O engenheiro civil Leandro Vanalli é o novo reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a advogada Gisele Mendes a nova vice-reitora. Os dois assumiram os respectivos cargos nesta segunda-feira, dando início à décima quarta gestão da UEM.
Representando o governador Carlos Massa Ratinho Junior, o superintendente geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, presidiu a cerimônia de posse e transmissão de cargo, que foi realizada nas dependências do Restaurante Universitário, com a presença de reitores e vice-reitores de universidades de todo o Paraná, autoridades acadêmicas e políticas de várias esferas federativas, autoridades eclesiásticas e militares, além de representantes de setores da sociedade civil.
Aldo Bona teceu elogios aos gestores que deixaram o cargo, os professores Julio César Damasceno e Ricardo Dias Silva, reitor e vice-reitor na gestão 2018-2022, e desejou sucesso à nova gestão.
Falou de um cenário mais favorável para as universidades estaduais do Paraná com a possibilidade de novos aportes de recursos e autonomia para realização de concurso público. Bona ainda destacou a UEM como referência, especialmente em pesquisa, no cenário estadual e nacional.
Quem são os novos gestores
Doutor em engenharia de estruturas, Leandro Vanalli ingressou na UEM 1991, atuando como contínuo por três anos. Graduou-se pela instituição em 1998 e então foi fazer mestrado pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado pela Universidade de São Paulo. Em 2006, voltou para a UEM na condição de docente vinculado ao Departamento de Tecnologia do Câmpus Regional de Umuarama, tendo registrado uma curta passagem pelo câmpus de Cidade Gaúcha, onde foi professor temporário. Como efetivo ocupou vários cargos administrativos: chefe do Departamento de Tecnologia, diretor e diretor-adjunto do Centro de Tecnologia, diretor-presidente da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico da UEM, entre outros.
Primeiro reitor originário de um câmpus regional da UEM, Vanalli salientou a crença em uma “força extraordinária naquilo que podemos chamar de ambiente coletivo” e expressou o desejo de imprimir, ao longo da gestão que se inicia, o sentimento de pertencimento e de orgulho em relação à UEM.
O novo reitor também destacou cinco pontos que serão os desafios para os próximos quatro anos: manutenção permanente dos canais de diálogo com as comunidades interna e externa; manter a liderança acadêmica de forma articulada com diferentes setores da sociedade; buscar criatividade e efetividade para construir soluções; valorização dos servidores, buscando melhores condições de trabalho; e aumento no número de alunos matriculados e egressos, valorizando as vagas públicas de ensino superior.
Gisele Mendes deixou a diretoria do Centro de Ciências Sociais Aplicadas para ser a vice-reitora da UEM e entrar para a história como a segunda mulher a assumir o cargo.
Bacharel e mestre em Direito pela UEM, ela é doutora e pós-doutora em Direito Penal, títulos obtidos pela Universidade de Saragoça, na Espanha. Também iniciou a carreira docente como professora temporária e, posteriormente, como professora efetiva do Departamento de Direito Público da UEM. Docente do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, desde 2010, ela coordena a especialização em Ciências Penais, tendo ocupado também vários cargos administrativos.
Em seu discurso de posse, falando já na condição de vice-reitora, ela entrelaçou sua própria história com a da UEM. Contou que no momento da escolha da instituição em que faria a graduação, seu pai teve um papel importante. Aprovada em primeiro lugar em três universidades públicas diferentes, foi o pai quem lhe disse para matricular-se na UEM que, nas palavras dele, era “a melhor do Paraná”.
Ela também destacou a importância da ciência como instrumento contra os “tristes véus do obscurantismo e a promessa de um futuro de respeito aos direitos humanos, para que as minorias da nossa população (mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência, indígenas) deixem de ser minorias em espaços de poder e se vejam representadas em cargos de liderança”
Afirmou que gostaria de ver uma universidade sempre em movimento, ativa e presente em todos os lugares e finalizou como uma frase de Lindon Johnson, ex-vice-presidente dos Estados Unidos que assumiu o enorme desafio de suceder o então presidente John Kennedy, morto em 1963. “Erros serão cometidos, mas a inércia não será um deles”. A frase, segundo a vice-reitora, é símbolo da nova gestão.
Fim de um ciclo
Dizendo que a festa desta segunda marcava o encerramento de um ciclo e início de outro, Julio César Damasceno deixou o cargo de reitor, falando da certeza de que a UEM continuará sendo grande com o trabalho da nova gestão. Lembrou os problemas enfrentados nos últimos quatro anos, marcados por uma avassaladora pandemia, falta de recursos e dificuldade de reposição de quadros. Mas também falou dos avanços em diferentes áreas. Agradeceu o trabalho de toda a equipe e as parcerias estabelecidas, que foram importantes na luta pela manutenção da UEM. Disse que a universidade pública, gratuita e de qualidade depende do olhar dos gestores públicos e dos laços criados em benefício da instituição.
O vice-reitor Ricardo Dias Silva, gestão 2018-2022, também expôs dificuldades, realizações e apoios recebidos. Lançando mão da metáfora de uma expedição em alto mar para falar da gestão, dividiu “a viagem” em três momentos: planejamento, realização e retorno. Encontrando-se no momento da “volta da expedição”, Dias Silva afirmou trazer na bagagem conquistas das quais muito se orgulha e que marcaram a gestão 2018-2022, a exemplo da aprovação das cotas raciais, a implantação da gratuidade na alimentação para estudantes carentes e outras ações que reforçam o papel social da UEM. Além da melhoria na infraestrutura, criação de novos cursos e estruturação de um robusto projeto de internacionalização.
“Ainda há muito a fazer, mas para isso teremos novos comandantes”, disse Dias Silva, expressando o desejo de que os novos gestores “naveguem por águas mais tranquilas”.
Entre as autoridades presentes na cerimônia de posse, estava o reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Miguel Sanches Neto, atual presidente da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (Apiesp). Ele falou da honra de estar no evento representando as sete instituições estaduais de ensino superior do Paraná. “Passar por uma universidade pública é uma experiência que modifica o indivíduo e o seu entorno. E cria quadros políticos extremamente valiosos para o pleno exercício da cidadania, que pressupõe o concerto de todas as vozes sociais”, afirmou ele. Falou também que “não existe nenhuma instituição tão democrática quanto a universidade pública, regida por colegiados, por conselhos e por uma participação ativa da comunidade”.
Para Sanches Neto, a própria cerimônia desta segunda-feira constituía um processo democrático, em que a UEM tem empossada uma nova reitoria, eleita por sua comunidade interna e reconhecida pelo governo estadual. E disse que “uma universidade pública, pelo seu processo sucessório, é construída por muitas pessoas ao longo do tempo, e que, portanto, não reflete um grupo, uma geração, um conjunto restrito de ideias. Construção coletiva e transgeracional, patrimônio de gerações às quais somamos os nossos nomes como gestores, elas são uma conquista regional”.
O prefeito de Maringá, Ulisses Maia, também esteve presente na solenidade e aproveitou o momento para destacar as inúmeras parcerias que o município mantém com a UEM.
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