Ao mesmo tempo em que observa que os livros, que antes enchiam prateleiras nas casas, escritórios e bibliotecas, vão aos poucos dando lugar aos PDFs, Kindle e outros leitores digitais, os jornais, periódicos e revistas são substituídos por poderosos sites de notícias, o restaurador Edilson Francisco Oliveira, o Bêga, mantém a confiança de que terá serviço ainda por muitos anos. Afinal, os livros, revistas e documentos que lhes trazem para “renovação” foram impressos muitos anos antes de ele nascer, alguns são de épocas em que ainda não existiam Maringá e as demais cidades da região.
Bêga sempre mexeu com papel, aprendeu encadernação trrabalhando na antiga Encadernadora São Paulo, depois montou sua própria encadernadora, a Belas Artes, daí passou a dedicar-se também ao sebo, criando o Sebo Universitário, nas proximidades da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Foi lá que notou que muitos livros que chegavam ao sebo eram envelhecidos não só pela idade, mas também por falta de cuidado, infestação de ácaros e fungos, além dos ataques de traças.
Depois de recuperar algumas obras que pareciam perdidas, Bêga sentiu que aquele era um trabalho que lhe agradava, pois dependia do que ele tem sobra: paciência e zêlo. E decidiu se aprimorar na sua nova arte. Fez quatro cursos com restauradores respeitados, um deles no setor de restauração da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. A partir daí, além de paciência e zêlo, tinha também conhecimento, ferramentas adequadas e os produtos certos.
“A restauração é feita nos detalhes. O profissional precisa dominar a arte de exterminar fungos e ácaros sem danificar ainda mais o papel, fazer a limpeza com os produtos certos”, diz o restaurador, destacando que muitas vezes a recuperação de um livro, por exemplo, pode demorar dias.
Na bancada de trabalho de Edilson Bêga estão produtos químicos, materiais de PH nêutro, linha, agulhas, colas, uma pequena tipografia e prensa. Para neutralizar fungos e ácaros, ele usa o congelamento, mas parte do trabalho depende mais é do olhar atento, mão firme e paciência.
“Cada caso é um caso único. Não existe uma receita para todo o trabalho de restauração”, explica Bêga. “A gente começa pela observação, vendo tudo o que precisa ser feito, tomando nota e definindo por onde começar, o que deve ser feito primeiro, porque o trabalho de restauração não admite erros. Se a pessoa não estiver muito concentrada no serviço e não for criteriosa, pode acabar danificando o livro ou o que estiver restaurando”.
Higienização de bibliotecas, uma nova atividade
De qualquer forma, o valor cobrado para recuperar uma publicação é inferior ao trabalho que dá. O pequeno lucro vem da quantidade de restaurações que podem ser feitas ao mesmo tempo.
O ganho do restaurador pode vir também de outras atividades feitas concomitantemente. Bêga, por exemplo, é também encadernador. E ultimamente está iniciando uma nova atividade, que pode ser muito útil às biblitecas em residências e escritórios.
“Percebi que as pessoas não dispõem de tempo para cuidar de suas bibliotecas e por isso estou oferecendo meu trabalho e minha experiência para organizar e manter limpos seus livros”, diz Bêga. “Isso aumenta consideravelmente sua vida útil. É importante ressaltar que a própria limpeza pode danificar encadernações frágeis, que muitas vezes não resistem ao manuseio necessário para limpá-las. Nesse caso, é preciso bom senso, experiência e paciência para fazer o trabalho e atenção para detectar e eliminar agentes agressores”.
Quem precisar de alguém para organizar e cuidar de sua biblioteca, restaurar livros ou serviços de encadernação, pode entrar em contato com Edilson Oliveira, o Bêga, na Rua Tunas 446, no Parque Laranjeiras, ou pelo telefone (44) 99154-9865.