A Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher, carinhosamente conhecida como ONG Maria do Ingá, será homenageada na noite desta quinta-feira, 31, com o Prêmio Dorcelina Folador como reconhecimento pelo trabalho que realiza no combate à discriminação social, sexual e racial e prevenção à violência contra a mulher.
O prêmio é outorgado pela prefeitura de Maringá desde 2003 e a escolha do homenageado em cada ano é feita pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, Conselho Municipal da Mulher de Maringá e da Comissão Extraordinária Permanente de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de Maringá.
A entrega do Prêmio Dorcelina Folador será feita hoje, último dia do Mês da Mulher, às 19h30, no Auditório Hélio Moreira, no Paço Municipal de Maringá. As mulheres e colaboradores da ong Maria do Ingá também estarão presentes. A solenidade é aberta a todos os interessados.
Pandemia fez a ONG se reinventar
Já são 21 anos que a Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher atua na luta pela defesa dos direitos das mulheres. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, cujo objetivo central é formar e informar na área de direitos da mulher, pelo fim da violência contra a mulher e contra toda forma de discriminação. Para tanto, a ong realiza palestras, cursos e oficinas com as temáticas Lei Maria da Penha, Legislação Brasileira e as Mulheres, História das Mulheres, Saúde da Mulher, entre outras.
As integrantes da Maria do Ingá contribuem, de forma voluntária, com suas habilidades e conhecimentos para a realização dessas atividades.
A instituição tem representação no Conselho Municipal da Mulher de Maringá, no Conselho Municipal de Saúde, no Fórum Maringaense de Mulheres, no Conselho de Direitos LGBTQI+ e na Marcha Mundial das Mulheres.
Durante a pandemia, por não poder atuar em eventos presenciais, a entidade se reinventou e passou a utilizar as redes digitais como ferramenta para realização do trabalho, tanto por meio de lives mensais como pelas informações disponíveis nas suas redes (facebook, instagram e blog).
O que é o Prêmio Dorcelina Folador
O Prêmio Dorcelina Folador foi criado pela Câmara Municipal de Maringá em 2003, por iniciativa da vereadora Silvana Maria Ribeiro Borges, e em quase 20 anos homenageou mulheres e entidades, não levando em conta ideologia nem tendência partidária e sim o trabalho que realizam.
Entre alguns homenageados estão a Casa de Nazaré, a fundadora da Associação Indigenista de Maringá (Assindi), Darcy Dias, a professora Aracy Adorno Reis, Helena Carmen Bressan, fundadora do Lar Preservação da Vida, e outras pessoas e entidades.
Na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, também é outorgado um Prêmio Dorcelina Folador.
Quem foi Dorcelina Folador
Dorcelina Folador é o nome de um dos mais importantes assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Paraná, em Apucarana, que já recebeu até presidente da República. Em todo o Paraná e Mato Grosso do Sul há homenagens a essa mulher, cuja família mora em Maringá. Em Maringá há também um Centro de Educação Infantil (CMEI) cujo nome homenageia Dorcelina.
A história dela é contada em várias públicações, está na Wikipedia e em material da igreja católica.
Dorcelina nasceu em uma família de lavradores em Guaporema, cidade da região de Cianorte, a família morou também em Goioerê, mas a história da menina ganhou maior importância quando a família mudou-se para a região de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, divisa com o Paraná.
Começou a circular entre os grupos menos favorecidos da cidade e se tornou correspondente do jornal nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Mundo Novo, o Jornal dos Sem Terra, onde atuou por cinco anos, relatando os feitos do movimento e a repressão e perseguição da parte de políticos e fazendeiros da região.
Em outubro de 1996, elegeu-se prefeita de Mundo Novo pelo Partido dos Trabalhadores (PT), com cerca de 46% dos votos válidos.
Ela foi assassinada com seis tiros pelas costas no dia 30 de outubro de 1999, na varanda de sua casa. Segundo informações de veículos de imprensa da região, o assassinato de Dorcelina foi encomendado por um secretário municipal, acusado de contratar o pistoleiro que confessou o crime e disse que receberia R$ 35 mil pelo assassinato da prefeita.