Assessoria
Em dezembro de 2023 o NIC Vigarista estreou nos palcos, numa apresentação no SESC Cadeião, em Londrina, com o show “Turnê mundial NIC Vigarista”. O nome era uma óbvia ironia, pois os shows ainda estavam restritos à cidade onde a banda nasceu. Mas, até prova em contrário, Londrina ainda está localizada no mundo.
Oito meses depois a banda desembarca em Maringá, na Semana de Artes da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Agora o título megalomaníaco do show de estreia começa a ganhar sentido – 100 quilômetros de distância podem não ser nada para The Rolling Stones, mas para NIC Vigarista é uma volta ao mundo.
O show acontece nesta sexta-feira, 9, no estacionamento da Biblioteca Central (BCE), câmpus sede da UEM, a partir das 18 horas. O show que marca a primeira viagem da “turnê mundial” do Nic Vigarista encerra a Semana de Artes da UEM e é de graça.
A banda formada por André Azevedo (guitarra e voz), Beto Klein (baixo) e Fábio Silveira (bateria e camisa do Grêmio) se formou nos corredores do CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA), na Universidade Estadual de Londrina (UEL). O nome da banda escancara a origem: NIC é o código para o Departamento de Comunicação da UEL e para os cursos de graduação sob responsabilidade do Departamento: Jornalismo e Relações Públicas. Os três integrantes são professores do departamento.
O repertório da banda reflete esse espírito dos NICs: três professores universitários de meia idade, que vivem uma rotina entre aulas, supermercados e farmácias. O hit “ABNT”, que viralizou depois da postagem de uma aluna, inconformada com as agruras do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no primeiro semestre de 2024. Foram mais de 1,3 milhão de acessos no Instagram. A letra ironiza sobre as constantes mudanças nas normas que regulamentam a escrita de artigos acadêmicos e TCCs. A rotina acadêmica também aparece em “Eminente palestrinha” e “Treta de Departamento”, que dá título ao álbum lançado em março e que está disponível no spotify (https://open.spotify.com/intl-pt/album/2eRalvZExLhzxzNfRkOkcL?si=HWtdcYi4QxuS-3Y20ZXROA).
O tom de ironia (ou auto-ironia?) persiste em músicas como “Rivotril” (que mostra um consumidor impaciente e um tanto quanto hiponcondríaco com a lista de medicamentos, no balcão da farmácia) e “Zolpidem” (provavelmente o mesmo consumidor, depois do stress farmacêutico). O lado político, claramente anti-fascista aparece em músicas como “Tia fascista”, “Terrabolistas” e “No fundo bilionário é legal” se inspiram na distopia nossa de cada dia.
Todas as letras e músicas são de André Azevedo, que também é o “frontman” da banda. As músicas são precedidas por uma breve explicação de Fonseca, que mineiramente conta a “história” por trás de cada uma, sempre em tom bem humorado, o que faz com que os shows sejam uma espécie de sessão de descarrego, mas garantindo o direito de rir. Afinal, parafraseando um certo barbudo, “hay que desabafar, pero sin perder la piada jamás”.
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