Músicos se reúnem para show coletivo na abertura do Mês da Música 2024 em Maringá

No palco, músicos foram o guia da Super Banda (Crédito: Cristiano Martinez)

Não um, mas cinco, seis guitarristas; sete, oito baixistas; quatro, cinco vocalistas; nove, dez bateristas. Dezenas deles. Todos juntos, na mesma nota. Verdadeiro coletivo musical. Transbordando o palco. Enfim, uma Super Banda.

E foi isso que o público de Maringá pôde acompanhar na noite deste domingo, 18, durante a abertura do Mês da Música 2024. O show da mega banda ocorreu na Travessa Jorge Amado, ao lado do Mercadão.

Em cima, no palco, músicos davam o tom e guiavam a Super Banda, espalhada embaixo, entre a plateia. Havia diversas baterias montadas nos famosos tapetes, amplificadores, cabos… enfim, toda uma parafernália de áudio e música, a serviço de acordes, riffs, melodias, harmonias, instrumentistas, festa.

A ideia do evento era reunir músicos e musicistas, tocando pela primeira vez juntos, passeando pelos hits do pop rock nacional e internacional. Rolou de tudo um pouco, terminando com “Que país é este?”, clássico do rock nacional imortalizado pela Legião Urbana. E com direito a bis.

Um dos integrantes da Super Banda era o restaurador Éder Curió, que é baterista há 32 anos; mas ficou uma década sem tocar. Por isso, ele aproveitou o show deste domingo para “desenferrujar” as baquetas. “Eu comecei com 8 anos a tocar bateria, amassando as panelas da minha mãe. Éramos muito pobres, não tinha condição de ter uma bateria”, disse à reportagem. Depois, ele foi parar em um orfanato e passou a frequentar a igreja, onde ficava observando os bateristas. “Eu ficava doido. Chegava em casa e começava a bater nas panelas do orfanato”.

Mais tarde, com 14 anos de idade, sua avó o tirou do orfanato e viu que Curió tinha o dom musical. Porém, sem condições financeiras de comprar uma bateria. Desse modo, o então jovem passou a trabalhar na rua para economizar e comprar seu primeiro instrumento. Tudo de maneira autodidata, com o “dom de Deus”, como costuma dizer o músico.

Após o hiato, Curió passou a tocar hoje em uma banda em Maringá com repertório dedicado aos anos de 1980. Agora, tem uma bateria profissional. “Comecei batendo numa lata e hoje tenho uma guerreira”, recordando que tentou se aventurar como vocalista de banda, mas seu caminho era mesmo entre pratos e bumbo.

Já a participação no Mês da Música foi uma iniciativa de sua esposa que o inscreveu para tocar no meio dos músicos, para o experiente baterista “tentar desenferrujar um pouco”, como ele mesmo diz.

Sem ensaio, somente com a banda no palco guiando os participantes, Curió se divertiu no evento e ainda emprestou sua bateria para jovens músicos, meninos mesmo, utilizarem o instrumento durante a Super Banda. “Nós temos de incentivar os novos, cara”.

Éder Curió era um dos bateristas da Super Banda (Crédito: Cristiano Martinez)

Com apenas 14 anos
Uma das jovens caras da Super Banda era Gabrielle Vitória Araújo Francisco, de apenas 14 anos de idade. Também baterista, ela estava próximo de músicos experientes como Curió e de outras musicistas. “Eu gosto da bateria, porque é um instrumento muito bom. Gostei desse dia, mesmo estando cansada e com a mão doendo. Eu gostei de participar”, afirmou logo após o final do show, enquanto ajudava seus pais a desmontar o instrumento.

Aliás, Gabrielle, com 7 anos de idade, começou a aprendeu com seu pai a tocar, na Cidade Canção. “Meu pai me ensinou tudo em casa. O resto, aprendi sozinha”, acrescentando que participa hoje de um projeto que promove o encontro de bandas. “Eu também vou e toco junto com eles”, diz a adolescente.

Sobre a Super Banda, ela contou que ficou sabendo por meio de seu pai do evento ao lado do Mercadão. Antes desse dia, Gabrielle se preparou e foi confiante para se integrar ao show do Mês da Música. Bastou chegar um pouco mais cedo para montar sua bateria e fazer a passagem de som.

Do set list, a jovem só não conhecia duas canções. Mas ela tirou de letra e acompanhou o restante da banda.

Gabrielle Vitória Araújo Francisco tem apenas 14 anos e toca há sete (Crédito: Cristiano Martinez)

Muito divertido
Professora, produtora e baixista de bandas como Little B and the Mojo Brothers e Venus Disorder na Cidade Canção, Natália Gimenes imprimiu energia e vibração a bordo de contrabaixo, em uma das pequenas “ilhas” de captadores e cabos, logo após as baterias.

À reportagem, ela destacou que, mesmo sem ensaios, todos vieram preparados para tocar na Super Banda. “O som estava legal. A comunicação entre a galera aqui, os baixistas, os bateristas, estava bem bacana. Uma energia muito boa, galera alto-astral. Foi uma noite muito divertida”, dizendo que ficou sabendo do evento no dia e tirou as músicas por volta de 16h. “E viemos para cá. Nos divertimos muito”, destacando a importância de eventos dessa natureza, ao reunir músicos e possibilitar a troca musical.

Ela é contrabaixista há dez anos, dá aulas e é uma das referências na cena musical maringaense, na avaliação da reportagem. “A gente contribui artisticamente tocando baixo”, resume Nat.

Natália Gimenes é baixista, produtora e professora (Crédito: Cristiano Martinez)

Programação e Monica Salmaso
A programação do Mês da Música ocorre durante este agosto, com atrações gratuitas em espaços públicos de Maringá.

O encerramento será dia 31 de agosto (sábado), com show de Monica Salmaso e Guinga no Teatro Calil Haddad.

Abaixo, confira mais registros do evento ocorrido no domingo (fotos: Cristiano Martinez):

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