Paciente precisa tanto de atenção quanto de remédio, diz doutora Delfina

Delfina

A médica Delfina Azevedo Salem em sua sala de trabalho no postinho do UniCesumar Foto: Pedro

Em Maringá, quando alguém fala de médicos que se entregam de corpo e alma para que o paciente sinta-se bem, normalmente aparecem citações como “aquela médica portuguesa”, “aquela médica do postinho do São Silvestre”, isto quando a pessoa não se lembra do nome ‘daquela médica’, a doutora Maria Delfina. As pessoas podem não lembrar o nome, mas jamais se esquecerão da atenção, do carinho, do tratamento que receberam em um momento de dor.

A doutora Maria Delfina Ferro Azevedo Salem há 12 anos é Médica da Família no posto de saúde do Jardim Aclimação, instalado dentro do campus do Centro Universitário UniCesumar, onde atende pessoas do Aclimação, Vila Rica, Zona Oito, Jardim Santa Mônica, Jardim Santa Rita, Parque Residencial Anchieta e uma boa parte dos moradores da Vila Bosque. Mas, ainda é lembrada pelo trabalho que realizou na Unidade Básica de Saúde do Jardim Silvestre.

Mas, que ninguém irrite a doutora dizendo que ela é calma ou paciente. Ela prefere que digam que é atenciosa. “Quando escolhi a Medicina, o objetivo era curar as dores do ser humano, mas a dor nem sempre é só física, muitas vezes o que o paciente precisa é de atenção, de alguém que lhe dê ouvidos. Gosto de olhar no olho, que o paciente sinta que estou ali para ajudar, não só para dar remédio ou pedir exame. Assim, ele vai se sentir amparado e pode falar o que não disse antes porque ninguém perguntou”.

Foi assim que cresceu a fama de médica atenciosa. “No posto de saúde não fazemos atendimento de urgência, então podemos dedicar tempo ao paciente”, diz Maria Delfina, que acha que muito de seu estilo de trabalho vem dos tempos em que trabalhou no interior do Mato Grosso do Sul, onde havia todo tipo de carência, falta de estrutura, não tinha nem telefone. “Aquela situação foi importante para mim, como médica, para que eu me aproximasse mais das pessoas, eram casos em que a atenção era tão importante quanto o remédio”.

Como integrante da equipe Médico da Família, com especialidade em Medicina de Família e Comunidade (MFC), a doutora Maria Delfina se acostumou a conhecer de fato seus pacientes, como vivem, o que precisam, o que muda de uma consulta para outra. Normalmente o médico da família acompanha as pessoas ao longo da vida, assim, na medida em que o tempo vai, vai sendo criada uma intimidade entre médico e paciente e se o profissional for atencioso, vai conquistar a confiança de seu paciente e virar um amigo de fato. A relação médico-paciente é construída ao longo dos anos.

 

Amor além-mar

Atenção à saúde não é nenhuma novidade na casa da doutora Maria Delfina. Além dela e do marido, dois dos filhos também são da área da saúde. São dentistas. Outros dois são engenheiros mecatrônicos.

Delfina e o marido, o doutor  Abdul Salem, se conheceram na década de 1970, quando ambos estudavam Medicina na Universidade de Coimbra, em Portugal, uma instituição de quase 750 anos. Ela portuguesa, ele brasileiro de família libanesa, namoraram, casaram e, quando se formaram, em 1979, vieram para o Brasil. Foram morar no Mato Grosso do Sul, onde ambos aprenderam na marra como praticar a Medicina de qualidade com o mínimo de recursos.

Com quase 45 anos de trabalho, Delfina diz não estar preocupada com aposentadoria e que continua aprendendo a cada dia, a cada consulta ou a cada visita à casa de um paciente. Aprende medicina e a se relacionar com as pessoas.

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