A gravação do single “O mesmo” não é apenas mais um lançamento no mercado fonográfico paranaense. Representa toda uma história que começou em 1987, quando José Rogério Alves, o Roger, deu os primeiros passos no universo do rock and roll. Entre idas e vindas, de Londrina a Maringá (e vice-versa), ele conseguiu fazer o primeiro registro de uma canção autoral composta no distante ano de 1992.
Com produção do Estúdio London Fog e da banda Outras Faces, “O mesmo” ganhou o mundo em outubro deste ano. Ela foi gravada em setembro, com masterização a cargo de Osvaldo Gaion e Radamés Baccaro Massoni. É um rock básico e pop, no bom sentido, com arranjos de guitarra feitos por Roger, contrabaixo de Isaias Pereira dos Santos e bateria/backing vocal por Ivair. É a canção do refrão “Sou eu mesmo que te procura/Nos meus sonhos,/Quando a noite chega”.
“A gente está com mais nove [faixas] para montar um álbum do Outras Faces. Eu tenho 30 composições próprias”, conta Roger, que é vocalista e guitarrista do projeto. Ele se soma a Isaias, Ivair e Carlos Couto (guitarra/backing vocal), formando um quarteto roqueiro que aposta na mescla entre som autoral e covers nos shows feitos na ponte Londrina/Maringá.
Aliás, na “Londres paranaense” o Roger é conhecido por fazer um trabalho afinado de cover do repertório clássico do Barão Vermelho, um dos ícones da geração RockBR dos anos de 1980. É a banda que legou o poeta do rock Cazuza; o guitarrista Roberto Frejat; e o baterista Guto Goffi, entre outros.
Com o tempo e as mudanças de bandas, o músico londrinense, que morou na Cidade Canção, deixou adormecido seu lado compositor. Boa parte das canções que farão parte do primeiro álbum de estúdio do Outras Faces estão na gaveta desde os anos de 1990. Roger compôs até 2000, quando parou e foi se dedicar a vários projetos. “Depois que eu fizer esse primeiro álbum, minha ideia é voltar a fazer música novamente. Escrever música”, diz, em entrevista feita nos estúdios do jornal O Maringá.
As outras faixas do primeiro disco estão “no pente”, como diz o vocalista. Ou seja, em processo de ensaio e produção. O planejamento é divulgá-las mensalmente nas mídias sociais, até formar o álbum com lançamento previsto para o segundo semestre de 2025. “A ideia é gravar pelo menos duas músicas por mês”.
O material terá uma pegada mais pesada, com pitadas de blues. O nome provisório é “Pressa pra quê?”, retirado de uma das faixas. Segundo Roger, é uma letra com visão crítica sobre o comportamento, a velocidade das coisas de hoje. Tudo produzido e arranjado pelo quarteto.
Ao vivo
Antes da gravação em estúdio, “O mesmo” competiu no 1º Festival de Bandas Autorais de Maringá e Região, em concurso realizado em maio de 2024 no Teatro Reviver Magó pela Associação Cultural Rock do Paraná (ACRP), que é presidida por Ronaldo Marques.
O principal ponto positivo desse evento, na visão de Roger, é ter sido uma vitrine para artistas e bandas mostrarem seu trabalho. “As cidades deveriam fazer mais festivais de música para apoiar as bandas que estão querendo mostrar seu trabalho e não tem essa condição”, citando que, ao longo da história da música brasileira, vários artistas, então desconhecidos, se consagraram por meio daquele período famoso dos festivais na segunda metade do século 20.
“O pessoal da Associação Cultural Rock do Paraná, Ronaldo Marques e diretoria estão de parabéns. Esse é projeto é maravilhoso”, resume o músico londrinense com pé vermelho em Maringá.
Origens
Filho de um construtor e exímio músico sertanejo em Londrina, Roger se iniciou no rock and roll em pleno período de efervescência do gênero no Brasil em 1987, quando a geração de bandas como Barão Vermelho, Kid Abelha, Os Paralamas do Sucesso, Ira!, Titãs, Legião Urbana, entre tantas, dominavam as paradas de sucesso.
“Eu gostei do estilo e falei ‘vou aprender a tocar instrumento’. A partir do momento que vi as bandas tocarem em garagem, fui procurar uma escola de música”, recorda o guitarrista, dizendo que, em dois, três meses, já estava “arranhando” uma música em Londrina.
Segundo ele, é um dom que veio de berço, por causa de seu pai e tio que formaram a dupla de música caipira Amado e Amadinho. Apesar do estilo diferente, Roger foi incentivado pela família para seguir no rock. Seu pai era eclético e só não gostava de ouvir som desafinado. À época, ele interrompia os ensaios do filho para corrigir a afinação. Tinha ouvido absoluto.
“Mas eu gosto da música sertaneja. Ouço vários tipos de música. Mas eu peguei mesmo para trabalhar foi o rock”, explica o compositor do Outras Faces.
Serviço
O trabalho musical do Outras Faces pode ser escutado no Facebook de Roger (@roger.cover.1) e no Instagram da banda (@banda.outrasfaces).