Estão abertas as inscrições para participar das oficinas literárias do projeto “Escrevivências”, organizadas pelo Ateliê Culturama e viabilizadas pelo Prêmio Aniceto Matti. Serão três oficinas gratuitas de escrita criativa, que têm como objetivo formar leitores e, principalmente, escritores.
Com carga horária de 4 horas, as aulas acontecem nos dias 17, 18 e 25 de março e serão ministradas pelas professoras de Língua Portuguesa, Literatura e Redação Aline Rodrigues dos Santos e Maria Julia Werneck. Elas irão compartilhar técnicas de escrita e leitura e orientar a produção de narrativas literárias, por isso cada oficina disponibiliza apenas 10 vagas, totalizando 30 alunos.
Ao final do projeto os textos produzidos resultarão em um podcast coordenado pela compositora, professora e produtora musical Raquel Carreira.
Escrita que transforma
Escrevivência é um termo emprestado da escritora Conceição Evaristo. Segundo a consagrada autora, trata-se da escrita contaminada pela vida, mas não qualquer vida, a vida das minorias que podem fazer literatura por uma perspectiva inovadora, que denuncia a realidade ao mesmo tempo em que a transforma. Por isso, o projeto quer formar escritores cuja matéria-prima da escrita seja a própria vida.
O primeiro passo será realizar a leitura de trechos escolhidos de obras literárias consagradas, como “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo e “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, entre outras. Na sequência, os textos serão discutidos; as narrativas pessoais serão produzidas e corrigidas/orientadas pelas oficineiras, para só então darem início ao podcast que leva o nome do projeto.
Também haverá um momento do curso destinado à orientação sobre como proceder para se tornar uma escritora (o), falando sobre como trabalham as editoras, como funcionam concursos, como utilizar internet e redes sociais e projetos culturais municipais, estaduais e federais.
Segundo as organizadoras, a inspiração para este trabalho será a vida mais cotidiana dos maringaenses, vidas minoritárias, cujas realizações não estão registradas na história ou na literatura canônica. O público-alvo (a partir de 14 anos) é a diversidade de minorias existentes na cidade de Maringá, com foco também em alunos de escolas públicas. O projeto prevê a contratação de intérprete de Libras, caso seja necessário.
Para a professora Aline Rodrigues, “ler e escrever literatura proporcionam desenvolvimento da criatividade, aumento de vocabulário, produz conhecimento, humaniza, possibilita posicionamento crítico, enriquece social e culturalmente. Assim, o sujeito, que se encaixa em uma vivência de minoria, amplia sua visão de mundo e, pela contemplação de outras realidades, livra-se de preconceitos e, mais que isso, é imbuído de recursos criativos para (re) criar sua própria realidade. Por isso, o nome ‘escrevivências’, pois um dos objetivos aqui é a transformação efetiva de modos de vida que podem ser criados a partir das narrativas de si mesmo”.