Maringá: Projeto da Enfermagem ensina primeiros socorros a quase 20 mil participantes

Foto: ASC/UEM

Desde 2017, foram atendidas 19.925 pessoas, entre leigos e profissionais de Enfermagem de Maringá

As manobras básicas de primeiros socorros, quando aplicadas a tempo, podem salvar muitas vidas. Saber dessas manobras e procedimentos de emergência é necessário a todos, caso algo ocorra e seja necessário manter uma vítima viva até a chegada dos serviços de saúde. A situação pode ser diversa: um passeio escolar, uma aventura no campo, um acampamento no meio da floresta, situações desafiadoras e nas quais qualquer ação rápida pode fazer a diferença.

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O projeto de Extensão e Pesquisa “Urgência e Emergência em Enfermagem: Grupo de Treinamento” (UEENF), do Departamento de Enfermagem da UEM, já auxiliou quase 20 mil pessoas, entre leigos e profissionais da área, a realizarem manobras básicas de primeiros socorros (voltadas aos leigos) e, também, as mais complexas (voltadas a enfermeiros e futuros enfermeiros). A coordenação do projeto é das professoras Rafaely Sanches e Cremilde Trindade Radovanovic, do Departamento de Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde (CCS).

Segundo a professora, o projeto, que começou em 2017, iniciou devido a uma demanda básica de escolas, creches e locais públicos: ter pessoas habilitadas a agir em casos extremos, que necessitem de atenção rápida. Um disparador foi a Lei Lucas (Lei Federal nº 13,722/2018), que veio à tona após a morte do estudante Lucas Zamori de Souza, de 10 anos, vítima de um engasgo em uma excursão escolar no município de Cordeirópolis, interior de São Paulo. A partir desse incidente, escolas públicas e privadas de todo o País foram obrigadas a oferecer treinamentos com noções de primeiros socorros a professores e funcionários.

Ainda em 2017, o projeto começou pequeno: no início, eram somente dois simuladores de baixa fidelidade, utilizados para turmas de Enfermagem e leigos. De início, os alvos foram as comunidades escolares (devido ao impacto da Lei Lucas), mas a iniciativa se expandiu. Em 2022, o projeto passou a atender profissionais de Enfermagem formados, o que significou atender boa parte do contingente laboral de Maringá: enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde (UBS), de hospitais particulares, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), entre outros. “Já oferecemos cursos para caminhoneiros, pedreiros, lactantes de creches, profissionais de limpeza…”, enumera Rafaely. Cursos básicos e necessários para enfermeiros graduados, oferecidos gratuitamente pela UEM.

Hoje, o projeto cresceu e se multiplicou: são 35 envolvidos diretamente, entre estudantes de doutorado, mestrado e de Iniciação Científica (IC) da UEM, entre eles bolsistas, além dos leigos, que permanecem no projeto, ressaltando a sua característica inicial de capacitar pessoas comuns para lidar com situações que envolvem primeiros socorros.

No entanto, não são só os leigos que aprendem bastante durante as simulações. “Nós observamos, pela prática docente e técnica, que muitos estudantes aprendem a fazer essas manobras de suporte de vida, no caso dos profissionais de Enfermagem, durante o projeto”, ressaltou Rafaely. Neste ano, estudantes do 3º ano do curso de Enfermagem vão começar a receber o treinamento, que é feito no Laboratório de Simulação em Saúde e Desenvolvimento Tecnológico (LABSIMTEC), localizado no câmpus sede da UEM desde o fim de 2024. “O laboratório também foi uma conquista recente, viabilizada pela Reitoria em tratativas com o Governo do Estado, no fim do ano passado”, avaliou a professora Rafaely.

Alta fidelidade

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Recentemente, o LABSIMTEC recebeu uma verba avaliada em R$1 milhão para a compra de simuladores de baixa, média e alta fidelidade, destinados aos treinamentos dos envolvidos no projeto. No laboratório, os estudantes têm contato com simuladores de última geração, que oferecem sinais vitais (de respiração, pulso, entre outros) e até emitem sons como uma criança de verdade. “O nosso simulador pediátrico até fala”, emendou a pesquisadora.

No LABSIMTEC, há três cenários de simulação: uma residência, que simula uma “casa de avó”: além de um simulador cuidadosamente sentado numa cadeira, há uma série de objetos que ajudam a emular uma casa verdadeira. Ao lado, o segundo cenário: uma UTI Pediátrica, onde está deitado um simulador infantil. Todo o quarto também é preparado como se fosse uma Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica. Por fim, o terceiro cenário é uma UTI Adulto, que contém o outro simulador de alta fidelidade. “Aqui, os estudantes ouvem até os barulhinhos dos equipamentos da UTI para se preocuparem mais”, brincou a professora.

Entre as atrações, uma das que se destaca é o boneco Charlie, que é o simulador responsável pelos treinamentos de desengasgo (antes conhecida como “Manobra de Heimlich”). “Ele (o Charlie) costuma ir conosco nas escolas e empresas, junto de outros bonecos de baixa fidelidade”, explica a pesquisadora. Os simuladores de alta fidelidade, devido aos altos custos e à dificuldade de locomoção, ficam no laboratório para uso dos estudantes e participantes do projeto.

Em 2023, o projeto de Extensão e Pesquisa da UEM cumpriu o Objetivo 3 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e foi contemplado com a certificação ODS do Instituto ACIM. O Hospital Universitário da UEM deve receber, segundo Rafaely, um segundo cenário adulto, exclusivo para treinamento de profissionais do Hospital. A estimativa é que o cenário seja inaugurado em até três meses.

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