População em situação de rua em Maringá aumenta 45% em quatro anos, mostra pesquisa do Observatório das Metrópoles

população em situação de rua

As maiores concentrações de moradores de rua ocorrem nas áreas de consumo de drogas, as chamadas cracolândias Foto: Reprodução

Em quatro anos, a população em situação de rua em Maringá aumenta 45%, colocando Maringá como uma das cidades brasileiras em que a quantidade de moradores de rua mais cresceu. Esse panorama é o que mostram os resultados iniciais de uma pesquisa realizada pelo Observatório das Metrópoles – Núcleo UEM/Maringá, vinculado à Universidade Estadual de Maringá (UEM), em parceria com o Centro POP, serviço da prefeitura destinado ao atendimento da população de rua.

O porcentual de crescimento apurado é em relação ao censo de 2019, o último realizado pelo Observatório das Metrópoles. Por quatro anos a pesquisa não foi feita devido às dificuldades impostas pela pandemia da covid-19, como a suspensão das atividades na Universidade Estadual de Maringá durante um ano inteiro e as recomendações para se evitar aglomerações.

Segundo os resultados preliminares, existem 656 pessoas em situação de rua na cidade. A última edição da pesquisa, realizada em 2019, indicou 452 pessoas vivendo nas ruas de Maringá. O aumento de 45% em quatro anos confirma uma tendência de crescimento do índice. Foram registradas 165 pessoas em situação de rua no município em 2016; em 2017, foram 222 pessoas; e em 2018, 357. A pesquisa é organizada desde 2015, e foi interrompida em 2020 devido à pandemia de Covid-19, sendo retomada neste ano.

Os dados foram apresentados oficialmente às autoridades municipais em reunião no Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política da População em Situação de Rua (Ciamp), sediado na Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Sasc). A professora do Departamento de Economia (DCO) da UEM e coordenadora da pesquisa, Marina Silva Cunha, detalhou a pesquisa.

Nesta edição, os pesquisadores utilizaram duas fontes de informação: uma base de dados com o número de beneficiários do Bolsa Família enquadrados na categoria Pessoas em Situação de Rua, em Maringá; e uma busca ativa, ou seja, a abordagem presencial de pessoas nas ruas e em instituições de acolhimento. Conforme a organização, 436 pessoas recebem o benefício do Bolsa Família na categoria delimitada. Além desses, foram identificadas outras 220 pessoas em situação de rua que não recebem o auxílio. A soma dos dois índices totalizou 656 moradores.

A busca ativa foi realizada no início de novembro por 50 pesquisadores, entre professores e alunos da graduação e pós-graduação de diversos cursos da UEM, e do Centro POP.

Pesquisa do Observatório das Metrópoles deixou de ser realizada quatro anos devido a pandemia da covid-19 Foto:0 Aldemir de Moraes

Os pesquisadores dividiram-se em equipes para entrevistar a população em situação de rua em sete diferentes zonas de Maringá. Além disso, foram visitadas 22 instituições de acolhimento. Ao todo, foram abordadas 436 pessoas em situação de rua, das quais 319 aceitaram responder ao questionário. Os resultados gerais da pesquisa serão apresentados em fevereiro de 2024, em Audiência Pública.

 

Observatório das Metrópoles

O Observatório das Metrópoles é um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) que trabalha com pesquisas e iniciativas sobre os desafios metropolitanos encontrados nas grandes aglomerações urbanas brasileiras. O grupo conta com mais de 400 pesquisadores, distribuídos nos 18 núcleos regionais da rede – entre eles, o de Maringá, sediado na UEM.

O Observatório das Metrópoles – Núcleo UEM/Maringá foi institucionalizado em 2005, vinculado ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) da Universidade. Em 18 anos de existência, o núcleo tem desenvolvido inúmeros projetos, pesquisas e intervenções junto ao poder público, no âmbito do desenvolvimento regional e metropolitano de Maringá.

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