Novo espetáculo teatral é criado por custodiados na Colônia Penal Industrial de Maringá

Presos criam nova peça teatral que será apresentada em toda a região

As primeiras encenações foram no complexo penal de Maringá Foto: Leonardo Oliveira

Nos últimos anos, os presos já criaram peças baseadas em clássicos de Dostoiévski e Tolstói que foram aplaudidas em vários teatros do Paraná

 

A Colônia Penal Industrial de Maringá (CPIM) encerrou a Semana Cultural com a estreia do espetáculo “O Dito Pelo Não Dito”, encenado por pessoas privadas de liberdade (PPL). A peça é uma livre adaptação que reúne contos populares, histórias mitológicas, canções folclóricas, apólogos, parlendas e poemas.

Minha Página AMP

A iniciativa integra o projeto Oficina das Artes, que utiliza a literatura e as artes cênicas como instrumentos de reintegração social. O trabalho de seleção de textos, criação do roteiro, montagem e ensaios foi realizado dentro da unidade, envolvendo diretamente os custodiados.

As apresentações ocorreram para os servidores da unidade e convidados externos. Entre os convidados que acompanharam a estreia estiveram o secretário de Cultura de Maringá, Tiago Valenciano; a chefe do Núcleo Regional de Educação, Isabel Cristina Domingues Soares Lopes; a religiosa Ruth Tesche, do Ministério da Prisão da Igreja Adventista; a defensora pública Adriana Teodoro Shinmi; além de representantes do Instituto Ambiental de Maringá (IAM).

O projeto de teatro nasceu em 2023, a partir de ações de incentivo à leitura. As primeiras montagens encenadas na CPIM foram baseadas em clássicos da literatura russa, como “Crime e Castigo”, de Fiódor Dostoiévski, e “A Morte de Ivan Ilitch”, de Liev Tolstói, que ultrapassaram os muros da penitenciária e chegaram a palcos de Maringá e festivais estaduais.

Em breve, o espetáculo também será apresentado em espaços culturais de Maringá e região, incluindo o Parque do Ingá, o Teatro Universitário de Maringá (TUM), bibliotecas públicas e a Festa Literária Internacional de Maringá (FLIM).

Segundo o coordenador da Regional da Polícia Penal do Paraná, Júlio César Franco, a prática teatral tem se mostrado um importante instrumento de transformação:
“O teatro está mostrando à comunidade as capacidades, a sensibilidade e a arte das pessoas privadas de liberdade. Esse trabalho representa não apenas cultura e expressão, mas também preparação para o retorno à sociedade de forma produtiva e digna.”

O diretor da CPIM, Silvino Molina de Sousa, também ressaltou o impacto da iniciativa:
“O teatro, mais do que uma arte, tem se mostrado uma ferramenta poderosa de escuta, expressão e reconexão com a própria história. Este projeto de reintegração nos ensinou que cada pessoa merece uma nova chance e que, por meio do palco, é possível resgatar a dignidade, reconstruir identidades e enxergar novos caminhos.”

A Oficina das Artes é fruto da parceria entre a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (SESP-PR), através da Polícia Penal do Paraná, com o Conselho da Comunidade de Execuções Penais da Comarca de Maringá (CCEPMA).

 

Veja também

Sair da versão mobile