comprado a R$ 14,90.

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