O projeto idealizado pelas integrantes: Edileusa Moreno, Maria Rita dos Santos e Amália Bovolin foi criado oficialmente no dia 28 de janeiro de 2020, no salão comunitário da Vila Esperança, onde artesãs se reuniam uma vez ao mês para realizar oficinas de crochê, com o objetivo de produzir toucas para ajudar crianças e adolescentes que estão em tratamento contra o câncer.
Elas foram inspiradas no Projeto Touquinhas da Alegria de Brasília, onde a irmã de Amália, Antônia Bovolin de Medeiros é integrante. O projeto contagiou as maringaenses, que logo quiseram compartilhar todo o conhecimento adquirido com outras mulheres do bairro Vila Esperança.
E foi assim que Amália, que é aposentada e estava “meio sem rumo na vida”, juntamente com Edileusa, que infelizmente perdeu o filho Tiago Alves Moreno, 30 anos, para o câncer, e Maria Rita, professora de artesanato, se propuseram a criar o Projeto Touquinhas da Esperança, uma ação social sem nenhuma finalidade política, religiosa ou lucrativa, que utiliza o crochê como instrumento de terapia, amor, empatia e esperança. “O projeto possui dois focos: alegrar as integrantes, ao mesmo tempo em que tecem as toucas para as crianças poderem brincar”, disse Amália Bovolin.
No mês de março de 2020 as atividades presenciais tiveram que ser interrompidas, no entanto foi organizado um grupo whatsapp para combinar as ações para arrecadar as linhas e barbantes 100% algodão, quem iria produzir as toucas e para quem elas seriam destinadas. Segundo Amália, esse material foi escolhido devido ao entendimento das participantes sobre o câncer e outras doenças graves, que infelizmente acometem crianças e adolescentes independente da estação do ano. “É uma terapia para as mulheres que se reúnem para crochetar, papear, confraternizar e espantar as dores das vidas. Enquanto estamos nos reunindo nós tecemos touquinhas coloridas e enfeitadas de animais, monstros, super heróis, heroínas e outros temas que possam alegrar os pacientes em tratamento de câncer ou outras doenças graves, no desejo de dar esperança a elas”, revelou Amália.
Para Maria Rita dos Santos, o projeto é o maior remédio contra a depressão. “Eu sofri muito com isso e hoje, graças a Deus, vivo bem e posso também ensinar as pessoas e levar nosso projeto mais longe. Levar saúde mental para cada pessoa, para cada senhora que necessita de apoio, assim como algum dia eu necessitei. Esse é o remédio que eu indico para cada pessoa que está com tristeza, depressão, angustiada. É só entrar para o nosso grupo para ver como que as coisas melhoram, esse não precisa de medicina, farmácia, nem tarja preta, precisa apenas contar pontinho por pontinho, ocupando a mente, sem ter tempo pra pensar em mais nada”, disse Maria Rita. Assim como Maria Rita, a participante Fabiana Silva nos conta que cada ponto tecido e cada touca finalizada é um motivo a mais para viver, pois também passou por depressão: “Sofri muito com meu transtorno, eu era uma pessoa com pensamentos depressivos e depois que conheci o projeto estou sem tempo de pensar em nada ruim, e hoje tenho mais motivos para viver”, relatou.
“Para mim cada ponto e cada touca terminada é um motivo a mais para viver”., disse Edileusa Moreno, que também nos conta que o Touquinhas da Esperança lhe faz muito bem: “Tenho mais ânimo, convido pessoas pra entrar no grupo. É o melhor remédio fazer essas touquinhas, entregar e ver as pessoas que as recebem ficarem felizes”, confessou.
Atualmente o Touquinhas da Esperança está com 62 integrantes que participam conforme podem: umas doam materiais, outras tecem comprando os próprios materiais, e algumas ajudam na divulgação do projeto. Assim vão dando forma e continuidade da produção de toucas a quem necessita, de forma gratuita.
“Acreditamos que o artesanato, aqui em especial o crochê, auxilia a vida de muitas mulheres: as que se aposentaram; as que estão com o ninho vazio, porque os filhos bateram asas; as que se encontram sozinhas, deprimidas, ansiosas e as mulheres que simplesmente querem socializar com outras mulheres conversando, rindo e trocando experiências”, completou Amália Bovolin.
Entregas realizadas pelo Projeto Touquinhas da Esperança
Até o momento, já foram realizadas algumas entregas para várias instituições, entre elas: Rede Feminina de Combate ao câncer; Lar São Vicente; Projeto Fios e Ação; Hospital Universitário Regional de Maringá; Secretaria de Saúde da Prefeitura de Maringá; Setor de Oncologia do Hospital Santa Rita de Maringá; Clínica de Oncologia Doutora Gabriela; Obra do Berço e Hospital Metropolitano de Sarandi.
O desejo das idealizadoras do projeto Toquinhas é ver as obras do Hospital Infantil da Criança de Maringá finalizadas: “É o nosso desejo, para poder atender à demanda existente de crianças com câncer ou outras doenças na cidade e região. Enquanto isso não acontece, estaremos atendendo essas e outras instituições, e quem nos procurar”, ressaltou Amália. Segundo as organizadoras, o que elas mais querem é poder levar a essas crianças, amor carinho, esperança e principalmente a possibilidade de brincar e imaginar que tudo é possível.
Saiba mais
Segundo Maria Rita, as pessoas que gostam de fazer crochê fazem dele um instrumento de terapia e amor, usado também para distrair a mente, e a maioria crocheta todos os dias, sempre que sobra uma folguinha.
Para ser um voluntário, basta apenas querer participar, mas como não há fundo financeiro, em algumas vezes, as participantes terão que comprar o próprio material. Quando elas recebem doações, os materiais são comprados e distribuídos entre as integrantes que mais precisam. “Projetos vivem de doações e nós precisamos também, de restinhos de linha, lã, aproveitamos tudo. Com as lãs fazemos tranças, pompom, cabelos e com as linhas fazemos as bases”, explicou Amália.
O ponto de referência das artesãs do Projeto Touquinhas da Esperança é a Loja Edi Tecidos, das participantes Edileusa e Alzira Moreno. Lá as participantes deixam as linhas ou lãs para compartilhar com as demais, e também retiram os materiais, e onde entregam as toucas tecidas.
Endereço: Rua Vitória n° 574 na Vila Esperança – Maringá
Horário de atendimento: das 08h às 18h
Telefone: (44) 3263-1055
Para maiores dúvidas ligue para (44) 99942-1017