Livro de Izabela Bombo é convite para abrir as ‘caixas’ e enxergar sobre si mesmo

Livro se aproxima de uma simpática caixinha (Crédito: Cristiano Martinez)

Nascido de um poema que foi guardado na gaveta, o primeiro livro solo da artista visual e arquiteta Izabela Bombo desencaixotou/encaixotou para ganhar ilustrações e o mundo, numa intersecção verbo/imagem, eu/nós. Não à toa, foi batizado de “[em] caixa” em projeto gráfico no formato de uma simpática caixinha.

Os leitores e leitoras poderão conhecer a aventura solo de Iza (e abrir a obra) nesta sexta-feira, 12 de julho, às 19h, no Centro de Ação Cultural Márcia Costa (CAC), em Maringá.

Em conversa com a reportagem, a autora recorda que a gênese do projeto se deu na pandemia de Covid-19, quando precisou expressar seus sentimentos por meio de palavras. “Foi um momento de muitas mudanças. E esse poema foi algo que surgiu muito naturalmente. Eu não sou escritora”, explicando que a escrita não é um trabalho que faz parte de seu dia a dia profissional.

Ela conta que passava por alguns processos, com mudança interior e de casa. Aliás, era uma vida cheia de caixas: de livros, discos, filmes. “Minha casa é cheia de caixas. Vendo esse processo de muitas caixas e eu mudando, não só interior, mas fisicamente, e remexendo em tudo, nas minhas coisas, veio o poema e veio essa inspiração para as ilustrações”.

Na verdade, o texto ficou guardado, quase que numa caixa, metaforicamente falando. Essa associação cai como uma luva, pois se trata de uma analogia com o ato de guardar caixas de si mesma. “Guardar o que é meu, para encaixar de outras pessoas”.

Assim, a autora fez uma série de ilustrações e levou para uma feira, onde costuma comercializar seu trabalho com quadrinhos, prints e ilustrações. “E foi lá que surgiu essa primeira vontade de fazer um livro. Eu tive um retorno muito bacana das pessoas que visitaram a feira e viram as ilustrações”. Mais do que isso, essa reação provou que aquilo também encontrava eco no público, principalmente feminino.

Ideia do livro
A partir dessa feira, a artista ficou com aquela vontade de fazer o livro e o Prêmio Aniceto Matti era um sonho antigo de concorrer. Inscreveu a proposta de publicação no edital com foco na questão de gênero, abrindo para o olhar das mulheres, para que outras pessoas também possam se identificar e se enxergarem nesse livro, pondo para fora os sentimentos guardados.

Exemplificando, Iza cita as mães que abrem mão de seus sentimentos para cuidar dos filhos ou das esposas que põem o desejo em segundo plano para viver uma relação. “O livro desperta esse enxergar sobre si mesmo”.

“No livro, eu retrato muito uma questão pessoal, foi algo bem autobiográfico. De perceber eu me colocando numa posição de secundarização dos meus próprios desejos, dos meus próprios sonhos, colocando em segundo plano frente aos interesses de outras pessoas. É algo da gente meio que se apagar, apagar vontades, desejos, para atender ao que as outras pessoas esperam, as expectativas de outras pessoas”.

Nesse sentido, o livro serve para que mais pessoas se identifiquem e possam perceber se guardam os sentimentos em prol de outros. Em resumo, se vivem com as emoções guardadas em caixas.

Autora conversou com a reportagem no estúdio do jornal (Crédito: Cristiano Martinez)

Projeto gráfico
Todo o projeto gráfico de “[em] caixa” é uma produção autoral de Izabela Bombo, ou seja, fruto de seu trabalho como ilustradora e designer.

Inclusive, ela encontrou uma gráfica que entende e aceitou todas as exigências necessárias para que a forma do livro pudesse representar o sentido, as ideias. Inclusive, a capa e a quarta capa têm uma textura no material que se aproxima de uma caixa de papelão. “Que ele realmente parecesse uma caixinha, que tem muita coisa dentro”, diz a autora, deixando no ar o suspense quanto ao conteúdo, que poderá surpreender o leitor e a leitora.

Distribuição gratuita
O livro será distribuído gratuitamente e toda sua execução foi possível com verba de Incentivo à Cultura pela Lei Municipal de Maringá n°11200/2020, Prêmio Aniceto Matti, concedida pela Secretaria de Cultura e Prefeitura de Maringá.

Carreira
Izabela Bombo é graduada (2016) e mestre (2019) em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e atua como artista independente desde 2011. Suas produções concentram-se nas áreas de ilustração e comunicação visual, permeando abordagens distintas, desde identidade, cotidiano, política, gênero até cultura pop.

Em 2023, Bombo teve sua primeira experiência ilustrando um livro infantojuvenil com “INGÁ, a menina-canção”, obra de Nathan Milléo Gualda.

Serviço
O lançamento de “[em] caixa” será nesta sexta-feira, 12 de julho, às 19h, no CAC (Av. XV de Novembro, 514, Zona 01, Maringá). Haverá distribuição gratuita do livro e conversa com a autora mediada por Zuleika Bueno. Classificação: Livre.

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