Em praticamente todos os municípios que formam o chamado Setentrião Paranaense ocorreu evolução no índice de alfabetização, ou seja, da proporção da população que sabe ler e escrever. Com base nos dados dos Censos de 2010 e 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a reportagem constatou quedas percentuais na taxa de analfabetismo.
Entre as cidades da região, Maringá é aquela com número menor de analfabetos. Somente 1,98%, conforme o levantamento demográfico de 2022. No período de 12 anos, entre os dois Censos, ocorreu uma queda de 1,12 pontos percentuais (pp) no universo maringaense, passando de 3,10% (em 2010) para 1,98% (2022).
Inclusive, a Cidade Canção tem a terceira melhor marca do Estado. Perde apenas para Curitiba e Quatro Pontes. A Capital do Estado tem 1,5% dos residentes com 15 anos ou mais que são analfabetos. O número também faz da cidade a segunda mais bem classificada no indicador entre aquelas com mais de 500 mil habitantes, atrás apenas de Florianópolis, onde a taxa é de 1,4%. A redução na Capital foi de 10,6 pontos percentuais.
Já Quatro Pontes, na região Oeste, é a vice-líder com 1,6% de analfabetos. Rio Negro, na região Sul, e Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, completam o top 5 dos municípios com melhores índices no Estado ambas com uma proporção de 2,2% de analfabetos entre a população. No total, são 16 municípios com índices inferiores a 2%. Completam a lista Londrina, Mallet, Nova Santa Rosa, Araucária, Pato Branco, Paranaguá, Piên, Fazenda Rio Grande, União da Vitória, São José dos Pinhais e Ponta Grossa.
Voltando ao Setentrião, as localidades mais bem posicionadas (depois de Maringá) são as seguintes, com menores taxas de analfabetos no Censo de 2022: Sarandi (4,08%), Marialva (4,46%). Mandaguaçu (4,85%) e Itaguajé (4,47%).
Do outro lado, as cidades com maior taxa de analfabetismo são: Nossa Senhora das Graças (9,01%), Uniflor (8,96%), Santa Inês (8,00%), São Jorge do Ivaí (7,46%), Ângulo (7,24%) e Paranacity (7,22%).
Avaliação
A visão da professora Leila Pessoa da Costa do Departamento de Teoria e Prática da Educação (DTP), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), bons índices de alfabetização e uma educação de qualidade estão intimamente relacionados às intervenções e políticas para melhoria da educação e, em especial para as questões que persistem na história da educação brasileira, entre elas a questão da alfabetização.
“Em Maringá, observamos um movimento que inclui não só as escolas, mas o poder público, o empresariado, a sociedade civil, as universidades e tantos outros parceiros, no desenvolvimento de projetos que possam atender a esse objetivo, motivo pelo qual, o índice de analfabetismo teve um declínio”, afirma, destacando que a Cidade Canção tem feito esforços e mantém um diálogo permanente com diferentes atores, como, por exemplo, o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), que agrega diferentes Câmaras Técnicas e as articula em prol do desenvolvimento da cidade e dos problemas que enfrenta, como o caso do analfabetismo.
Inclusive, conforme a docente, o Legislativo aprovou o Sistema Municipal de Educação, “o que promoverá uma maior autonomia para a gestão escolar e consequentemente nos problemas a ela afetos, como o caso da alfabetização”.
TAXA DE ANALFABETISMO – SETENTRIÃO PARANAENSE | |||
MUNICÍPIOS | CENSO 2010 | CENSO 2022 | DIFERENÇA DE PONTOS PERCENTUAIS |
Ângulo | 7,90% | 7,24% | 0,66 |
Astorga | 8,50% | 4,87% | 3,63 |
Atalaia | —– | —– | —– |
Colorado | 15,50% | 6,23% | 9,27 |
Doutor Camargo | 7,90% | 5,58% | 2,32 |
Floraí | 11,80% | 6,31% | 5,49 |
Floresta | 8,50% | 5,41% | 3,09 |
Flórida | —– | —– | —– |
Iguaraçu | 14,40% | 6,09% | 8,31 |
Itaguajé | 13,90% | 4,47% | 9,43 |
Itambé | 9,60% | 6,89% | 2,71 |
Ivatuba | 8,30% | 5,57% | 2,73 |
Lobato | 13,20% | 5,13% | 8,07 |
Mandaguaçu | 6,00% | 4,85% | 1,15 |
Mandaguari | 12,90% | 5,32% | 7,58 |
Marialva | 11,50% | 4,46% | 7,04 |
Maringá | 3,10% | 1,98% | 1,12 |
Munhoz de Melo | 10,50% | 6,97% | 3,53 |
N. S. das Graças | 12,50% | 9,01% | 3,49 |
Nova Esperança | 12,40% | 5,93% | 6,47 |
Ourizona | —– | —– | —– |
Paiçandu | —– | —– | —– |
Paranacity | 12,10% | 7,22% | 4,88 |
Pres. Castelo Branco | 7,20% | 5,24% | 1,96 |
Santa Fé | 11,90% | 6,23% | 5,67 |
Santa Inês | 8,90% | 8,00% | 0,90 |
Santo Inácio | 15,60% | 5,92% | 9,68 |
São Jorge do Ivaí | 10,20% | 7,46% | 2,74 |
Sarandi | 7,50% | 4,08% | 3,42 |
Uniflor | 10,00% | 8,96% | 1,04 |
Fonte: IBGE |
Maior variação positiva
Agora, em termos de maior variação positiva de desempenho ninguém supera Santo Inácio na região, com queda no alfabetismo de 9,68 pp, no intervalo de 12 anos entre a realização dos dois levantamentos censitários do IBGE. Esse município teve queda de 15,60% para 5,92%.
Em seguida, vem Itaguajé, com baixa de 9,43 pp; Colorado (9,27 pp); Iguaraçu (8,31 pp); e Lobato (8,07 pp).
No Paraná, o município que mais melhorou o seu desempenho em alfabetização foi Coronel Vivida, no Sudoeste, que registrou uma queda de 13 pontos percentuais no intervalo de 12 anos, caindo de 17,5% para 4,5% de analfabetos.
As outras maiores quedas aconteceram em Quatro Pontes (de 13,8% para 1,6%), Itapejara d’Oeste (de 17,4% para 5,3%), Rio Negro (de 14,1% para 2,2%) e Londrina (de 14,7% para 2,8%).
São doze cidades com quedas superiores a dez pontos percentuais entre 2010 e 2022. Completam a lista São João, Francisco Beltrão, Matelândia, Laranjeiras do Sul, Jaguariaíva, Araucária e Curitiba.
Estado
A proporção da população que sabe ler e escrever aumentou em 270 dos 399 municípios do Paraná entre 2010 e 2022, anos em que foram realizados os mais recentes recenseamentos demográfico do IBGE.
Os dados mais recentes do estudo comprovam a melhoria do índice em 68% das cidades, fazendo com que a proporção de analfabetos no Estado alcançasse a mínima histórica, caindo de 6,3% para 4,3% no período analisado.
Com colaboração de Gabriel Tazinasso