Os vereadores de Maringá aprovaram por unanimidade, em primeira votação, o projeto de autoria de Sidnei Telles (Avante) que cria no município a Semana de Sensibilização a Perda Gestacional, Neonatal e Infantil, que leva as secretarias municipais de Saúde e da Mulher a criarem políticas públicas para apoiar mães que tiveram a gestação interrompida ou mesmo perderam filho recém-nascido.
A semana de sensibilização, com amplo trabalho de divulgação e palestras, acontecerá anualmente em meados de outubro.
Perda é mais comum do que parece
Segundo Telles, a interrupção de gravidez é muito mais comum do que parece. “Estudos apontam que cerca de 20% das mulheres em algum momento têm a gravidez interrompida ou perde um filho que já nasceu”, disse o vereador. O número é alto, significa uma em cada cinco mulheres, ou seja, não há família em que perdas deste tipo não tenham acontecido.
Os demais vereadores mostraram que o índice é real, pois casos já ocorreram em suas famílias e mesmo com eles.
Pais para Sempre, um apoio às mamães enlutadas
Antes da votação, os vereadores ouviram a psicóloga Gislaine Aparecida Marquesone Moquiuti, convidada por Sidnei Telles e idealizadora do Grupo Pais para Sempre. Ela falou sobre o trabalho realizado pelo grupo de apoio ao luto por perda gestacional, neonatal e infantil.
Gislaine contou que, como mãe e profissional de saúde, que viveu a perda de um primeiro filho com 8 semanas de gestação, se sentiu inquieta com o descaso de alguns profissionais. “Muito me inquietou o descaso de alguns profissionais e também como a sociedade não autoriza a vivencia de um luto. A maternidade é um processo transformador na vida de uma mulher e não é diferente quando a perda acontece.”
A psicóloga informou que o grupo surgiu em maio de 2021 e tem como objetivo proporcionar um espaço de expressão e reconhecimento da maternidade das “mães de anjos”. “No grupo, acolhemos as histórias dessas mães e de seus filhos e contribuímos com o processo de adaptação, de ressignificação da vida após a partida de um filho.”
Segundo Gislaine, outubro é mês internacional da conscientização e sensibilização pelas perdas gestacionais, neonatais e infantis. “Essa sensibilização precisa ser compreendida como política pública. A insensibilidade, a falta de empatia, a ausência de protocolos adequados nas instituições tornam a vivencia destas famílias ainda mais dolorosas, levando a impactos na saúde mental, física e nas relações sociais.”