Continua até sábado, 31, na Santa Casa de Maringá, a exposição de pinturas do artista plástico Mácio Nalon, que começou a pintar depois de ter ficado tetraplégico. E a exposição acontece em um local que faz parte da vida e das memórias do artista: ele era funcionário da Santa Casa, que foi também o local em que passou internado longo tempo após o acidente que limitou seus movimentos.
Aos 45 anos, Nalon cria pinturas a partir de fotos, desenhos e gravuras que encontra na internet. O dom foi descoberto e lapidado depois que ele se viu preso a uma cama por conta de uma tetraplegia que faz parte de sua vida desde o Natal de 1998. O acidente aconteceu quando ele tinha 19 anos.
Foi um simples mergulho na piscina que transformou a vida de Márcio. Depois de um plantão de Natal na lavanderia do hospital, durante um momento de descontração em família ele sofreu o acidente que ocasionou a tetraplegia. Depois de dias sem consciência e meses de internação, Márcio se viu de volta à própria casa sem saber o que fazer.
“Logo quando tive alta do hospital, em casa deitado 24 horas na cama, olhando para o teto, sem nenhum movimento, surgiu a ideia de desenhar. Comecei ampliando desenhos de figurinhas para a cartolina. Foram dias desenhando. Como não tinha força, desenhava com traços fracos e um amigo passava giz de cera por cima”, lembra.
Um vizinho percebeu o talento de Márcio, contou que tinha uma madrinha que pintava telas e perguntou se ele tinha interesse em aprender. Márcio aceitou e a partir dali começava uma história de arte.
“Minha primeira tela era pequena e foi uma paisagem de mar. Um amigo a viu e levou para a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI) de Sarandi. A presidente da instituição na época me convidou para fazer aulas de pintura e fui desenvolvendo minha técnica”, relata Márcio.
Dificuldades são muitas na vida de Márcio Nalon
Por estar tetraplégico, Márcio conta com a ajuda da mãe para pegar os materiais, posicionar a tela, além dos cuidados do dia a dia. Atualmente, a produção das telas garante parte da renda que sustenta a casa. Ele divulga o próprio trabalho nas redes sociais e do ‘boca a boca’ dos clientes. O artista já atendeu pedidos de todo o Brasil e até dos Estados Unidos.
Mesmo já tendo enfrentado uma depressão profunda, não escutar e precisar fazer hemodiálise três vezes por semana por causa de uma anemia crônica, Márcio Nalon não desanima. Por cerca de dez anos deu aulas de pintura na APMI e na Apae de Sarandi, além de aulas particulares. Já fez exposições em Maringá, palestras na região e participou de uma exposição na Europa.
“Meu sonho é comprar uma casa e ter uma condição melhor. Não reclamo e sou muito grato a Deus. Hoje só quero trabalhar e mostrar que um tetraplégico e pessoas com algum tipo de deficiência podem trabalhar. Nada é impossível”, conclui.
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